Programa atende pessoas com fissuras labiopalatais na Fundhacre

Proporcionar qualidade de vida, atender e tratar pacientes com fissuras labiopalatais é o propósito do Programa de Reabilitação e Assistência aos Fissurados da Face (PRAFF). Desenvolvido há 10 anos na Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre), o programa conta com cerca de 600 pessoas cadastradas.

As fissuras labiopalatais são malformações congênitas caracterizadas por aberturas ou descontinuidade das estruturas do lábio e/ou palato. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde (MS), um a cada 650 nascidos possuem fissuras na face.

O PRAFF oferece atendimento nas áreas de cirurgia plástica, otorrinolaringologia, ortodontia, cirurgia bucomaxilo, fonoaudiologia na especialidade de audiologia e clínica. Para as demais especialidades oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) o programa oferece todo o apoio e acompanhamento para que o paciente consiga atendimento.

A fisioterapeuta Ana Carolina Cruz, 23 anos, é paciente do PRAFF há seis anos. “Antigamente eu sofria muito bullying e através da cirurgia, que foi mudando minhas características, parei de sofrer tanto. O programa ainda é pouco conhecido, mas já tem mudado a vida de muitas pessoas, assim como a minha. Se não fosse o PRAFF muitas pessoas, que às vezes não tem condições de pagar um serviço particular, não teriam tratamento”, afirma.

A paciente Ana Carolina Cruz já fez onze cirurgias, a última foi há sete meses. Foto: Odair Leal/ Sesacre.

O atendimento do PRAFF é realizado de forma multidisciplinar, ou seja, todos os profissionais estão em contínuo contato para discutir os diferentes casos das malformações e para tratá-los de forma conjunta.

“Somos uma grande família e referência em atendimento, sendo muito elogiados no último Congresso Brasileiro de Fissuras Labiopalatais, em Campinas  (SP), quando tivemos oportunidade de conversar com outros centros e chefes de serviços, mostrando o que fazemos”, afirma a coordenadora do programa, ortodontista Caroline Lucena.

Por mês são realizadas mais de 18 operações em pacientes, dentre cirurgia plástica, bucomaxilo e otorrinolaringologia. O procedimento é realizado com o apoio da ONG Smile Train, que auxilia o Estado na compra de materiais e instrumentos necessários para os tratamentos.

Consulta é feita em conjunto pelos profissionais do PRAFF Foto: Odair Leal/ Sesacre.

Diagnóstico no tempo certo é fundamental

Claudiane Martins é mãe da pequena Rotacia, de um ano e três dias. Com lábio leporino, a criança é acompanhada pelo PRAFF desde o nascimento. “O programa é bom porque facilita nossa vida. As pessoas são super atenciosas e me acompanham desde que ela nasceu. Desde a maternidade. Tudo que era complicado, como a questão de alimentação e o peso, por conta do lábio leporino, aqui eu tive ajuda, tanto por telefone quanto pessoalmente”, esclarece.

Existem vários tipos de diagnósticos: fissura só no lábio, só no palato ou em ambos. Cada diagnóstico possui um protocolo de atendimento. Foto: Odair Leal/ Sesacre.

O diagnóstico da fissura labiopalatal deve ser feito logo no nascimento ou, preferencialmente, ainda durante a gestação. Por isso é importante um bom pré-natal. Se tiver o acompanhamento multidisciplinar, a criança pode chegar até aos 18 anos sem sequelas, como déficit auditivo e a disfunção na fala, reduzindo os gastos públicos e tendo ganho imensurável ao paciente, de acordo com o cirurgião plástico Felipe Queiroga.

“Se o diagnóstico for realizado no tempo certo, bem como a cirurgia, a criança tem uma vida praticamente normal. É claro que tem casos mais graves e outros mais simples. Mas de um modo geral a cicatriz da criança é muito boa. Se ela for operada na infância pode crescer e ficar praticamente sem nenhuma cicatriz. No palato ela pode ser operada e, com o acompanhamento de fonoaudiólogo desde cedo, pode ficar sem nenhum déficit na fala”, ressalta Queiroga.

Programa atende crianças e adultos. Foto: Odair Leal/ Sesacre.

Além de atender pacientes de todo o estado do Acre, o PRAFF recebe pessoas dos estados de Rondônia e Amazonas, e dos países vizinhos Bolívia e Peru. Atendimento itinerante também é realizado no Juruá e a pretensão é ofertá-lo com maior frequência para quem tem dificuldades em se deslocar até a capital acreana.

“Atualmente estamos tentando organizar um atendimento periódico para os pacientes do Juruá, já que há uma grande demanda nesta região e devido ao isolamento geográfico, há muitas dificuldades para os pacientes chegarem até a capital”, finaliza a coordenadora do PRAFF, ortodontista Caroline Lucena.

 

 

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