Empresa construtora foca trabalho nas fundações situadas no leito do rio, para que a obra avance no período chuvoso
As chuvas deram uma trégua nos últimos dias, favorecendo o andamento das obras da ponte do Rio Juruá. A empresa construtora (Consórcio Alto Juruá, formado pelas empresas Camter e Empresa Cidade), está trabalhando duro neste período de verão amazônico, tendo colocado todo seu corpo de trabalhadores (cerca de 70) na tarefa de aprontar as fundações. O objetivo segundo o engenheiro do Deracre, Domingos Sávio, é aproveitar o tempo seco e o rio baixo para aprontar as fundações que ficam no leito do rio, trabalho que deverá estar pronto daqui a 30 dias.
"Queremos estar com toda a infraestrutura das fundações concluída no verão para que possamos trabalhar sem dificuldades no tempo chuvoso. A empresa está utilizando todo seu quadro técnico e a gente tem visto que a obra está andando bem", avalia.
O engenheiro supervisor da obra, Pedro Jorge Souto Maior, conta que no total serão 82 estacas; cada duas estacas firmando um bloco de concreto que vai segurar o pilar. No momento já foram escavadas 22 estacas e três blocos foram concretados. O engenheiro conta que as estacas ficam a uma profundidade que varia de 20 a 30 metros. A perfuratriz fura os buracos até encontrar argila seca e então para. A argila seca é tão dura que acaba quebrando as brocas. "A sondagem feita garante que a profundidade é suficiente", explica.
Segundo os engenheiros, a cada 20m³ de brita é feito um teste de laboratório para conferir se não houve mudança na densidade e resistência do concreto; isto para garantir a segurança futura da ponte. Exatamente no vão da ponte, canal por onde vão passar as embarcações com cerca de 120 metros de comprimento, a altura da ponte será de 13,5 metros acima da maior cota de alagação do rio, permitindo assim que a navegação flua normalmente, durante todo o ano.
O material utilizado na ponte tem origens diversas: a brita vem de Rondônia, o cimento do Pará, o ferro de Minas Gerais e outros materiais do Amazonas, sendo esta uma das maiores dificuldades encontrada pela empresa construtora. Devido à instabilidade do tempo muitos materiais que chegavam pela BR-364 tiveram atraso na entrega, mas nada que comprometesse o andamento do cronograma da obra. "Está até um pouco adiantada em relação ao cronograma", garantiu Pedro Jorge.
Miritizal satisfeito
Os moradores do bairro Miritizal que, juntamente com os do bairro da Lagoa, terão suas vidas transformadas com a construção da ponte. A moradora Guimar Célia de Oliveira Pinheiro vê a obra com otimismo. "Acho muito boa a construção dessa ponte, aqui temos uma área com índices de violência. A ponte vai facilitar o acesso da polícia no nosso bairro".
O estudante Jerbesson Silva dos Santos, 13 anos, morador do Miritizal, estuda do outro lado do rio e acredita que a ponte também vai interferir diretamente na economia, pois não vai mais precisar pagar todo dia R$ 1, por cada travessia ao catraieiro. No ano passado, ele chegou a se mudar para o outro lado, para a casa da prima, pois não tinha condições de pagar a catraia.
O Deracre montou um escritório de intervenção em Cruzeiro do Sul, onde são tratados os casos das pessoas que precisam ser desalojadas de suas moradias nos bairros do Miritizal e Lagoa. Cerca de 70 casos já estão resolvidos. Alguns dos desalojados estão morando provisoriamente em casas alugadas – recebendo para isso uma bolsa moradia – enquanto aguardam a liberação do conjunto de 100 casas populares, construídas pelo governo, onde passarão a morar.
Ponte do Juruá – maior do Estado
Com 550 metros a ponte do Juruá será a maior do Estado. Segundo o engenheiro Pedro Jorge, em Rondônia e em Mato Grosso não existe ponte com esta envergadura. Com previsão de conclusão até o fim de 2010, a ponte terá em seus 550 metros de comprimento, quatro faixas de rolamento, com largura de 17,8m (no total, 20, 2m de vão instalado). A variante e acessos, que ligarão a ponte à BR-364, terão 12,4 km, com largura de 12 metros, englobando duas faixas de rolamento de 3,5m cada e acostamentos dos dois lados, cada um com 2,5m de largura. A variante não faz parte da BR-364, ela é o primeiro trecho asfaltado da BR-307, que vai ligar Cruzeiro do Sul ao Peru.
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