Programa Alfabetiza Acre/EJA já atendeu mais de 2,4 mil alunos no estado

O governo do Acre está dando um passo importante para superar um dos maiores desafios da sociedade, o analfabetismo. Por isso, em parceria com o governo federal, a Secretaria de Educação e Cultura (SEE) lançou, no fim do primeiro semestre, o programa Alfabetiza Acre/EJA, que até o presente momento já atingiu mais de 2,4 mil alunos, distribuídos em 192 turmas.

Esses estudantes são jovens a partir de 15 anos e adultos que por algum motivo não tiveram a oportunidade de se alfabetizar e concluir os estudos no tempo regular. Dessa forma, o programa desempenha papel importante na correção de desigualdades históricas e sociais.

Turma do programa na Escola João Paulo II, em Rio Branco, tem 30 alunos. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Para garantir o sucesso do programa, o governo do Estado vem realizando diversos investimentos, possibilitando que as aulas cheguem a áreas remotas e de difícil acesso. Por  meio de um esforço conjunto, o Alfabetiza Acre leva educação a localidades que antes estavam distantes dos recursos educacionais.

Nesta quinta-feira, 3, o chefe do Departamento de Educação de Jovens e Adultos da SEE, professor Jessé Dantas, visitou uma das classes do programa, localizada na Escola João Paulo II, na região da Baixada da Sobral, em Rio Branco. A turma é orientada pela professora Janete Figueiredo.

Programa de alfabetização já chegou aos 22 municípios acreanos. Foto; Mardilson Gomes/SEE

“Esse programa trabalha com jovens, adultos e idosos que não foram alfabetizados na idade recomendada e que hoje estão podendo ter essa oportunidade de retornar à escola”, explica Dantas.

O gestor destaca que os alunos chegam à escola sem nenhuma noção de leitura ou de escrita. “Estamos hoje com três meses de aula e eles já conseguem avançar; temos alunos que até já foram trocar a identidade, cuja assinatura era a digital e agora já conseguem escrever seu nome; portanto, esse programa traz dignidade às pessoas”, ressalta.

Jessé Dantas: “Alguns alunos já foram trocar a identidade”. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Além de Rio Branco, onde o Alfabetiza Acre/EJA está com 226 turmas, o programa atende também os outros 21 municípios do interior. “E nós, da Secretaria, além de ofertamos todo o material escolar, também oferecemos formação para os alfabetizadores”, relata.

Ensina desde 1988

Na turma do programa Alfabetiza Acre/EJA, aberta na João Paulo II, quem ensina e orienta os alunos é a professora Janete Figueiredo. Formada em pedagogia, atua na formação e alfabetização de pessoas adultas desde 1988, tendo passado por programas como o Mova e o Alfa 100.

Professora Janete Castro: “Gosto de ensinar, é gratificante”. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Morando há 42 anos no bairro Boa Vista, na região da Baixada da Sobral, cuja associação de moradores ajudou a fundar em janeiro de 1988, Janete diz que gosta de ensinar, de retribuir, por meio do ensino, o que as pessoas fazem de bom.

A educadora adota o Método Paulo Freire, que tem como princípio a perspectiva de que o aluno tem sempre algo a aprender e a ensinar em sala de aula. “Gosto de ensinar, é gratificante, eu gosto de retribuir ao próximo, pois o meu conhecimento termina onde começa o conhecimento deles”, esclarece.

Ler a Bíblia

Para ler a Bíblia. Foi para isso que seu Raimundo de Oliveira, de 66 anos, se matriculou no programa Alfabetiza Acre/EJA. Porteiro e zelador da Igreja Deus é Amor do bairro Boa União, onde mora, diz que está aprendendo a ler “a palavra de Deus”.

Na infância, morava em Manaus (AM), mas perdeu o pai aos 3 anos de idade e a mãe teve que batalhar para cuidar da família. Anos depois, ele também teve que trabalhar para ajudar no sustento da família e não conseguiu mais estudar. E nunca passou da primeira série do ensino fundamental, anos iniciais.

Seu Raimundo Saraiva: aprender para ler a palavra de Deus. Foto: Mardilson Gomes/SEE

“Foi na igreja que eu soube que estava tendo o programa e agora já conheço as letras, já consigo até ler algumas palavras. Eu tenho esperança que vou aprender tudo, porque eu quero muito ler a palavra de Deus”, conta.

O mesmo anseio é compartilhado por dona Francisca da Silva, de 57 anos. Dona de casa, foi trazida ao programa Alfabetiza Acre/EJA pela professora Janete, com quem estudou há alguns na Escola Ramona de Castro.

“Tive que sair, porque eu trabalhava numa madeireira, saía de madrugada, voltava tarde e chegava em casa muito cansada; mas agora, aqui no programa, já aprendi um pouco; já consigo ler, eu quero ler a Bíblia. Tem palavras que eu entendo e tem algumas que eu não entendo, mas sei que vou avançar”, afirma, confiante.

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