Em Acrelândia, a existência do Projeto SOS Quelônios do Rio Abunã vem contribuindo para mostrar que pequenas iniciativas podem fazer diferença para a biodiversidade na Amazônia, além de apontar caminhos diferentes para o manejo ambiental e inspirar a coletividade. O evento, mais que tudo, evidencia a importância que os tracajás têm na vida dos ribeirinhos, além de sua relação ecológica com o entorno.
Às margens do Rio Abunã, afluente do Rio Madeira, se localiza o seringal Porto Dias, na divisa entre a Bolívia e o Brasil. É lá onde se realizou a soltura simbólica de filhotes de tracajás e iaças.
Estiveram presentes ao evento alunos do curso de Gestão Ambiental da Uninorte, além de diversas autoridades e empresários locais, que foram seduzidos pelo projeto fundado por Abraão Kerdy. Atualmente, estão à frente do projeto a filha e o irmão do idealizador: Caroline e Roberto Kerdy.
De acordo com a presidente da Associação SOS Quelônios, Caroline Kerdy, o projeto SOS Quelônio surgiu de um antigo sonho de seu pai de preservar os tracajás, e o projeto vem alcançando o seu objetivo que é povoar os rios acreanos com a espécie, protegendo-a de extinção.
“O projeto começou com um sonho do meu pai de preservar os tracajás e hoje completamos treze anos de soltura nos rios. Neste ano, esperamos soltar mais de quatro mil tracajás no Acre. Hoje, quando descemos o Rio Abunã de voadeira já percebemos que o manancial está repovoado por tracajás e isso é a prova que o projeto vem dando certo”, enfatiza.
O prefeito de Acrelândia, Jonas Dales afirma que o evento faz parte da cultura do município e não pode acabar, opinião compartilhada pelo deputado estadual Jamyl Asfury (PEN), que assumiu o compromisso de buscar apoio para o projeto junto à Assembleia Legislativa do Acre (Aleac). De fato, a cada ano o tema vem sensibilizando mais parceiros em torno da preservação destas espécies características dos rios acreanos.
Com a prefeitura de Acrelândia, foi assinado, recentemente, um Termo de Cooperação Técnico-financeira. Enfocando a importância das parcerias, o secretário de Estado de Meio Ambiente, Edegard de Deus, parabenizou o esforço conjunto que está possibilitando a viabilização deste projeto voltado para a conservação da biodiversidade.
“Todos os envolvidos nesse projeto estão de parabéns. O governo do Acre, desde a gestão do ex-governador Jorge Viana, vem trabalhando com essa causa que tem a ver com a preservação do Meio Ambiente. E o projeto SOS Quelônios é a realidade alcançada durante esses anos de governo. Durante esse período também tivemos a contribuição do governador Tião Viana, que disponibilizou pessoal para trabalhar e manter o projeto”, conclui.
Através de parceiros como o Ibama, Imac, Sema, Seaprof e, recentemente, a prefeitura de Acrelândia, outro mérito do projeto é fazer um contraponto à tendência de substituição da paisagem natural da região pelas grandes plantações e pastos. O fato do Rio Abunã ser um afluente do Rio Madeira torna a iniciativa ainda mais simbólica já que, por esta localização, toda a região está sujeita às mudanças ocasionadas a partir da construção de hidroelétricas neste rio.
Atualmente, no seringal Porto Dias, se pode encontrar a maior cobertura florestal ainda preservada do município de Acrelândia. Para se chegar ao local, além do transporte fluvial, que predomina durante o inverno, vários ramais possibilitam o acesso, como os ramais do Gordo e do Pelé. Mas existem outros caminhos: os alunos da Uninorte tiveram que percorrer seis quilômetros em uma picada no meio da selva, até chegarem ao local aonde aconteceu o evento.
Com esta soltura, agora são 130.000 quelônios que, através do projeto, foram lançados nas águas do Abunã. Há o que se comemorar: caso não existisse a trabalhosa iniciativa e a conscientização realizada entre as comunidades ribeirinhas, provavelmente os tracajás e iaças deste rio hoje não seriam mais que uma lembrança de tempos melhores.
{xtypo_rounded2}
Quantidade de filhotes devolvidos a natureza em 12 anos de existência do Projeto:
2000 – 3.500 filhoes 2005 – 6.000 filhoes 2010 – 4.000 filhoes
2001 – 10.000 filhoes 2006 – 12.000 filhoes 2011 – 2.500 filhoes
2002 – 11.000 filhoes 2007 – 3.170 filhoes 2012 – 7.000 filhoes
2003 – 13.000 filhoes 2008 – 20.000 filhoes
2004 – 15.000 filhoes 2009 – 23.000 filhoes
{/xtypo_rounded2}