Por que o Acre desponta na frente de alguns estados amazônicos nos resultados para Covid-19

Situação privilegiada de ter um laboratório de infectologia faz com que os acreanos sejam testados todos os dias, mas isolamento ainda é a maior arma para conter disseminação

O Acre tem uma ‘carta na manga’ quando o assunto é avaliação de casos de Covid-19 na região. É o Centro de Infectologia Charles Mérieux, implantado em 2016, a princípio, para estudar e desenvolver tratamentos a pessoas acometidas por hepatites virais no estado.

Laboratório Charles Mérieux, em Rio Branco, é responsável por todos os exames que já deram positivo no Acre Foto: Cortesia/Mérieux

O laboratório francês, que em território nacional só existe no Acre e na Bahia, está em Pequim, na China, e tem sede em Lyon, na França, todos conectados para promover pesquisas e oferecer exames de doenças infectocontagiosas.

A situação privilegiada em relação a muitos estados permite que o Acre saiba diariamente os diagnósticos de Covid-19, já que as amostras são enviadas ao Charles Mérieux todos os dias.

Técnicos do Laboratório Charles Mérieux, em Rio Branco, responsável por todos os exames que já deram positivo no Acre Foto: Cortesia/Mérieux

“Isso acontece por causa do processo de avaliação que é dinâmico e ao horário diário de fechamento de dados à frente, inclusive, do mapa nacional do Ministério da Saúde”, explica Tania Bonfim, técnica responsável pela Área de Influenza e Covid-19 da Sesacre.

Isso justifica o fato de Rondônia, por exemplo, sofrer com atrasos nos números confirmados da doença, já que todos os testes feitos até agora no estado vizinho foram enviados diretamente para o Instituto Evandro Chagas, em Belém, instituição para a qual o Acre também envia as suas contraprovas.

Insumos do Laboratório Charles Mérieux, em Rio Branco, responsável por todos os exames que já deram positivo no Acre Foto: Cortesia/Mérieux

Para se ter uma ideia da celeridade que o Mérieux proporciona, do dia 17 ao dia 25 deste mês, apenas três contraprovas retornaram do Instituto Evandro Chagas, dos 23 casos já testados positivo para a doença no estado.

Essa condição impacta, inclusive, na contabilidade dos casos no mapa do Ministério da Saúde. Por isso, é preciso esclarecer, sobretudo aos profissionais de imprensa, que por muitas vezes existirá uma diferença entre os números apresentados pelo Ministério da Saúde e os repassados pelo estado.

Atualmente, a política de testagem considera apenas pacientes graves, profissionais de saúde e os familiares destas duas categorias que estejam com os sintomas.

Acre tem população menor, mas testa mais que estados de grande densidade populacional do Norte

A respeito da declaração do ministro Henrique Mandetta (Saúde), ao mencionar na coletiva da tarde desta quarta-feira, 25, que “chama atenção o Acre ter baixa população e números altos” de casos confirmados de Covid-19, o Departamento de Vigilância em Saúde, da Secretaria de Estado de Saúde do Acre, ressalta que isso se deve ao suporte imprescindível dos profissionais do Centro de Infectologia Charles Mérieux, aqui em Rio Branco.

Atendentes da UPA do Segundo Distrito em Rio Branco; local é referência para a coleta de amostras para a realização de exames para coronavírus Foto: Odair Leal/Secom

Com o laboratório realizando os exames no Acre, os resultados do estado não dependem de envio de amostras para o Instituto Evandro Chagas, ao contrário de muitos dos nossos estados vizinhos, quando o número de casos positivos não vem correspondendo ao real, porque ainda não recebem com rapidez os resultados do Instituto Evandro Chagas.

Esses números que o Ministério da Saúde apresentou estão, em sua maioria, defasados na região Note.

Em síntese, não é o Acre que tem baixa população e muitos registros de casos confirmados, mas os estados de populações maiores do Norte que não têm laboratórios para testagens rápidas.

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