Programa luz para todos chega ao Crôa

Ação faz parte do processo de criação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Crôa/Valparaíso, que vai garantir apoio às famílias extrativistas que vivem na área e a preservação do lugar repleto de riquezas naturais

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Equipe técnica do Luz Para Todos já realizou o levantamento da área para chegada do programa (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

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Moradores aprovam a criação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

O Programa Luz para Todos chega ao Rio Crôa, localizado a cerca de 60 quilômetros de Cruzeiro do Sul pela BR. A equipe técnica do programa executado pelo Governo do Estado já fez o levantamento da área e a instalação começa logo que o Ramal que dá acesso à comunidade seja recuperado pela prefeitura de Cruzeiro do Sul. O técnico do programa, Ângelo Serna, diz que a instalação da rede é simples, porque serão necessários apenas três quilômetros de rede.

A ação é parte do processo de criação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Crôa/Valparaíso, que será gerenciado pelo Governo do Estado por meio da Secretaria Estadual de Meio Ambiente – SEMA. Será a primeira unidade de conservação estadual desta modalidade.  

A área do Crôa/Valparaíso é de 106 mil hectares e no local vivem cerca de 300 famílias. O processo de criação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável começou em 2002 encabeçado pelos moradores da área desde 2002, uma luta antiga da população. Atualmente a gestão do processo de criação da unidade é de responsabilidade do Instituto Chico Mendes. Para que o Governo do Estado assuma a gestão da unidade é necessário que ocorra a arrecadação e desapropriação das terras pelo INCRA. Em seguida, as terras serão repassadas ao governo do Estado, que irá gerenciar a unidade. "A gestão será do governo, mas as ações serão compartilhadas com os parceiros", explica Eufran Amaral, secretário estadual de Meio Ambiente. 

A regularização fundiária garante aos moradores da região, a maioria posseiros, a concessão real de uso da terra, que não poderá ser vendida, mas passa de pai para filho. A comunidade aguarda com expectativa o andamento do processo para ter acesso a benefícios como créditos e financiamentos.

Silvana Souza, chefe da divisão do SEANP da Sema, que  acompanha, junto ao Instituto Chico Mendes o processo de criação da  Reserva explica que as Unidades de Conservação têm um papel importante pois preservam a diversidade de ecossistemas naturais e promovem a sustentabilidade do uso dos recursos naturais, bem como a manutenção da cultura tradicional, além de estimular o desenvolvimento regional. A ideia é utilizar os recursos naturais da região manejados corretamente. "O morador poderá ter seu roçado, seu feijão e ter renda também com o açaí, por exemplo, mas isso sem que ele tenha que abrir novas áreas, fazer novos desmates". Por meio do Programa de Certificação do Ativo Ambiental os moradores poderão ter alternativas para o uso do fogo, através de assistência técnica e assim recuperar áreas degradadas e gerar renda.

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De águas escuras e espelhadas, o Rio Crôa guarda uma grande riqueza natural e muitas famíias que vivem da floresta (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

O morador José Bussons de Oliveira, diz que no início se assustou com a ideia de morar em uma Reserva, mas já sabe que vai poder manter o modo tradicional de vida, manter a família com a agricultura e a venda de açaí e buriti. "Com o documento que vamos ter de concessão de uso da terra, vamos ter acesso a créditos bancários e aos programas dos governos".  

Beleza cênica e artesanato em alta no Crôa

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Lugar que abriga uma beleza exuberante. As águas são escuras e espelhadas. Em vários trechos, a mata ainda se fecha ao redor do Rio Crôa, que é um dos únicos locais do Acre onde há a presença de vitórias régias.

Além da beleza cênica e exuberância da natureza, que indica a necessidade de conservação, a região tem grande potencial turístico para o artesanato. As ações da Secretaria Estadual de Meio Ambiente tem o objetivo de fortalecer este perfil. A energia elétrica potencializa, por exemplo, o artesanato produzido no Rio Crôa, que já é referência no Acre.

Peças feitas no local com fibras de Carrapicho, buriti e sementes, são vendidas em grandes redes de lojas como a Tock Stock, o que garante renda para as famílias por meio da Associação de Mulheres artesãs do Rio Crôa. A presidente da Associação, Francisca Teixeira, diz que atualmente o grupo gasta cerca de 100 litros de óleo diesel por mês para manter o motor que gera energia elétrica na sede da Associação. "O dinheiro que pouparemos vamos investir para aumentar nossa produção e vamos diversificar nossos produtos", relata. A produção de velas dentro de cocos e a produção de sacolas retornáveis são novos itens que serão inseridos na comunidade do Crôa. 

A diversificação do artesanato, que resulta no fortalecimento social e econômico da comunidade, também é parte do processo de articulação que a Sema promove entre os moradores da Unidade de Conservação e os parceiros. "Se o artesanato é um grande potencial da comunidade, temos que investir nisso. As sacolas retornáveis que vêm sendo utilizadas pelas grandes cadeias de supermercado para reduzir o uso de sacolas plásticas, contribuindo diretamente com a redução dos gases que promovem o efeito estufa, poderão ser produzidas pelas artesãs do Crôa, que já tem um marketing forte", explica Silvana Sousa, chefe da divisão do SEANP da Sema.     

croa_foto_gleilson_miranda_14.jpg"O dinheiro que pouparemos vamos investir para aumentar nossa produção e vamos diversificar nossos produtos", Francisca Teixeira (Presidente da ASsociação de Mulheres artesãs do Rio Crôa)

 

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Além da articulação com a prefeitura de Cruzeiro do Sul e o Programa Luz para Todos, várias outras ações são executadas pelo Governo do Estado desde o início do processo de criação da Unidade, como cursos de qualificação e capacitação da comunidade nas áreas de organização e produção. "O objetivo é empoderar a comunidade e dar aos moradores condições para que eles possam viver bem e produzir dentro da Reserva, sem que haja necessidade de aumentar, por exemplo, as áreas desmatadas", conta Eufran Amaral.

Todas essas ações nas Unidades de Conservação visam a consolidação do SEANP. O Sistema Estadual de Áreas Naturais Protegidas foi instituído através da Lei de Floresta de Nº1.426, e recentemente passou por revisão, através do Decreto Lei de Nº 2.095 de dezembro de 2008, a qual estabelece que as Unidades de Conservação de Proteção Integral e as de Uso Sustentável, com exceção das Florestas e Reservas Extrativistas, a gestão são de responsabilidade desta secretaria.

"Desta forma, o SEANP é um importante instrumento, no apoio às ações que concedam a gestão dos recursos naturais, de forma adequada. Quando falamos do SEANP, nos referimos às áreas protegidas, que são definidas como Unidades de Conservação, Terras Indígenas, Projetos de assentamentos diferenciados e a RPPNs", conclui o secretário estadual de Meio Ambiente .

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