Para atualizar os profissionais de saúde sobre a utilização e controle do medicamento talidomida, o Departamento de Vigilância em Saúde, por meio da Divisão Estadual de Vigilância Sanitária, realiza nos dias 3 e 4 de julho – terça e quarta-feira – o Curso de Atualização sobre a RDC 11/2011- resolução que dispõe sobre o controle da substância talidomida e do medicamento que a contenha. O curso ocorre no auditório da Secretaria de Estado de Saúde, das 8 às 12 horas e das 14 às 18 horas.
O evento está direcionado aos profissionais médicos, farmacêuticos, fiscais de vigilância sanitária estadual e municipal, e aos demais técnicos que trabalham diretamente com a talidomida nas unidades de saúde pública. Dois farmacêuticos da Anvisa serão os instrutores da oficina.
“A nova resolução passou a vigorar em junho de 2011 e um dos objetivos é promover o uso racional, como também ter maior controle desse medicamento devido às conseqüências causadas em mulheres grávidas, uma delas é a má formação nos braços e pernas dos bebês, entre outros tipos de deficiência física”, informa a gerente da Divisão de Vigilância Sanitária, Albertina Costa.
Ela diz ainda que além de atualizar os profissionais, o curso visa estabelecer novos parâmetros para a utilização da talidomida no Brasil. “Este curso esclarecerá aos profissionais sobre a importância do controle e da fiscalização quanto ao consumo dessa substância por mulheres em idade fértil, para evitar o nascimento de crianças vítimas do uso incorreto do remédio”, esclarece Albertina.
Talidomida
O medicamento foi desenvolvido na Alemanha em 1954 como sedativo e com a comercialização gerou milhares de casos de focomelia – síndrome caracterizada pela aproximação ou encurtamento dos membros junto ao tronco do feto tornando-os semelhantes aos de uma foca devido ultrapassar a barreira placentária e interferir na sua formação. A utilização durante a gravidez também pode provocar graves defeitos visuais, auditivos, da coluna vertebral e, em casos mais raros, do tubo digestivo e problemas cardíacos.
A ingestão de um único comprimido nos três primeiros meses de gestação ocasiona a focomelia. No entanto, em 1965 foi descoberto o seu efeito benéfico no tratamento de estados reacionais em hanseníase e não para tratar a doença propriamente dita, o que gerou a sua reintrodução no mercado brasileiro com essa finalidade específica. A partir daí foram descobertas inúmeras utilizações para a droga no tratamento de Aids, lúpus, doenças crônico-degenerativas – câncer e transplante de medula.
Uso da Talidomida por mulheres
A Talidomida, por força da Portaria nº 354, de 15 de agosto de 1997, é proibida para mulheres em idade fértil em todo o território nacional. Apesar da proibição, em casos especiais, médicos receitam a droga. Mulheres que tomam a medicação não podem engravidar sob o risco de gerar crianças com a síndrome. O remédio inibe o efeito de anticoncepcionais, por isso a orientação para o uso de outros métodos contraceptivos.
Tratamento com talidomida em Homens
Conforme a Resolução n° RDC 140/2003 da Anvisa, a bula do medicamento informa que “os homens que utilizam a Talidomida e mantém vida sexual ativa com mulheres em idade fértil, mesmo tendo sido submetidos à vasectomia, devem ser orientados a adotar o uso de preservativo durante o tratamento” e ainda “sobre a importância dos usuários não doarem sangue ou esperma”.
Além disso, a medicação em homens causa efeitos colaterais como Pseudo-abdome – dor súbita de intensidade variável no abdome – e neuropatia periférica que os pacientes apresentam após o uso contínuo da talidomida. Tais efeitos geram dores insuportáveis, só aliviadas com aplicações moleculares, não disponíveis na rede pública de saúde.