Duzentos agricultores receberão 10 quilos de sementes de mucuna preta para plantio em áreas degradadas
Duzentos agricultores dos municípios de Rio Branco, Plácido de Castro e Bujari começam a receber ainda esta semana sementes de mucuna preta como parte da execução de uma das fases do programa Bancos Comunitários de Sementes, lançado nesta manhã no auditório da superintendência do Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento (Mapa) no Acre.
Cada um dos produtores ou associação de produtores de agricultura orgânica previamente selecionados receberá 10 quilos de sementes para plantio em áreas degradadas ou no incremento dos solos em processo de recuperação. O programa prevê a distribuição de três espécies de sementes, mas o Acre foi contemplado com a mucuna preta por ser a mais indicada para as áreas a serem trabalhadas. O ciclo da semente é de oito meses. A previsão de colheita é entre os meses de maio e junho de 2009, quando os agricultores deverão devolver a mesma quantidade de semente recebida.
Paralelamente à distribuição de sementes, a superintendência do Mapa e instituições parceiras, entre elas o Governo do Estado, por meio da Seaprof e Idaf, Prefeitura de Rio Branco, Crea, Embrapa e Comissão de Agricultura Orgânica (CPORG), desenvolvem cursos de treinamento para os produtores dos pólos Geraldo Mesquita, Benfica, Wilson Pinheiro e ribeirinhos do Moreno Maia. A previsão é de capacitar os agricultores dos projetos inscritos, bem como oferecer acompanhamento técnico durante todas as fases do programa.
"A intenção é criar uma cadeia que visa estimular cada vez mais produtores a adotarem essa prática", explica o superintendente do Mapa, Jorge Luiz Hessel. Ao devolver os dez quilos de mucuna preta recebidos, os agricultores contribuem com a efetivação de um banco de sementes que irá distribuir o excedente a outros produtores.
Mais saúde – Um grupo de 40 pessoas expõe o resultado do processo de adoção da agricultura orgânica no Acre todos os sábados em um feira em frente ao Terminal Urbano de Rio Branco. A população pode comprar ali frutas, verduras, legumes e até queijos e doces produzidos a partir da adubagem verde, que inclui, além do uso da mucuna, composto orgânico e biofertilizantes.
Cerca de 60 produtores já têm a certificação que os habilita a comercializar produtos cultivados sem adubos químicos. O número é incipiente, segundo a coordenadora da Comissão de Agricultura Orgânica do Acre, Maria Rosângela Barbosa, que afirma que em todo o Estado cerca de 5 mil produtores foram capacitados com cursos, palestras e em dias de campo sobre o tema.
"No início é realmente muito trabalhosa a implantação desse sistema, o resultado não é rápido e isso pode ser um dos motivos pelos quais os agricultores não aderem imediatamente", afirma Rosângela Barbosa. Ela acrescenta que uma das grandes vantagens da adubagem verde é um solo mais enriquecido e o fator saúde gerado pelo consumo e produção de alimentos sem compostos químicos.