Na Unidade Penitenciária Feminina de Tarauacá é desenvolvido o projeto “Borboletas, Artes e Crochê”, que ensina as detentas a fazer tapetes, sousplat, capas de bebedouro e até redes, entre outros itens de decoração, todos feitos de crochê. A iniciativa foi idealizada por uma policial penal da unidade e aprovada pelo Poder Judiciário para receber o apoio financeiro das penas pecuniárias.
Além das habilidades no artesanato, que as detentas podem aprender e, futuramente, transformar em uma fonte de renda quando retornarem à sociedade, trabalhar com o crochê no projeto também ajuda na remissão da pena.
Uma das reeducandas, E. D. N., explica que começou no projeto apenas pela remissão de pena, mas que a evolução no crochê fez ela querer mudar de vida: “Antes, eu trabalhava só pra remir, mas agora, com a nossa evolução, está me incentivando pra quando eu sair daqui não voltar mais. Quem olha e acha que é fácil, não é, porque a gente erra, a gente desmancha, a gente pensa em desistir, mas a gente lembra que é do começo, é errando que aprendemos, tanto no trabalho, no artesanato, como também na vida”.
A policial penal Luciléia dos Santos de Paula, que criou o “Borboletas, Artes e Crochê” e ensina as reeducandas, sempre teve o crochê presente na própria vida, mas pensou no projeto para as privadas de liberdade após ir trabalhar na unidade feminina e perceber o abandono das reeducandas, que não recebiam muitas visitas, de cônjuges ou familiares, e as dificuldades financeiras que muitas passavam. Ela explica que a motivação para o projeto veio após sofrer um câncer em 2016 e não conseguir mais realizar suas tarefas normalmente. Então, tentou encontrar outras formas de se sentir útil: “Eu já tinha essa aptidão com crochê, então por que não ensinar? Eu gosto de ensinar. Tudo o que você aprende, você deve repassar”.
Para que as reeducandas aprendam crochê, elas têm acesso a videoaulas baixadas por Luciléia e, com as orientações, vão produzindo diversas peças. Segundo a coordenadora da Unidade Penitenciária Feminina de Tarauacá, Marleide Falcão, todas as detentas da unidade fazem parte do projeto: “Estamos com dez reeducandas e todas trabalham no projeto de artesanato. As peças são vendidas e o dinheiro é utilizado para repor o material. As detentas que as famílias trazem material, também recebem ajuda financeira da venda das peças”.