Polícia Comunitária: segurança com cidadania

Ação aproxima população da polícia, com o acompanhamento dos mediadores da Polícia Civil, cujo objetivo é reduzir os índices de violência, além de garantir um sistema forte na prevenção de crimes

A Polícia Comunitária é a mais recente ferramenta desenvolvida pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Polícia Civil do Acre, para agir de forma preventiva e mediar conflitos na área de segurança em Rio Branco. O projeto, lançado inicialmente na 2ª Regional da Polícia Civil (Segundo Distrito), conta com um efetivo de quatro investigadores especializados em mediar conflitos, sob o comando dos delegados Alberto Dalacosta, Maria Lúcia Jaccoud e Adriano Carrasco dos Santos.

O inédito sistema de integração da Polícia Civil e a comunidade é o primeiro do Brasil. O que o difere do modelo da "Polícia da Família" é o acompanhamento no após acordo das partes pelos policiais mediadores. A ação aproxima a população da polícia, mesmo quando o assunto envolve conflitos de ameaças, dependência química e maus-tratos. Tudo com o acompanhamento dos mediadores da Polícia Civil (agentes de polícia), treinados para interagir com reclamantes e reclamados.

O objetivo é reduzir os índices de violência, além de garantir um sistema forte na prevenção de crimes. O projeto integra o mais recente processo de modernização da Polícia Civil. Segundo o delegado Alberto Dalacosta, o conceito do projeto é, inclusive, bastante simples, porém, com resultados satisfatórios.

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Elen de Lima (Foto: Assessoria Polícia Civil)

POLÍCIA AMIGA I – Por intermédio da Polícia Comunitária a professora Elen de Lima e sua mãe Maria Jesus de Lima conseguiram reaver um terreno no Loteamento Farrah. Ela disse que chegou na terça-feira, 29, na 2ª Regional, temendo perder as terras que havia comprado.

"Na delegacia, a boa vontade de todos me deixou feliz. O que eles fizeram por mim, pela minha mãe é indescritível. Cheguei desesperada na unidade policial, após conversar com a delegada Lúcia Jaccoud fiquei leve, pelo tratamento que recebi. O que toda equipe fez por mim e pelo rapaz que invadiu minhas terras é algo extraordinário", completou Elen.

 OUTRO CASO – "Eu tenho sete filhos, mas dois deles enveredaram para o tráfico de entorpecente. Hoje, graças ao policiamento comunitário, meus filhos estão curados do vício", disse emocionado o dirigente religioso Francisco de Santana Soares, 54 anos, também conhecido por Abraão, morador do ramal do Belo Jardim I. Abraão conta que tinha uma maneira diferente de enxergar a polícia. Para ele, não representava amigo, mas agora mudou e oferece a mão a quem precisa de tratamento ao invés de algemas e cadeia.

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Francisco de Santana Soares (Foto: Assessoria Polícia Civil)

A esposa de Abrão, Alcemira Lima Soares, disse que ter os filhos recuperados foi sua maior alegria num período de 15 anos. Lembra que somente foi possível pelo fato de na 2ª Regional ter uma equipe com olhares voltados para os valores da família, possibilitando paz e unindo a comunidade, mesmo quando a pessoa precisa ser indiciada por um delito. Aí, o Estado através da Polícia Civil age com firmeza.

O delegado Alberto Dalacosta esclareceu que as pessoas que passam por este acompanhamento, também são responsabilizadas, no entanto a elas, é oferecida a chance da ressocialização no seio familiar e os tornam importantes fontes de informação da polícia, para avançar em outras vias de combate a criminalidade. "Nesse caso específico a polícia foi decisiva para restaurar uma família, que estava desagregada pela droga, fazendo os encaminhamentos necessários", destacou.

Outro serviço de destaque prestado pela nova polícia está relacionado ao serviço de assistência aos dependentes químicos. O agente de polícia mediador esclarece que a função do serviço é fazer uma abordagem inicial e escutar a problemática do dependente a fim de realizar os devidos encaminhamentos. A maioria das pessoas traz consigo o histórico de agressões na família.

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Terezinha Santa, presidente da Associação de Moradores do Lago do Amapá (Foto: Assessoria Polícia Civil)

POLÍCIA AMIGA II – De acordo com Terezinha Santana da Silva, presidente da Associação de Moradores do Bairro Amapá, a expectativa é grande com o policiamento comunitário, pois integra as famílias com os organismos de segurança, além de aprimorar a política da boa vizinhança. Ela lembra que durante muito tempo lutou para que um morador do bairro desviasse um bueiro que atrapalhava a comunidade, com um lamaçal no ramal de acesso à associação e que por conta dessa pendenga foi ameaçada de morte e denunciada na delegacia.

Os policiais civis comunitários foram chamados e resolveram com diálogo a situação e restabeleceram a amizade entre as partes. "Se não fosse a polícia uma discussão boba poderia ter resultado em assassinato. Contou que viu ameaçado seu trabalho de cinco anos na comunidade em virtude das ameaças de morte. Hoje posso dizer que a Polícia Comunitária devolveu a sensação de segurança no nosso bairro", disse Terezinha.

Silvane Freitas Braz concordou em arrumar o bueiro e disse ter ficado satisfeita com o resultado da mediação, feita pelos policiais civis da 2ª Regional. "Tudo é muito rápido e com um padrão excelência no atendimento. Além de resolver de forma pacifica o problema evita o constrangimento de ir a uma delegacia", completou.

QUEBRANDO PARADIGMAS – Polícia Comunitária é um dos eixos de atendimento da Polícia Civil acreana. Uma filosofia e uma estratégia organizacional fundamentadas, principalmente, numa parceria entre a população. Baseia-se na premissa de que tanto a polícia, quanto a população local devem trabalhar unidas para identificar, priorizar e resolver problemas que afetam a ordem pública, tais como o crime e, o medo do crime.

As estratégias da Polícia Comunitária têm um caráter preferencialmente preventivo. Mas, além disso, visam não apenas reduzir o número de crimes, mas também reduzir o dano da vítima e da comunidade e modificar os fatores ambientais e comportamentais, tendo em vista que a proposta da polícia comunitária implica numa mudança de paradigma no modo de ser e estar a serviço da população e, conseqüentemente, numa mudança de postura profissional perante o cidadão.

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Secretário de Polícia Civil, Emylson Farias, ressalta importância da atuação do trabalho comunitário (Foto: Assessoria da Polícia Civil)

CONCEITO DA PARCERIA – Para o secretário da Polícia Civil Emylson Farias, uma Polícia Comunitária ativa, que ele defende para todo Acre, difunde o conceito da parceria em uma comunidade, cooperando para restaurar, manter e desenvolver fortes vínculos de solidariedade e compreensão, além de estabelecer prioridades no atendimento à população. Emylson ressalta que esse modelo de fazer polícia possibilita ampliar o conceito da informação entre a comunidade e Polícia Civil para se avançar no combate a violência.

Farias lembrou que dessa forma a Polícia Civil associa e valoriza dois fatores: a identificação e resolução de problemas de justificação social com a participação da comunidade e a prevenção criminal. "Esses pilares gravitam em torno de um elemento central, que é a parceria com a comunidade, para melhorar a qualidade no combate a violência", destacou o chefe de polícia.

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