Professores seguem firmes na carreira e acreditam no futuro da profissão

“Ser ou não ser, eis a questão”. Uma das frases mais antigas que o mundo contemporâneo conhece representa, como nenhuma outra, o momento decisivo na vida de quem deseja lecionar. Há mais de 400 anos, o dramaturgo William Shakespeare nem imaginava, mas a frase, registrada na peça Hamlet, faria todo o sentido na vida de um professor.

O cotidiano repleto de dificuldades é enfrentado quase que normalmente na área educacional. A realidade de alguns professores é dura e, de vez em quando, chega até a amargar a boa vontade que eles levam até a escola.

Aline Bispo, professora de 24 anos, lecionando na escola Heloísa Mourão Marques (Foto: Thais Farias)

Por vezes, esses profissionais precisam lidar com o sentimento do outro e famílias inteiras. São incontáveis os motivos que podem levar um mestre a desistir da profissão e buscar algo menos desgastante que a educação para ganhar o pão de cada dia.

No entanto, os professores que se formam a cada ano ainda cultivam a esperança plantada pelos docentes mais experientes e acabam escolhendo a carreira para a vida. Estes, estão longe de pensar em abandonar a sala de aula.

São pessoas que integram uma categoria sedenta por mudanças no ensino e no mundo, de uma forma geral. Até mesmo os alunos já perceberam que elas são especiais.

Menina, mulher e professora

Aline Bispo tem aparência e espírito de menina. Aos 24 anos, de segunda a sexta, pontualmente às 7h30 da manhã, ela recebe a turma com um largo sorriso no rosto e um bom humor que já lhe é característico, segundo os próprios alunos.

Professora de Língua Portuguesa há três anos na escola Heloísa Mourão Marques, pode, facilmente, ser confundida com uma das estudantes, não fosse tamanha responsabilidade que carrega ao dar conta de aproximadamente 100 alunos, atualmente.

“Vejo minha profissão como um grande desafio, pois a situação em que vivemos hoje requer garra, ousadia, luta e humanidade”, destaca Aline (Foto: Thais Farias)

Nem mesmo o abalo político-econômico do país na área da educação balançou seu desejo de estar à frente de uma sala de aula. “Vejo minha profissão como um grande desafio, pois a situação em que vivemos hoje requer garra, ousadia, luta e humanidade”.

Relação professor e aluno

O dia a dia não é fácil. O trabalho começa antes mesmo de chegar à sala de aula. Calendário escolar, planejamento de aulas, elaboração de atividades, tudo isso requer um tempo que vai além do horário de trabalho e, estende o exercício de professor até sua própria casa. Fato que faz com que sua relação com os alunos ultrapasse a zona de aprendizado e torne-a muito mais afetiva e familiar.

Aline diz que “ao perceber que os alunos aprenderam o conteúdo, se posicionam com pensamentos reflexivos e críticos quanto ao mundo mostram que meu esforço surtiu efeito”.

Inibida com atitudes de desrespeito, teve que enfrentar o preconceito alheio para provar para si e para todos sua capacidade.

“No início pensei em desistir. Além de ser muito nova, não tenho uma altura tão favorável. Porém, o fato de ser nova e estar em um ambiente de trabalho escolar, e demonstrar responsabilidade e autonomia, fizeram com que pensamentos ultrapassados e preconceituosos ficassem para trás e prevalecessem minhas características profissionais”, pondera.

A boa relação de respeito entre aluno e professor é importante para o melhor aprendizado (Foto: Arquivo Secom)

Hoje, de uma forma geral, Aline considera sua interação com os alunos e seus familiares extremamente boa e perpassa o respeito, justiça e colaboração. Além disso, sempre procura levar para a sala de aula questões sociais para suscitar um debate inclusivo e democrático. “Acredito que, por meio do respeito, para ambos as partes, conseguimos atingir nosso objetivo na escola”, ressalta.

A professora Aline Bispo deixa um recado àqueles que pretendem alçar voo nessa empreitada. “Vistam a camisa. A batalha é grande, mas a sensação de vitória com cada aprendizagem, carinho e respeito conquistado é gratificante. Vamos nos unir e fazer a diferença juntos”.

Educação em movimento

O governo do estado investe na qualificação desses profissionais. A Secretaria Estadual de Educação e Esporte do Acre (SEE) atua com formações pedagógicas para todos os profissionais dos educadores da rede pública, priorizando sempre a qualidade do ensino nas escolas.

Conforme o setor de Lotação da SEE, são aproximadamente 5.383 professores, somente em Rio Branco, recebendo capacitações e quase 12 mil professores nos demais municípios acreanos.

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