Produtores de Feijó recebem incentivo do governo para plantar açaí

O Centro de Produção de Mudas de Açaí, em Feijó, já produziu 300 mil mudas de açaí-solteiro (Foto: Assessoria Seaprof)

O Centro de Produção de Mudas de Açaí, em Feijó, já produziu 300 mil mudas de açaí-solteiro (Foto: Assessoria Seaprof)

O Centro de Produção de Mudas de Açaí, instalado no Polo Agroflorestal de Feijó, já produziu 300 mil mudas do fruto do tipo açaí-solteiro (Euterpe precatoria), que começam a ser distribuídas aos produtores familiares da região. O programa do governo do Estado tem como meta o plantio de dois mil hectares da palmeira. Os plantios são diversificados entre adensamento de capoeiras, em sistema aberto e consorciado com outras culturas.

A consolidação da cadeia produtiva do açaí é uma das atividades incentivadas pelo governo do Acre em Feijó. A produção de mudas para distribuição aos produtores rurais está sendo feita no Centro de Produção, instalado na BR-364, quilômetro 3, com capacidade para produzir 700 mil mudas.

A ação é mais uma estratégia do governo para que os produtores tenham alternativas para produzir e obter renda com práticas agrícolas sustentáveis, que evitam a queima e a derrubada da floresta.  O Programa Açaí de Feijó consiste no fomento para a implantação de dois mil hectares de área plantada com açaí da região, considerado um dos melhores da Amazônia.

A produção e cultivo do açaí vêm despertando grande interesse por conta de suas propriedades nutricionais e por ter se tornado uma importante fonte de renda e emprego, o que levou a cultura à conquista de novos mercados, fator de fundamental importância para a economia local.

“O arranjo produtivo local de açaí em Feijó ainda é incipiente, e o incentivo do governo, com distribuição de mudas e assistência técnica para viabilizar a produção, pretende atender 400 famílias com o programa”, explica o secretário de Produção, Lourival Marques, acrescentando que a atividade produtiva também deverá contribuir para a recuperação de áreas degradadas.

Secretário Lourival Marques se encontra com produtores de açaí do município de Feijó (Foto: Assessoria Seaprof)

Secretário Lourival Marques se encontra com produtores de açaí de Feijó (Foto: Assessoria Seaprof)

O tempo médio para as mudas começarem a produzir é de cerca de cinco anos. A previsão  é de que o Programa Açaí de Feijó irá possibilitar a produção de 24 mil toneladas do fruto, o que deverá resultar numa renda de R$ 12,7 milhões ao ano. Quando processados, esses frutos podem gerar aproximadamente 21 milhões de litros do mais puro açaí.

O diretor de Produção Familiar, Edvaldo Pinheiro, explica que a assistência técnica desenvolvida para os integrantes do programa está trabalhando em três modalidades. O plantio de açaí pode ser feito tanto no adensamento de capoeira como plantio em sistema aberto, que necessita de mecanização e irrigação, como também o plantio consorciado com outras culturas, como o café e a banana.

Produtor optou pelo cultivo adensado como alternativa para recuperar área degradada

“Vale mais produzir o açaí que criar boi”, diz o produtor Antônio Nascimento (Foto: Assessoria Seaprof)

“Vale mais produzir o açaí do que criar boi”, diz o produtor Antônio Nascimento (Foto: Assessoria Seaprof)

Antônio Felipe de Souza Nascimento tem a sabedoria típica dos extrativistas. Ele sabe que a floresta pode render bons frutos para quem sabe respeitá-la. Há três anos plantou duas mil mudas de açaí em um espaço de capoeira (área de mata rasteira onde foi derrubada a floresta). Gostou do resultado e, no ano seguinte, plantou mais mil mudas. Agora vai totalizar seis hectares de plantio de mudas de açaí com o plantio total de 24 mil mudas.

“Se o produtor cuidar vai dar certo. Basta uma limpeza por ano e a planta se desenvolve”, explica o produtor. Antônio é o dono da colônia “Deus é Amor”, localizada na BR-364, quilômetro 47, em Feijó. Ele conta que um dos motivos que despertou seu interesse pelo açaí é que comprou o fruto, pagando cerca de R$ 15 a lata, e produziu seis mil litros de polpa.

“Vendi por R$ 4 o litro. Significa que vale mais produzir o açaí que criar boi”, disse. “Vinte pés de açaí vão render cerca de cinco latas do fruto, ou seja, 50 litros de polpa. Posso alcançar até R$ 200 com a venda dessa polpa. E isso sem grande esforço ou despesas. Uma bezerra demora cinco anos para  reproduzir, o que significa cinco anos de despesas. Sem contar que ainda reflorestamos com o açaí, e com o boi tem é que derrubar mais a floresta.”

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Vinho amazônico

O açaí se tornou a “fruta da moda” no sul e sudeste, onde encontra grande mercado (Foto: Arquivo Secom)

O açaí se tornou a “fruta da moda” no Sul e Sudeste, onde encontra grande mercado (Foto: Arquivo Secom)

O açaizeiro, palmeira típica da Amazônia, de cujos frutos se obtém um “vinho” – como é chamada a polpa do açaí diluída em água – tradicional na cultura dos povos da floresta, faz parte da dieta básica de algumas populações locais e atualmente se tornou “a fruta da moda” nas grandes capitais do Sudeste brasileiro (Rio, São Paulo, Belo Horizonte), onde o suco de açaí vem sendo muito consumido como energético pelos adeptos da vida natural e pelos que cultuam a boa forma física.

Com o açaí é possível também produzir grande variedade de alimentos. Podem ser ingeridos na forma de bebidas, doces, geleias e sorvetes. Para ser utilizado na alimentação, o açaí deve ser primeiramente despolpado em máquina própria ou amassado manualmente (depois de ficar de molho na água), para que a polpa se solte e, misturada com água, transforme-se em um suco consistente.

Também as sementes, limpas, são muito utilizadas para o artesanato. Quando descartadas, servem como adubo orgânico para plantas.{/xtypo_rounded2}

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