Projeto Caboclinho da Mata ajuda na reprodução de animais silvestres

Iniciativa desenvolvida numa cooperação técnica entre Governo do Estado e Ufac fornece dados para produtores e universitários

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Trabalho desenvolvido no projeto garante a reprodução dos animais criados em cativeiro (Foto: Ângela Peres/Secom)

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Entre os animais criados no cativeiro, os catetos também recebem tratamento adequado (Foto: Ângela Peres/Secom)

O Projeto Caboclinho da Mata cumpriu mais uma importante etapa com a reintrodução de animais silvestres em ilhas florestais. Foram soltas sete pacas machos com a proposta de promover o cruzamento e assim aumentar o número de animais, diminuindo as chances de extinção da espécie causada por endogamia (cruzamentos de membros da mesma família).

Desenvolvido em Senador Guiomard desde 2004, o Projeto tem como objetivo o estabelecimento de técnicas que permitam o manejo racional da fauna local, dentro do conceito de sustentabilidade que envolve critérios sociais, econômicos e ambientais.

Convênio de cooperação técnica firmado pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Agropecuária (Seap), e a Universidade Federal do Acre (Ufac), com a parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), garante a execução do projeto.

Em uma área de 819 hectares – sendo 30 de área antropizada, 10 de capoeira e o restante de floresta primária -, está inserido o criatório composto por três recintos com a capacidade para receber 60 pacas, 30 capivaras e 30 catetos.

Assim que os animais chegam ao criatório, eles são pesados e identificados. A cada três meses são novamente pesados e submetidos a exames de sangue e para detectar a presença de parasitas.

Os biólogos e veterinários que atuam no Caboclinho da Mata observam ainda o peso ao nascer, ganho de peso mensal, número de partos ao ano, de crias por parto, primeiro cio pós-parto e intervalo entre eles.

Os resultados das pesquisas referentes ao plantel, à alimentação, comportamento reprodutivo e dos recintos de criação foram editados no livro “Pacas e Capivaras – Criação em Cativeiro com Ambientação Natural”, lançado no ano passado durante o encerramento do Congresso Internacional sobre Manejo de Fauna Silvestre na Amazônia e na América Latina (Cimfauna), realizado em Rio Branco.

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As pacas são uma das espécies criadas no cativeiro, onde recebem toda atenção dos veterinários (Foto: Ângela Peres/Secom)

De acordo com a professora da Ufac Vânia Ribeiro, um dos diferenciais do projeto é a forma de alimentação oferecida aos animais silvestres. Toda ela é proveniente da floresta dos arredores do criatório. “Os animais criados aqui são dóceis, adaptam-se ao cativeiro e ganham peso com facilidade, também em razão da alimentação natural”, disse ela.

O espaço serve ainda como unidade demonstrativa para que os produtores possam verificar como é fácil, interessante e barato criar esses animais. Esse trabalho de divulgação entre os produtores rurais é feito pela Seap. “Buscamos conscientizar as pessoas a criar animais silvetres, em vez de só tirá-los da floresta”, destacou a coordenadora do Projeto, Maria do Carmo Portela.

O trabalho de soltura das pacas é acompanhado pelo Ibama, que continua o monitoramento depois dos animais soltos nas ilhas florestais. “Todas as regras presentes na instrução normativa que traz os protocolos dos exames e laudos necessários à soltura e destinação de animais silvestres foram atendidas”, informou Elaine Oliveira, bióloga do Ibama. No ano passado foram soltas sete pacas machos com idade superior a oito mesmo, quando já estão em fase de reprodução.

Os dados coletados, por meio do Projeto Caboclinho da Mata, são necessários para que se conheça o comportamento e a biologia dessas espécies e assim traçar os planos de manejo sustentável e ou em programas de conservação. Os resultados são compartilhados ainda com os alunos de graduação e pós-graduação de instituições de ensino e também com produtores e populações tradionais.

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