As formaturas do Programa Especial do Ensino Médio (Peem) se estenderam ao Juruá no fim da última semana. Em Feijó, Tarauacá e Cruzeiro do Sul receberam o certificado de conclusão 399 alunos. Estavam entre eles trabalhadores rurais, seringueiros, indígenas, autônomos, servidores públicos e outros.
O Peem se apresenta para essas pessoas como uma oportunidade de mudar de vida, de alçar voos mais altos. As famílias depositam suas esperanças nos filhos, maridos e esposas que estão concluindo o ensino médio.
O orgulho de estar formando o filho estava estampado no rosto da dona de casa Maria Marlete da Silva. Residindo com seus 13 filhos em uma colônia próxima a Feijó, ela ressalta que essa é mais uma etapa na vida do filho na busca de mais formação. “Meu sonho é vê-lo formado e com um bom emprego. Falo para meus filhos que sem estudo não há como buscar novos horizontes nos dias de hoje”, revelou.
As histórias de vida são diferentes, mas a expectativa dos jovens e adultos que se formam através do Peem é a mesma: buscar melhoria de vida através dos estudos. Com o objetivo corrigir a distorção idade e série, o programa se apresenta para essas pessoas como uma forma de resgatar o tempo perdido. Sem estudar há 24 anos, o servidor público Antônio Everaldo de Sousa viu no Peem “o desafio superado”. Ele relata que perdeu várias oportunidades de galgar postos melhores em seu trabalho por não ter concluído o ensino médio. “O programa é de grande importância para a vida de milhares de pessoas que, assim como eu, pararam de estudar em alguma época da vida”, afirma.
Vidas e histórias que se encontram no Peem
“A alegria e a emoção nos rostos dos formandos se repetem nos seis municípios onde o programa atua. São vidas transformadas pela oportunidade que lhes é dada de corrigir a distorção idade e série. Trata-se de uma agenda positiva da Secretaria de Educação porque o programa é de inclusão e possibilita aos jovens o resgate da autoestima e da capacidade de sonhar”, afirmou a coordenadora geral do Peem, Francisca Reis.
O Peem foi implantado no Acre em 2005, através de uma parceria com a Fundação Roberto Marinho. Inicialmente o programa atendia alunos da capital, depois foi expandido para Brasileia, Cruzeiro do Sul, Epitaciolândia, Feijó, Sena Madureira e Tarauacá. Desde então, o Peem certificou 9.522 estudantes com ensino médio, contribuindo para a redução de distorção idade/série, além de colaborar com os bons índices de avaliação do Ideb.
As atividades do Poronga contribuíram para a democratização do conhecimento. A distorção idade/série na rede estadual de ensino caiu de 80% em 2005 para atuais 30%. A adoção do programa possibilitou ainda um aumento do número de alunos que concluem os estudos, crescimento da demanda por mais vagas no ensino médio, além da correção do fluxo escolar.
Para a coordenadora do Núcleo da Secretaria de Estado de Educação em Tarauacá, Francisca Aragão, “o mais importante investimento do Estado é o que vem sendo feito nas pessoas. Ela agradeceu à contribuição e à dedicação dos gestores, além dos coordenadores e professores, que, unidos em um só compromisso, tiraram a educação do Acre das últimas colocações no ranking nacional de ensino para uma disputa positiva com os Estados de melhor desempenho na educação pública”.
Uma nova etapa de vida
A conclusão do ensino médio representa a finalização de uma etapa para muitos jovens e adultos que se formaram este ano. Para outros, representa o início de uma nova etapa de vida.
Para Cinara Feliz Viga, de Cruzeiro do Sul, a conclusão dessa etapa de estudo é o começo de uma nova vida. “O Peem nos permitiu reflexões que nos ajudaram a melhorar como ser humano. Aprendemos que não devemos desistir frente às adversidades. Enfrentamos muitas dificuldades ao longo dos 18 meses de curso, mas levantamos nossas cabeças e seguimos em frente. Hoje vejo que tudo valeu a pena”, revela.
“Especiais e valorizados. É assim que estamos nos sentindo, tudo isso graças ao Programa Especial de Ensino Médio, uma iniciativa do governo que deu certo e que não pode parar. Tudo tem seu valor, não importa o tempo, mas a intensidade com que as coisas são vividas. Vivemos intensamente esse período de estudo que irá mudar nossas vidas”, revela Antônio Huandson de Brito.
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