Ponte da Integração entre Brasil e Peru, em Assis Brasil, é liberada e imigrantes retornam a abrigos

Mesmo com a chegada de uma decisão judicial exigindo a retirada obrigatória e imediata dos imigrantes que estavam há mais de três semanas ocupando a Ponte da Integração, na fronteira entre Brasil e Peru, localizada em Assis Brasil, não foi necessária a realização de qualquer intervenção policial, para que os ocupantes se retirassem e fosse reestabelecido o tráfego de veículos na tarde desta segunda-feira, 8.

O tráfego de veículos foi reestabelecido por volta das 13h desta segunda-feira, 8. Foto: Ascom/Sejusp

O fato se deu graças à presença de políticas públicas estabelecidas pelo governo do Acre, que, durante os últimos dias, a pedido do governador Gladson Cameli, tem enviado representantes de diversas secretarias para a realização de atendimentos em saúde, segurança e assistência social. Esse último aspecto, inclusive, contribuiu significativamente para a negociata junto às forças de segurança, para o retorno dos estrangeiros aos abrigos e a fretagem de volta aos estados brasileiros de onde vieram.

“O governo, desde o início da crise migratória, tem marcado presença em Assis Brasil. A desocupação vem acontecendo desde a semana passada, com a passagem do governador e sua equipe pelo município, garantindo a manutenção de abrigos e a passagem de retorno aos estados de onde vieram. Hoje, após reunião com diversas instituições municipais, estaduais e federais, conseguimos a liberação da ponte de forma voluntária e pacífica. Retiramos as tendas e foi feita a limpeza do local onde estavam alojados. Dos mais de 600, restam apenas 170”, explicou Antônio Teles, coordenador do Grupo Especial de Operações em Fronteira (Gefron).

Após negociação, os imigrantes decidiram desocupar a ponte e liberar o acesso de veículos. Foto: Ascom/Sejusp

Crise migratória

Tentando deixar o Brasil com destino ao México e Estados Unidos, aproximadamente 600 imigrantes, a maioria de origem haitiana, deixaram seus abrigos e se concentraram na ponte de integração da fronteira com o Peru, em Assis Brasil, no dia 14 de fevereiro deste ano. A fronteira com o país vizinho está fechada desde março de 2020, em razão da pandemia o que causou conflitos envolvendo forças militares.

Reforço policial

Desde o início da crise migratória estabelecida na fronteira do Peru com Assis Brasil, o governo do estado garantiu a manutenção do Batalhão de Choque da Polícia Militar e do Grupo Especial de Fronteiras (Gefron), que contribuíram efetivamente para a retomada da ordem, após o conflito ocorrido no dia 16 de fevereiro, quando os imigrantes tentaram forçar a passagem na ponte, furando barreiras policiais peruanas. Além disso, o governo federal liberou o envio de 12 militares da Força Nacional e 20 policiais rodoviários federais, para a garantia do reforço a segurança e auxílio no bloqueio temporário na fronteira.

Estado de calamidade

Sendo um dos municípios mais afetados pela pandemia no Acre e ainda com a crise migratória, a Prefeitura de Assis Brasil chegou a decretar estado de calamidade pública no dia 18 de fevereiro, solicitando ajuda ao governo federal, para o envio de assistência em saúde e resolução emergencial do problema, por encontrar dificuldades com a manutenção de abrigos, estadia e alimentação.

Governador visita o município

Sensível com a situação vivenciada por centenas de imigrantes, o governador Gladson Cameli, esteve em Assis Brasil no dia 21 de fevereiro, garantindo a manutenção de assistência humanitária e colocando-se à disposição para ajudar na intermediação do conflito. Foi assegurado o direito a atendimentos em saúde e segurança, oferecidos prédios públicos para a instalação de abrigos, custeada a alimentação e ainda garantido o fretamento de ônibus para o transporte dos estrangeiros que desejarem permanecer no Brasil.

Assistência em saúde

Após a confirmação de que um dos imigrantes havia testado positivo para a Covid-19, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) imediatamente solicitou à prefeitura local um plano para a testagem a ser realizada em todos os imigrantes, a fim de detectar e separar os infectados e conter a propagação da doença.

Assistência social

Desde a instalação dos imigrantes em Assis Brasil, a Secretaria de Estado de Assistência Social, dos Direitos Humanos e de Políticas Públicas para as Mulheres (SEASDHM) vem subsidiando as famílias com entrega de alimentos, produtos de uso pessoal e de higiene, colchões e fraldas. Só nas últimas semanas foram doadas 200 cestas básicas e 240 colchões.

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