Presidente do maior grupo cooperativo do mundo visita o Acre

Objetivo é o fortalecimento da ação cooperativa no Estado através do conhecimento técnico e de excelência na área

dsc_0035_110708.jpg

Binho recebe os executivos da espanhola Mondragon. Foto: Sérgio Vale/Secom

O presidente da Mondragon Corporação Cooperativa Internacional, Jesus Herrasti, e o representante da empresa no Brasil, Ibrahin Elias, reuniram-se na noite desta quinta-feira, 10, em Rio Branco com o governador Binho Marques e o ex-senador Sibá Machado. De origem espanhola e detentora de alto conhecimento sobre cooperativismo, a Mondragon tem interesse em investir na qualificação e formação de lideranças no segmento no Acre. Para isso, existe a possibilidade da formalização de um acordo que envolverá várias instituições do Estado, como o Instituto Dom Moacyr, unidade especializada no ensino técnico e profissionalizante, e a Mondragon.  O ensino de excelência, como cursos de MBA, também pode fazer parte do convênio.

"É a primeira vez que venho ao Acre. Pude ver que se trata de um Estado jovem e de pessoas decididas. Por isso estamos trabalhando para atuar na área de conhecimento", disse Herrasti, cuja presença no Acre foi organizada por Sibá Machado, que esteve na Espanha, sede da Mondragon, para iniciar a possibilidade de um acordo entre o Acre e a corporação.  A Mondragon é hoje a maior cooperativa do mundo, com sede em Bilbao no País Basco.  Hoje conta com mais de 42 mil  postos de trabalho, constituindo um grupo empresarial integrado por mais de 120 empresas.  "A Mondragon tem muita experiência e isto pode colaborar no projeto de desenvolvimento do Acre", explicou Sibá.

Acompanharam o governador na reunião com Herrasti e Ibrahin os secretários Fábio Vaz, Xavier, Carlos Rezende e César Dotto. Herrasti e Ibrahin visitaram unidades industriais no Vale do Acre, como a fábrica de preservativos masculinos de Xapuri e a fábrica de pisos. Também está sendo avaliada a participação da Mondragon em algum empreendimento no Estado.

Segundo informa da companhia, a divisão interna da Mondragon Corporação Cooperativa, MCC, é estruturada nos setores financeiro, industrial e de distribuição. No setor financeiro, a corporação possui um Banco próprio chamado "Caixa Laboral". Este oferece serviços financeiros para todas as cooperativas do MCC e a terceiros. Desenvolvem também com outra entidade um serviço de leasing, de seguros e de previdência social, que orientam a atividade financeira, otimizando a rentabilidade e os fundos patrimoniais. Na distribuição, o MCC possui hipermercados, agências de viagens, estacionamentos e postos de gasolina. Já no setor industrial, a corporação é formada por dezenas de empresas, divididas em grandes setores. Trabalham desde máquinas pesadas até eletrodomésticos.

O grupo começou no ano de 1956, quando cinco alunos da Escola Politécnica de Mondragon, fundada pelo Padre José Maria Arizmendiarrieta, abriram a primeira unidade produtiva da entidade, uma fábrica de aquecedores. Em 1959, entusiasmados com o sucesso do grupo, abriram uma cooperativa de casas populares. Na década de 60, surgiram  inúmeras cooperativas e todas foram se associando à  Mondragon.

Ainda segundo o informe MCC,  corporação teve como bases a educação e a solidariedade. O padre José Maria acreditava que esses eram os pontos fundamentais para o surgimento de uma nova ordem social, mais humana e justa. A área educacional do projeto conta, hoje, com cinco centros de formação e três de pesquisa e tecnologia. Fazendo um paralelo com a democracia ateniense, em que o conhecimento era o principal condutor do cidadão à Assembléia, o MCC também se propõe a socializar o conhecimento. A educação corre em paralelo com a democracia: o indivíduo primeiro entra em contato com o aprendizado para depois conseguir criativamente solucionar velhos problemas, elaborando novas leis e ajudando nas decisões do grupo.

"O trabalho é entendido pelos membros da MCC como principal fator transformador da natureza, da sociedade e do princípio humano. O dinheiro entra como instrumento subordinado ao trabalho e necessário para o desenvolvimento empresarial. A busca da igualdade pode ser percebida na retribuição dos sócios, em que não é percebida grande diferença entre os postos mais baixos e os dirigentes mais altos. O funcionário mais bem pago ganha sete vezes do que o de salário mais baixo. A participação nos lucros dos sócios está condicionada aos resultados positivos da empresa ou à existência de reservas disponíveis. As cooperativas possuem uma conta independente, mas 10% dos lucros e 20% das atividades bancárias vão para o fundo comum de solidariedade que ajuda cooperativas em dificuldades. A transformação social tem sido, também, tema de grande importância na reversão dos benefícios obtidos. Com forte apoio a iniciativas de desenvolvimento comunitário, sobretudo na área educativa, o MCC ajuda com a aplicação do Fundo de Obras Sociais. Este conta com 10% dos excedentes das cooperativas", diz a nota.

A participação dos sócios na gestão empresarial é dividida em três órgãos: a Assembléia Geral, em que todos os sócios participam, é encarregada de eleger o Conselho Reitor, examinar a gestão social, aprovar as contas e as estratégias da cooperativa; o Conselho Reitor, que representa e "governa" a Cooperativa, constituído por 12 membros; e o Conselho Social, que atua como órgão assessor na representação dos sócios ante as instancias internas do MCC informando, negociando e elaborando novas propostas que canalizem iniciativas dos sócios trabalhadores.

No encontro com o governador, Jesus Herrasti recebeu um kit com produtos acreanos e um quadro produzido a partir da incrustração da madeira em madeira, arte parecida com a machetaria.  O governador acreano irá em breve à Espanha conhecer a sede da corporação.

Compartilhe:

WhatsApp
Facebook
Twitter