O projeto de impulsão à piscicultura acreana realizado pelo governo do estado tem sido tão bem recebido pelos pequenos produtores acreanos, que até quem não foi beneficiado diretamente por suas ações resolveu apostar. É o caso de 60 famílias assentadas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no município de Assis Brasil, que resolveram investir no projeto através de iniciativa própria e agora contam com a ajuda do governo do estado para conquistar o mercado peruano com o peixe brasileiro.
Quando o Incra decidiu há alguns anos assentar 93 famílias naquela que viria a se tornar a Comunidade Paraguaçu, as ações não foram imediatas, mas o dinheiro do crédito habitação foi liberado com velocidade. Por passar algum tempo parado na conta da instituição, o montante gerou R$ 500 mil através de juros. E após o assentamento das famílias ficou a dúvida: como investir esse dinheiro extra? Foi então que os próprios produtores, observando os resultados das ações de produção rural do governo, decidiram na piscicultura.
Com o dinheiro garantido para a construção dos açudes e aquisição de insumos, os produtores ainda conseguiram total apoio do governo do estado, através da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof). “Compramos a ideia e estamos com nossas máquinas, totalmente novas, adquiridas através do programa de mecanização, ajudando a fazer os açudes. Os produtores ficaram responsáveis pelo combustível e os canos”, conta Marcos Góes, assessor técnico da Seaprof em Assis Brasil. Ao todo são 40 horas de trabalho das máquinas para cada produtor.
Peixe para exportação
Agora, as 60 famílias que resolveram aderir ao projeto se preparam para conquistar o mercado peruano, já que o município é o mais próximo da fronteira com o país vizinho, ligado pela Estrada Interoceânica, a BR317. Eduardo Padilha, um dos produtores assentados e presidente da Associação Bacia Comunidade Paraguaçu, conta que esteve pessoalmente em Porto Maldonado e descobriu as preferências peruanas de pescado.
“Os peruanos adoram a Piratininga. E o peixe de no máximo um quilo é o ideal para eles. Portanto vai dar de tirar duas vezes por ano o nosso peixe e o lucro é certo e alto. Dá muito mais certo que se fossemos vender para Rio Branco”, explica Eduardo. O presidente da Associação também explica que dos 11 acordos comerciais entre Brasil e Peru, um deles favorece a venda de peixe.
Já foram encomendados 30 mil alevinos e a ração inicial. A primeira leva para venda deve sair no começo do ano que vem.