Responsável por garantir o funcionamento da escola a partir de um bom ambiente para os professores, alunos e demais colaboradores, além de ter a responsabilidade de manter as normas e supervisionar o projeto pedagógico. Essas são algumas das atribuições do diretor de escola, profissional que tem o seu dia comemorado hoje, dia 12 de novembro.
No Acre, mais de 500 profissionais tem essas atribuições, de fazer toda a engrenagem da escola funcionar, mantendo a base de todo o sistema escolar e se certificando de que tudo está caminhando bem. Também é o diretor escolar quem deve zelar pela qualidade do ensino.
Entre esses profissionais que pensam em tudo isso está o professor Francisco Lira, gestor da escola Diogo Feijó, de ensino fundamental, localizada no bairro Floresta, em Rio Branco. Sua vida profissional ele iniciou em 1995 como professor provisório da rede estadual de educação.
Em 1998 ele entrou para o quadro efetivo da Secretaria de Educação, Cultura e Esporte (SEE) e já em 2007, incentivado por colegas, concorreu ao cargo de diretor da Escola Maria Chalub Leite, localizada no bairro Isaura Parente. Na oportunidade ficou como suplente. Por esse tempo já havia trabalhado nas escolas Heloísa Mourão Marques (HMM), Colégio Acreano e Bertha Vieira.
Depois de algum tempo, aconteceu uma vacância na escola Diogo Feijó, onde concorreu a uma nova eleição, que ganhou, e depois ganhou a reeleição. Na Diogo Feijó, o professor Lira, como é mais conhecido, permanece até hoje, seja como gestor, seja como coordenador de ensino.
Agora, depois de substituir a professora Salete Cardoso, ele está na gestão até 2024. “É uma trajetória de muita dedicação, de muito compromisso. São 14 anos que comprovam que o nosso trabalho está dando certo e é bem aceito pela comunidade escolar”, faz questão de dizer.
Lira destaca os desafios de estar a frente da gestão escolar. “Muitas vezes você esbarra no próprio colega, no professor que reluta, você esbarra na questão da família, dos pais que não querem entender a proposta da escola, na questão da estrutura física, então são diversos os desafios que nos move”, destaca.
Parafraseando o educador Paulo Freire, falecido em 1997, ele diz que “a educação não muda o mundo, a educação muda as pessoas e as pessoas mudam o mundo”. “Nessa trajetória, em nenhum momento eu demonstro estar cansado, que não quero mais estar na gestão”, afirma.
Se reinventando
Outro gestor que enfrenta os desafios de uma administração escolar é o professor Laézio Santos. Ele tem menos tempo de gestão, a frente da Escola Tancredo Neves, no bairro da Glória, região da Baixada da Sobral, há apenas um ano e oito meses. Desde o início da pandemia, destaca, teve que se “reinventar”.
“Desde o início da pandemia, em março de 2020 tivemos que nos reinventar, tivemos que nos modificar, criar novas tecnologias, repassar para os professores e manter os alunos estudando, por isso tivemos que nos adaptar e criar os meios de repassar as informações”, afirma.
No que diz respeito ao dia do diretor, destaca que há sempre algo para comemorar, embora avalie que falte ainda muito no que diz respeito a valorização profissional. “Sabemos que a nossa valorização não está boa, mas esperamos que se olhe com mais carinho para a educação, porque o mundo gira em torno da educação”, faz questão de dizer.
Mesmo estando há apenas um ano e oito meses no mandato, o professor Laézio tem tido grande apoio da Secretaria de Educação. “Conseguimos avançar muito, estamos passando, mais do que uma reforma, por um processo de reconstrução e por isso estou muito animado”, destaca.
Ele decidiu concorrer ao cargo de diretor depois de 16 anos trabalhando na escola. O que o motivou, disse, foi a “necessidade de incrementar o meu modelo, o meu formato de gestão e muitas coisas já mudaram, os avanços estão chegando e as novidades também e tudo com o apoio da equipe da própria Secretaria”, afirmou.
Como surgiu o dia do diretor
No primeiro dia de aula de 1894, os alunos da recém-inaugurada escola-modelo Caetano de Campos, no centro de São Paulo, estranharam o ambiente. Até então, eles haviam frequentado classes improvisadas na casa de um professor ou em prédios públicos mal conservados.
A gigantesca estrutura arquitetônica do novo edifício – com 60 salas de aula, laboratórios, pátio, biblioteca e museu – era o símbolo da renovação educacional prometida com a Proclamação da República, em 1889. E o início de uma nova organização: a dos grupos escolares, criada por reformadores como Antônio Caetano de Campos (1844-1891).
Esse modelo, forjado pela proposta iluminista republicana de racionalizar custos, exercer controle e oferecer acesso à Educação para todos, reunia de quatro a dez grupos de alunos, que até então estudavam isolados. As crianças passaram a ser organizadas por classes seriadas de acordo com o nível de conhecimento, com um docente para cada 40 pupilos.
Funcionários com formação diversa passaram a cuidar da aplicação do currículo e do gerenciamento da escola. A fiscalização dessa instituição não poderia mais ser realizada a distância pelos inspetores. Era preciso ter alguém dentro da escola e, assim, surgiu o cargo de diretor. Cabia a ele fazer a interlocução junto ao governo e determinar as diretrizes administrativas e pedagógicas dos grupos.
A influência dele passou a ser tão grande que quem exercia o posto era frequentemente convidado para assinar artigos em revistas e jornais, fazer conferências e se tornar conselheiro de secretários de estado. João Lourenço Rodrigues (1869-1954), inspetor geral de ensino de São Paulo, assinalou em relatório de 1908: “A escolha do diretor é uma questão de vida ou morte. Pode-se dizer, em geral, que tanto vale o diretor, tanto vale o grupo”.
Essa concepção de organização escolar espalhou-se durante as três primeiras décadas do século 20 para estados do Sul ao Nordeste. Porém o ideal republicano de Educação para todos, tendo os grupos escolares como embrião, não se concretizou. A falha foi pedagógica e também material.
A homogeneização das classes otimizou recursos e esforços, mas a escola republicana gerou altos padrões de seleção e exigência – que acabaram por excluir as crianças de classes menos favorecidas. Concebida para ser do povo, tornou-se das elites.
Faltaram professores qualificados, estrutura para atingir o interior e atender toda a demanda gerada com o crescimento demográfico e recursos para a construção de novos estabelecimentos nos padrões de excelência da Caetano de Campos. Em 1920, o estado de São Paulo tinha 67,9% das crianças em idade escolar fora das salas e 74,2% da população era analfabeta. (Gustavo Heidrich)