Produzir é com o Ceará, do Polo de Santa Luzia, em Cruzeiro do Sul

Ceará produziu 1,5 tonelada de peixe no ano passado (Foto: Alexandre Carvalho)

Ceará produziu 1,5 tonelada de peixe no ano passado (Foto: Alexandre Carvalho)

Um dos pioneiros do Polo Agroflorestal de Santa Luzia, a 40 quilômetros de Cruzeiro do Sul, Antônio da Silva Cruz, mais conhecido como Ceará, é um dos pequenos produtores rurais mais entusiasmados do Vale do Juruá, com sua propriedade sendo considerada uma das mais produtivas da região.

Nascido no seringal Iracema, no Riozinho da Liberdade, a três dias de motor subindo o rio Juruá, Ceará planta, cria e cultiva um pouco de tudo em sua propriedade de 33 hectares.  Ali, ele planta mandioca, arroz, milho, feijão, laranja, melancia, coco e açaí. E também cria peixe, galinha, porco, ovelha e gado. Ainda cultiva o mel especial da abelha sem ferrão. Mais fértil que a terra do Ceará impossível.

Ex-seringueiro e ex-peão de fazenda, o agroflorestal produz tanto hoje que diz não ter mais área para desmatar para plantar, criar e cultivar mais. “Cheguei ao limite da exploração da minha área florestal”, diz Ceará, ao ressaltar que a solução para continuar crescendo na produção agrícola é ampliar o número de matrinchãs, tambacus, curimatãs, piaus e pirarucus que cria em dois tanques e dois açudes de sua propriedade.

“Espero que o governo do estado, que já me ajudou com as ovelhas, com a piscicultura e com a estrada, possa me ajudar na ração para criar mais peixes e alevinos, mantendo intacta a minha área florestada”, diz Ceará, 53 anos, casado, pai de quatro filhos e dois netos.

O agroflorestal começa a criar abelha sem ferrão para produzir e vender mel (Foto: Alexandre Carvalho)

O agroflorestal começa a criar abelha sem ferrão para produzir e vender mel (Foto: Alexandre Carvalho)

Com isso, ele espera passar da 1,5 tonelada, que colheu de peixe no ano passado, para três toneladas este ano. Do governo, o produtor agroflorestal cruzeirense recebeu 12 ovelhas e um carneiro, além de ter contado com ajuda para ampliar um dos dois tanques de criação de peixe. A ajuda na piscicultura e na criação de ovelhas foi dada pela Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof).

Outra ajuda do governo Tão Viana, que Ceará considera “de grande importância” para todos os agricultores da sua região, foi a perenização do tráfego da BR-364, que permite hoje a todos eles chegarem rapidamente com sua produção em Cruzeiro do Sul, Tarauacá, Rio Branco e na maioria das cidades acreanas.

Apostando na diversificação para ampliar a renda

“Nós queremos desenvolver ainda mais a piscicultura para podermos preservar o meio ambiente, que tanto é falado. Então, nós estamos precisando de mais apoio para poder fazer essa preservação”, diz o produtor Antônio da Silva Cruz, que também quer ajuda para ampliar sua produção do mel especial da abelha sem ferrão.

O agroflorestal Ceará é um dos muitos produtores assentados nos sete ramais que formam hoje o Pólo Agroflorestal de Santa Luzia, que foi originário de um dos grandes projetos de assentamentos criados pelo Incra no Acre, no decorrer das décadas de 70 e 80, do século passado. Ali, os pequenos agricultores promovem a diversificação da produção para ampliar suas rendas.

Apostando na especialidade do mel da abelha sem ferrão (Foto: Alexandre Carvalho)

Apostando na especialidade do mel da abelha sem ferrão (Foto: Alexandre Carvalho)

Os pólos agroflorestais foram expandidos no Acre após a chegada dos governos da Frente Popular, que dispuseram terras próximas das cidades para os pequenos agricultores desenvolverem atividades agrícolas e florestais de forma sustentável e com acesso à infra-estrutura básica de transporte, energia, comercialização e serviços sociais.

Através da Seaprof e da Seap, comandadas pelo engenheiro agrônomo Lourival Marques de Oliveira Filho, os produtores de Cruzeiro do Sul e dos demais municípios acreanos obtêm assistência técnica, mudas para o plantio e transporte para os produtos comercializados pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) dos governos estadual e federal. Além disso, o governo promove a mecanização agrícola para ampliar a produção de alimentos básicos e o número de tanques e açudes de criação de peixe.

Compartilhe:

WhatsApp
Facebook
Twitter