Prêmio Chico Mendes 2013 emociona e fortalece o legado do líder seringueiro

Cerimônia emocionou todos os presentes ao lembrar dos ideais do líder assassinado (Foto: Gleilson Miranda/Secom)
Cerimônia emocionou todos os presentes ao lembrar dos ideais do líder assassinado (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

Se estivesse vivo, o líder comunitário e seringueiro Chico Mendes teria completado 69 anos neste domingo, 15. Assassinado por defender a floresta e os pequenos extrativistas que tiravam dela seu sustento, há 25 anos o legado de Chico Mendes é lembrado e fortalecido como símbolo de luta dos povos da floresta e do meio ambiente. E em seu aniversário, o governo do Estado do Acre realizou mais uma edição do Prêmio Chico Mendes de Florestania, um momento para destacar aqueles que fazem um amplo trabalho em prol da floresta, baseados no legado de um dos maiores heróis acreanos da história.

Numa emocionante cerimônia sob a lua cheia, realizada na Praça Povos da Floresta, o Prêmio Chico Mendes foi dividido em três categorias, além de 25 homenagens a pessoas que se dedicam a preservação florestal e o desenvolvimento sustentável, e da premiação do concurso de redação “Encontro com Chico Mendes – o que mudou 25 anos depois”.

 Os premiados desta edição foram: a Comunidade Porongaba e a Organização de Agricultores Kaxinawá da Terra Indígena Colônia 27; o ex-governador Binho Marques e o alemão Karl Heinz Stecher, do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW) (Fotos: Gleilson Miranda/Secom)

Os premiados desta edição foram: a Comunidade Porongaba e a Organização de Agricultores Kaxinawá da Terra Indígena Colônia 27; o ex-governador Binho Marques e o alemão Karl Heinz Stecher, do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW) (Fotos: Gleilson Miranda/Secom)

Na categoria Comunitária, o prêmio foi dividido entre a Comunidade Porongaba e a Organização de Agricultores Kaxinawá da Terra Indígena Colônia 27, por suas atividades econômicas de respeito à floresta e verdadeiras práticas de desenvolvimento sustentável. Já na categoria Origem Estadual o vencedor foi o ex-governador e amigo pessoal de Chico Mendes, Binho Marques. E na categoria Origem Nacional ou Internacional, o alemão Karl Heinz Stecher, do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW).

“As ideias de Chico Mendes são como um ouriço de castanheira, difícil de quebrar. Eu conheci Chico Mendes muito novo e ele foi meu professor. E o mundo está cada vez mais próximo das ideias do Chico. Infelizmente, ainda falta muito, mas estamos no caminho. E fico feliz que, o que Chico Mendes me ensinou, posso ensinar agora para o mundo inteiro”, disse Binho Marques, hoje secretário nacional do Ministério da Educação.

O alemão Karl Heinz Stecher, que se mudou para o Brasil justamente no ano da morte de Chico Mendes, também não escondeu a emoção. “Esse é um momento muito especial para mim. Eu sou a única pessoa premiada aqui hoje que não teve contato com Chico Mendes, mas em 1988, em São Paulo, quando chegou a notícia da morte do Chico, fiquei muito impactado. E o que ocorreu no Acre, no meio da região amazônica, longe de tudo, foi capaz de trazer um impacto tão grande para o mundo. Agora realizo um trabalho justamente voltado a esses ideais”, disse Karl, que coordena o projeto de fomento ao crédito de carbono criado pelo KfW.

Um ideal para todas as gerações

Vice-governador César Messias lembrou que o legado de Chico Mendes deve passar para todas as gerações (Foto: Gleilson Miranda/Secom)
Vice-governador César Messias lembrou que o legado de Chico Mendes deve passar para todas as gerações (Foto: Gleilson Miranda/Secom)

O Prêmio Chico Mendes é também um símbolo do compromisso do governo do Acre em manter vivo o legado de Chico Mendes. Representando o governador Tião Viana, o vice-governador César Messias, ressaltou que: “Hoje nós temos aqui aqueles que fazem muito a partir do legado que Chico nos deixou. E temos também muitos jovens, justamente aqueles que não podem deixar esses ideais morrerem. Eu tenho certeza que, de onde estiver, Chico Mendes está feliz de ver tudo o que estamos fazendo”.

Criador do prêmio, o senador Jorge Viana é um dos maiores entusiastas daquilo que Chico Mendes nos deixou. “Nós vivíamos num país onde defender a ideia certa poderia trazer a morte. E foi isso o que ocorreu com Chico. Estamos homenageando sua memória, porque naquela época o Acre era o estado que mais destruía sua floresta, era um estado apartado. E hoje comemoramos a floresta em pé e que o Acre é um só, baseado nessas ideias que mantemos vivas”, reforçou Jorge Viana.

Além do prêmio em si, houve a premiação do concurso “Encontro com Chico Mendes – o que mudou 25 anos depois”. Mais de 700 alunos da rede pública participaram do concurso nas categorias desenho, poesia e redação. Os três primeiros lugares de cada categoria receberam troféu e certificado, àqueles em primeiro lugar também ganharam um tablet.

Para a filha de Chico Mendes, Ângela Mendes, este foi um momento único. “Eu estou muito emocionada. E assim a gente percebe o quanto essas iniciativas premiadas nos fazem bem. Porque meu pai é o verdadeiro patrono do meio ambiente do Brasil”.

Todos por Chico

Durante o prêmio, 25 pessoas e instituições foram homenageadas por seu trabalho voltado ao meio ambiente e o desenvolvimento sustentável. Em nome dos homenageados, o secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico e Florestal, Fábio Vaz, ressaltou como é necessário lembrar a luta de Chico Mendes. “Todo ano temos que lidar com pessoas negativas que dizem que o legado de Chico não existe, é irreal. Mas quando vemos jovens, como os aqui presentes, e iniciativas sustentáveis que dão certo, como as homenageadas hoje, percebemos como esses ideais sobreviveram de verdade”, disse Fábio Vaz.

O senador Aníbal Diniz é outro que afirma que Chico vive por meio daquilo que passou. “Os ideais de Chico Mendes estão vivos e mais fortes do que nunca. Se nós chegamos até aqui, com tantas conquistas, é porque nós tivemos Chico Mendes para nos guiar”.

A primeira-dama Marlúcia Cândida é a presidente da comissão organizadora da programação dos 25 anos da morte de Chico Mendes. Para ela, “essas pessoas homenageadas aqui, hoje, fazem com que Chico Mendes viva. Estamos há 25 anos trabalhando em cima de seus ideais e queremos mais 25 anos assim, passando esse cajado para as próximas gerações”.

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