Programa do Governo do Estado faz aumentar produção de peixes em Santa Rosa

Iniciativa garante capacitação e apoio na construção dos açudes e já atendeu 250 famílias na região, garantindo-lhes soberania alimentar e desenvolvimento socioeconômico

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Nos açudes construídos através do programa, piscicultores aumentam a produção (Foto: Onofre Brito/Secom)

A piscicultura em pequenas propriedades está ganhando força e se tornando item importante na economia do Vale do Juruá, desde que o Governo do Estado iniciou um programa de expansão da atividade no ano passado.

O programa levado a efeito por órgãos estaduais como a Secretaria de Agricultura e Produção Familiar (Seaprof), o Centro de Formação e Tecnologia da Floresta (Ceflora), o Imac, o Deracre e o setor de Endemias e que abrange capacitação e apoio na construção dos açudes, já atendeu 250 famílias, garantindo-lhes soberania alimentar e desenvolvimento socioeconômico.

Nesta semana, foi a hora de comprovar na prática se o investimento na criação de peixes vale a pena. Na propriedade do agora ex-agricultor Daniel de França Luna, esta quarta-feira era dia de colher os primeiros frutos na nova atividade. Ele vai fazer a despesca num dos cinco açudes que destinou para a criação de piaus.

Ele e a mulher Ivanilde tocam sozinhos a criação de peixes, já que os filhos estudam em Cruzeiro do Sul. Eram agricultores, mas, segundo Ivanilde, o marido desde algum tempo sofre de dor na coluna e não pode mais trabalhar no roçado.

Daniel e a esposa se animaram a fazer o curso de capacitação oferecido pelo Governo e ministrado pelo engenheiro de pesca Samuel Herculano, contratado especialmente para propiciar o salto de qualidade que a atividade ganhou no Vale do Juruá, tendo alguns produtores aumentado a produção em cerca de 150%.

No ano passado, na comunidade Santa Rosa, um grupo de trabalhadores rurais fundou a Associação de Piscicultores de Santa Rosa e solicitou o apoio do Governo do Estado. Como já havia sido feito em outras comunidades, 26 associados fizeram o curso de capacitação, com 140 horas/aula, incluindo aulas práticas nas propriedades que aderiram.

Na despesca de apenas um dia, Daniel colheu apenas 100 quilos de peixe, totalmente destinado à comercialização em Santa Rosa e proximidades. No total, ele calcula que vai colher uma média de 300 quilos de peixes por açude, tendo gastado cerca de 80 sacas de ração industrial e complementado com macaxeira (especialmente casca, recolhida em casas de farinha). O lucro é evidente. Segundo cálculo do próprio Daniel, em um açude ele tira o investimento e o resultado dos outros quatro é lucro. Alguns dos piaus chegaram a alcançar, depois de oito meses, 1,5 quilo e, na média, alcançaram 1 quilo.

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Na despesca de apenas um dia, piscicultores chegam a retirar até 100 quilos de peixe (Foto: Onofre Brito/Secom)

Segundo o gerente da Seaprof, Valdemir Neto – que participou da despesca -, no açude, que tem 1.250 metros quadrados, poderiam ter sido colocados até 600 alevinos e que um açude desse porte tem potencial de produção acima de 600 quilos. Valdemir argumenta que a piscicultura tem um importante componente de sustentabilidade, pois permite a permanência dos produtores na zona rural sem que tenham que aumentar o desmatamento em sua propriedade.

Detalhes

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Alguns piaus chegam a alcançar até 1,5 quilo em oito meses (Foto: Onofre Brito/Secom)

O engenheiro Samuel Herculano depois de mais de um ano dedicando-se ao incremento da piscicultura na região vai voltar para seu estado natal, Pernambuco, mas informa que está sendo estudada uma forma de ele continuar dando assessoria, através da Seaprof e ao mesmo tempo está sendo preparado um técnico local para a continuidade dos cursos.

Para ele a melhoria na produtividade dos que já praticavam a atividade e o sucesso dos iniciantes deve-se ao fato de que os produtores fizeram bom proveito do curso de capacitação, em que aprenderam sobre construção de viveiros, qualidade da água, quantidade de ração, quantidade de alevinos por metro quadrado, etc.

"Criar peixe não é fácil, mas também não é difícil. Requer detalhes, e esses detalhes os produtores pegaram. Antes se criava sem a técnica. Agora temos esses resultados que estamos presenciando", disse.

O gerente do Ceflora, Evilásio Santos, relata que atualmente o órgão está ministrando a sétima edição do curso, desta feita para produtores da comunidade do Canela Fina. As aulas teóricas ocorrem à noite nos dias de semana e a parte prática nas propriedades, aos sábados. Até agora já houve aplicação de cursos nas comunidades de Mariana, Assis Brasil, São Pedro, Buritirana e duas edições em Rodrigues Alves, com 250 famílias atendidas.

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