Experiência acreana na redução da criminalidade é escolhida como prática inovadora no país
O programa Polícia da Família, criado pelo Governo do Estado do Acre para mediar conflitos e oferecer ações preventivas à população de 41 bairros de Rio Branco, poderá em breve se tornar modelo para outras regiões do País. Nesta semana, a iniciativa ganhou a atenção da Rede Brasileira de Policiais e Sociedade Civil (RPS) e da organização Viva Rio.
O programa — formado por policiais civis e militares — foi selecionado como prática inovadora de segurança, no workshop "Liderança para o Desenvolvimento Institucional Policial: práticas e saberes policiais", que acontece entre os dias 17, 18 e 19 de setembro, no Rio de Janeiro. A RPS é filiada à Rede Latino-Americana de Policiais e da Sociedade Civil, e é a organizadora do evento.
O conteúdo do Polícia da Família será apresentado pelo capitão Eudinez Pinheiro Ferreira, da Polícia Militar do Estado do Acre, que participou ativamente do programa como coordenador, entre 2003 e o ano passado.
O workshop reúne policiais de todos os estados do Brasil e representantes da sociedade civil brasileira, em torno de um canal de interação, de pesquisa e de reflexão voltado para temas de cidadania e de segurança pública. Pinheiro Ferreira compõe, com outro oficial do Pará, as únicas representações da região Norte.
Nestes quatro anos, os agentes da família atenderam a 13,9 mil casos. Em 2007 intermediaram ao menos 623 acordos. "Bem viver" e "dívida" lideram os termos de compromisso firmados entre os moradores, sob a tutela do programa. No ano passado, 251 pessoas se comprometeram a viver pacificamente umas com as outras, enquanto que outras 222 entraram em acordo para quitar débitos ou perdoar dívidas, dentro das próprias comunidades onde vivem.
"O grande diferencial é que se trata de uma polícia de baixo custo, pois o policiamento é realizado a pé, o deslocamento com veículos ou motocicletas é realizado apenas em situações emergenciais e possibilita ainda intermediações de serviços públicos em áreas distantes", destaca Pinheiro Ferreira, que atualmente está em João Pessoa (PB), participando de curso de pós-graduação em segurança pública.
Basicamente, o que Ferreira apresentará no workshop são as medidas adotadas pelos policias acreanos, consideradas essenciais para a redução da criminalidade. Entre elas estão as constantes visitas domiciliares, a interação com as instituições de ensino, o apoio a atividades esportivas e culturais com associações de moradores e a promoção de campanhas educativas.
O programa funcionaria, inicialmente, em três bases localizadas nos bairros Vitória, Jorge Lavocat e Santa Cecília, mas estendeu suas atividades a outras regiões vizinhas, perfazendo hoje 41 bairros da capital acreana.
