Projeto Pacu visita produtores de peixe no Vale do Juruá

Governo do Acre desenvolve programa para transformar Estado em polo exportador

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A expectativa é construir cinco mil açudes no Estado em quatro anos e duas fábricas de beneficiamento do peixe – uma em Rio Branco e outra no Vale do Juruá (Foto: Onofre de Souza)

O governo do Acre intensifica esforços para fortalecer a cadeia produtiva do peixe no Estado. Durante dois dias, o proprietário do Projeto Pacu, Jaime Brum, e o engenheiro de pesca da empresa, Marco Rotta, percorreram várias propriedades que trabalham com piscicultura em Mâncio Lima e na Comunidade de Assis Brasil, em Cruzeiro do Sul, com o objetivo de conhecer a realidade da atividade no Acre, além de iniciar os procedimentos de sua vinda e instalação no Estado.

O Projeto Pacu tem sede no Estado de Mato Grosso do Sul, onde cria diversos tipos de peixe e detém a mais moderna tecnologia de alevinagem, produzindo inclusive alevinos de pirarucu e de surubim, os peixes mais valorizados no mercado externo.

O vice-governador Cesar Messias, acompanhado do secretário de Indústria e Comércio, Edvaldo Magalhães, e do secretário de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar, Lourival Marques, ciceroneou os convidados. Nos encontros, os produtores de Mâncio Lima e de Assis Brasil puderam conhecer os planos do governo para tornar o Acre um polo produtor e exportador de peixe. O governo encara a piscicultura como atividade essencial para o desenvolvimento da produção e quer desenvolvê-la de tal maneira que o Acre seja conhecido como “o endereço do peixe na Amazônia”, como destacou Edvaldo Magalhães.

A expectativa é construir cinco mil açudes no Estado em quatro anos, duas fábricas de beneficiamento do peixe – uma em Rio Branco e outra no Vale do Juruá -, um centro tecnológico e duas fábricas de ração. Os investimentos previstos somam R$ 120 milhões. Para facilitar a vida dos produtores, o governo baixou decreto e liberou o licenciamento ambiental em propriedades que utilizem até cinco hectares de lâmina de água para produção de peixes.

A piscicultura cresceu nos últimos tempos no Vale do Juruá e no Vale do Acre com esforço dos produtores e incentivos do governo do Estado, mas não havia um programa específico para desenvolver a piscicultura em grande escala.

De acordo com o secretário Lourival Marques, para modernizar a piscicultura, o governador Tião Viana, quando ainda estava em campanha, visitou o Projeto Pacu para conhecer o trabalho da empresa e trazer seus avanços para o Acre.

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O governo baixou decreto e liberou o licenciamento ambiental em propriedades que utilizem até cinco hectares de lâmina de água para produção de peixes (Foto: Onofre de Souza)

Logo no início do governo, o vice-governador Cesar Messias, com um grupo de produtores acreanos, conheceu as instalações da empresa. Agora é a vez do caminho inverso – o Projeto Pacu veio ao Acre conhecer como é feita a atividade no Estado, que, na opinião, de Jaime Brum, é bem conduzida. Ele também demonstrou admiração com a organização dos produtores no Estado, com suas associações e cooperativas e acredita que isso facilita o trabalho do governo.

Brum é filho de agricultores e começou na atividade de piscicultura com menos de um hectare de lâmina de água. Hoje sua empresa é líder no Brasil nas técnicas de alevinagem. “Podemos trazer um grande auxílio para o Acre, aprimorando o que existe e introduzindo novas espécies” disse.

Jaime Brum contou que o Projeto Pacu é empresa pioneira no Brasil no trabalho com peixes brasileiros e pode dar assessoria técnica no ordenamento da cadeia produtiva no Acre. “A região [do Juruá] me surpreende. Cruzeiro do Sul é bastante isolada, mas tem uma estrutura de produção de pequenos produtores, já com viabilidade econômica. Eles estão ganhando dinheiro com o peixe, apesar do desafio geográfico. Aqui não é fácil abastecer com ração e tudo mais, mas tem um nível de organização bastante grande. Apesar de pequeno, é louvável o que encontro aqui”, comentou.

Produção de alevinos

Uma visita importante foi feita à  Piscicultura Sol Nascente, cujo proprietário, Raimundo Carlos de Oliveira, é pioneiro no Vale do Juruá na produção de alevinos. São14 incubadoras que produzem alevinos de tambaqui, pirapitinga, piau-açú, curimatã, pacu e matrinchã. No ano passado, a empresa comercializou 2,1 milhões de alevinos, o que deu para suprir a demanda da região. Neste ano a expectativa é produzir 2,5 milhões.

Além de falar de seu prazer em ver no mercado os alevinos que produz já no formato de peixes de 1,5 a 2 quilos, Raimundo também enalteceu os cuidados ambientais que tem (em seu sistema, as matrizes não morrem, ficam à disposição para novas desovas nos anos subsequentes). Ele conta duas curiosidades: a primeira é que uma matriz de tambaqui de dez quilos é capaz de gerar um milhão de alevinos; a segunda é que os alevinos, da maneira como são produzidos e cuidados em centros de reprodução, tem capacidade de sobrevivência 700 vezes maior que na natureza. 

Raimundo ficou entusiasmado em saber que o governo pretende investir alto na atividade. “Foi uma surpresa muito boa, a gente já trabalha há muitos anos na atividade e é uma satisfação saber que a piscicultura agora faz parte do plano do nosso governo. A gente acredita nessa atividade, sabe que ela é muito produtiva, ainda bem que nosso governador enxergou isso e quer fazer uma coisa grande conosco”, disse.

Satisfação dos produtores

Os encontros com os produtores em Mâncio Lima e Assis Brasil tiveram impacto positivo no ânimo dos produtores. O presidente da Cooperativa de Produtores de Peixe de Mâncio Lima (Cooperpeixe), Sansão Nogueira de Sena, considerou que a vinda do Projeto Pacu significará um divisor de águas. “A gente está mudando uma produção que vem bem, apesar de pequena, para uma produção em larga escala, em nível de exportação. Além de produzir peixe de qualidade e produzir o alevino, ainda vamos industrializar o peixe. Então a gente faz isso com muita satisfação e quem ganha são o consumidor, o Estado e, futuramente, o próprio Brasil.”

Mâncio Lima está na frente dos demais municípios em produção de peixe no Vale do Juruá. Segundo Sena, além da Cooperpeixe também existem a Associação dos Piscicultores de Mâncio Lima e ainda os independentes, o que totaliza cerca de 180 produtores. A produção no município no ano passado atingiu cerca de 300 toneladas e a expectativa para 2011 é produzir 500 toneladas.

O presidente da Associação dos Piscicultores de Assis Brasil, Davi Lopes, ficou satisfeito com o anúncio do programa de governo e com a vinda do Projeto Pacu. “Pelo que observei, o governo agora tem um programa específico para ampliação da produção de peixe, o que é fundamental para nós. O Projeto Pacu vem aí não para dizer como criar o peixe – isso já sabemos -, mas vai nos ajudar a melhorar nossa tecnologia de produção para aproveitar ao máximo nossas lâminas de água.”

Davi informou que os piscicultores de Assis Brasil produziram, em 2009, 17 toneladas de peixe. Em 2010, a produção superou 50 toneladas e a expectativa é de produzir 100 toneladas em 2011.

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