O percurso sociocultural de cada pessoa é construído com os valores afetivos adquiridos ao longo da vida. Assim, ela forma sua teia social: com as relações e locais que faz contatos usualmente. Uma composição do equilíbrio de cada indivíduo. Esses aspectos sociais são considerados nas políticas públicas, pois a valorização da história de cada cidadão é afirmada por meio da análise social dos beneficiados dos programas de habitação do estado.
“Um dos grandes desafios dos programas de habitação é a adaptação das teias sociais”, explica o sociólogo da Secretaria de Estado de Habitação (Sehab) Irlan Lins. O atendimento é composto por relatórios, que são construídos a partir dos levantamentos realizados pelas assistentes sociais. O objetivo é minimizar os impactos sociais. Por isso, geralmente as pessoas de um mesmo bairro costumam ser alocadas na mesma quadra ou em quadras próximas na Cidade do Povo.
Entretanto, com o tempo, todos os beneficiados vão se adaptando ao novo nicho. Como Ângela Costa, que mora há seis meses na Cidade do Povo. Antes, vivia no bairro Cidade Nova, que alagava, e por isso foi contemplada na primeira etapa do projeto. Seus parentes moram próximo – a mãe e a prima, com nomes homônimos (Maria José), na quadra 13, e o tio Antônio, na quadra 10. Caminho é feito a pé, porque está a quatro quadras de distância.
Os três filhos estudam na Escola Raimundo Silva Pará, que fica a duas quadras da casa. E os melhores amigos de Yasmin, a primogênita, moram um do outro lado da rua e outro a duas casas: Geferson e a Estefanie. Eles também são colegas de escola. Outro hábito é todos os irmãos irem brincar no fim de tarde na Praça da Juventude.
O marido de Ângela trabalha o dia inteiro no comércio no Centro da capital. Então, quando ela precisa ir a algum lugar, pega o ônibus no ponto final, que fica na Galeria do Comércio, também a duas quadras de distância da casa de Ângela. E é na Galeria do Comércio que a família costuma buscar itens alimentícios que complementam a feira do mês. “Vou quase todo dia buscar pão no box 1 e também no açougue que fica ao lado”. Ângela é dona de casa e garante que já se adaptou com as mudanças. “Até porque foram para melhor”, enfatiza.