Foram quatro dias de imersão vivenciados por representantes de 26 estados e do Distrito Federal, na Oficina de Capacitação dos Produtores da 12ª Mostra Cinema e Direitos Humanos, de 31 de outubro a 2 de novembro, em Brasília.
Promovida pelo Ministério dos Direitos Humanos (MDH), a mostra apresenta nesta edição como principal foco os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), 10 de dezembro. A produção é do Instituto Cultura em Movimento (ICEM).
As atividades iniciaram com a imersão nos 30 trinta artigos da DUDH. O momento conduzido pela Diretora de Promoção e Educação em Direitos Humanos do MDH, Juciara Rodrigues motivou a reflexão coletiva.
Juciara apresentou questões que contribuíram para o surgimento Declaração Universal dos Direitos Humanos.
“É preciso falar sobre esse contexto. A Declaração surge como um grito de liberdade e o clamor por respeito, contra o fascismo e as milhões de mortes da 2ª Guerra Mundial. Não podemos subestimar o mal, que vem desde a antiguidade com a luta entre Atenas e Esparta. Já na época de Hitler, o primeiro ato foi contra crianças com deficiência, depois a perseguição à população LGBT e, depois, o extermínio de judeus”, disse.
Um dos filmes exibidos na oficina foi o documentário Histórias da Fome no Brasil, com roteiro e direção de Camilo Tavares, idealizado por Daniel de Souza, presidente da Ação da Cidadania, filho do sociólogo Betinho. O filme faz parte da programação da Mostra Temática.
O documentário mostra uma cronologia da fome no país – do Brasil Colônia até as políticas públicas recentes que culminaram na saída do Brasil do Mapa da Fome divulgado pela ONU.
Após a exibição, Daniel de Souza debateu com os produtores. Segundo ele, os dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) apontam que o Brasil está voltando para o Mapa da Fome.
“Perdemos a comunicação na ponta. A minha forma de contribuir é produzir filmes e difundir para uma formação política para que as pessoas entendam o que está acontecendo. A gente tem que se apropriar e voltar a dialogar com o povo. Os filmes têm que ser mostrados para um grande número de pessoas. Fazer circular é uma forma de militar”, comentou Daniel.
Mostra em Rio Branco – De 15 de novembro a 15 de dezembro de 2018, a mostra será realizada nas capitais. Em Rio Branco a data é de 5 a 10 de dezembro no Cine Teatro Recreio. A entrada é franca.
A mostra ocorre na capital há nove anos. Ao todos serão 24 sessões, 35 filmes entre curtas, médias e longas, de ficção e documentário, divididos em três segmentos: Panorama, Temática, Homenagem e Mostrinha.
A Panorama contempla direitos das pessoas com deficiência, população LGBT, memória e verdade, crianças, adolescentes e juventude, pessoas idosas, população negra, população em situação de rua, mulheres, segurança pública e direitos humanos e outros.
O homenageado deste ano é o ator Milton Gonçalves. Com uma filmografia de 70 produções no cinema, o ator e diretor é um dos mais completos artistas do país.
Milton carregou sempre em sua carreira uma preocupação grande em desenvolver uma arte dramática ligada a política, que despertasse nas pessoas a compreensão sobre os problemas sociais e as motivasse a lutar. De sua extensa carreira, podemos destacar sua participação em Arena contra Zumbi, de 63, e Eles não usam black-tie (peça e longa-metragem), ambos de Gianfrachesco Guarnieri; além de inúmeros outros filmes e participações na TV.
Um dos diferenciais da mostra são as sessões de acessibilidade, realizadas para pessoas com deficiência auditiva (filmes com closed caption), e deficiência visual (filmes com audiodescrição ou Libras).
Mostrinha – Direcionada para o público infanto-juvenil, a Mostrinha é realizada paralelamente ao circuito principal em sessões pela manhã e tarde para alunos do ensino fundamental de acordo com a temática dos filmes. Apresenta curtas que abordam a temática de direitos humanos de forma lúdica.
O evento conta com a parceria do governo do Estado, por meio da secretaria de Direitos Humanos, Fundação de Cultura Elias Mansour e secretaria de Comunicação, além do apoio da prefeitura de Rio Branco, através da secretaria municipal de Direitos Humanos e Fundação de Cultura Garibaldi Brasil.
“A mostra procura levar educação amorosa e libertária, para que a sociedade possa refletir qual nosso papel no mundo. É uma forma de lutar e resistir a qualquer tipo de opressão, de objeção em relação ao exercício da nossa cidadania e direitos. Não podemos perder conquistas”, concluiu Juciara Rodrigues.