Desde o início da experiência agricultores dispensaram as queimadas
Produtores reconhecem no plantio de leguminosas um recurso viável para a produção sem a utilização do fogo. A mucuna-preta e a puerária fazem parte do dia-a-dia de milhares de produtores do Acre que aprenderam a extrair os benefícios das espécies. E eles garantem que embora o processo seja demorado os resultados alcançados são satisfatórios. Em média existe a necessidade de esperar no mínimo dezoito meses, período em que a terra é preparada, para o plantio.
A prática é incentiva pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Meio Ambiente (Sema), Instituto do Meio Ambiente do Acre (Imac) e Secretaria de Extensão Agroflorestal e de Produção Familiar (Seaprof), Secretaria de Agricultura (Seap) e Instituto de Terras do Acre (Iteracre). As leguminosas são utilizadas na recuperação dos solos e já se constituíram em uma importante alternativa ao uso do fogo. O Governo estima que mais de duas mil famílias já trabalhem com este processo nas regionais em substituição às queimadas. A meta é que em 2009 este número chegue a 4 mil famílias. Para isso cerca de 100 toneladas de mucuna serão compradas e distribuídas aos produtores.
“O Governo do Estado age de forma a instruir e oferecer ferramentas para que a própria população saiba se organizar”, disse a presidente do Imac, Cleísa Cartaxo.
Quinze produtores que compõem o Grupo de Agricultores Ecológicos do Humaitá já desenvolvem o processo de alternativas ao uso do fogo há dez anos. O grupo foi fundado em 1998, e desde então tem contribuído com a conservação ambiental e melhoria social de famílias envolvidas. De acordo com presidente do Grupo, Raimundo Nonato Borges, um dos resultados obtidos com o uso das leguminosas foi a produção sem o uso de agrotóxicos. “Nossa produção é 100% orgânica”, ressalta o produtor. As mercadorias são comercializadas no Novo Mercado Velho em Rio Branco.
Para o produtor Idelbrando de Souza o uso desta alternativa traz inúmeras vantagens. Dentre elas o aumento da produção e da qualidade dos produtos, além de diminuir a demanda por profissionais. “Não é fácil trabalhar sem utilizar o fogo, mas não é impossível. Além disso, os resultados são muito melhores”, disse ele.
Para socializar os métodos e atuar como multiplicadores o Grupo de Agricultores Ecológicos do Humaitá organizou o 1° Dia de Campo da Agricultura Ecológica.
O evento reuniu os produtores do Humaitá, de Bujari, Rio Branco, Plácido de Castro e de Porto Acre, e também extensionistas, técnicos, agrônomos e engenheiros para participar das discussões acerca das políticas públicas de alternativas ao uso do fogo. Para o secretário de Extensão e Produção Familiar, Nilton Cosson, os encontros visam dar visibilidade às práticas que vem alcançado bons resultados. “Os produtores do Humaitá são exemplos de como se deve produzir com sustentabilidade”.
Durante o dia de troca de experiências os roçados de abacaxi, café, milho, mamão, banana, feijão e arroz foram apresentados aos visitantes. “Buscamos fortalecer as ações e ampliar as experiências para todo o Estado. Os produtores que utilizam as alternativas dever atuar como multiplicadores e incentivadores da iniciativa”, concluiu o secretário Nilton Cosson.