Orgulhoso, segurando um tambaqui de 15 quilos, Arildo Toquerto não controla o sorriso de felicidade com o seu trabalho. “Como que segura um peixe sem fazer careta, faz até pena matar uma relíquia dessa”, brinca o piscicultor que há mais de dez anos está desenvolvendo a aquicultura, ao lado da esposa e dos filhos, na pequena cidade do Bujari, a 25 quilômetros da capital Rio Branco.
Há seis anos, uma nova ordem está em andamento no território acreano: o pescado é um negócio rentável, tem mercado e produção crescente. Segundo dados da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof) e da revista Acre em Números, em 2011 a produção de peixes era de um pouco mais de duas mil toneladas, já em 2015 esse número passou para mais de seis mil toneladas, movimentando R$ 35 milhões.
O entusiasmo e a consciência de produtores como Arildo representam este momento que a produção de peixes vive no Acre. O governo do Estado começou a fomentar a piscicultura com a construção de mais 5.700 tanques, pela Seaprof e pela Secretaria de Indústria (Sedens), com a construção do Complexo de Piscicultura Peixes da Amazônia, gerida em parte pela Agência de Negócios do Acre (Anac), e com o incentivo às feiras do peixe em todo o estado. Arildo é um dos contemplados por esse investimento.
Produção familiar alimentando o mercado
Mesmo com a indústria Peixes da Amazônia processando só em 2016 quase duas mil toneladas de pescado, o mercado interno de feiras e vendas direta tem dado vazão para a produção que segue crescendo. Arildo tem seu espaço garantido na Central de Abastecimento de Rio Branco (Ceasa) todas as semanas.
Com essa venda no varejo todas as sextas e sábados, das quatro e meia da manhã ao meio-dia, ele e a esposa, Cleide, estão criando os três filhos e mantendo o estilo de vida que escolheram. “Rapaz, não estamos vendendo todos os dias porque escolhemos viver aqui na colônia e não na cidade. É muito bom poder percorrer esse espaço cuidando do que é nosso”, afirma.
Mas a consciência de mercado não fugiu de Arildo. Com sua produção familiar, ele atende também diversos restaurantes de Rio Branco, agregando valor ao produto ao fazer a retirada dos espinhos. Cleide, com a faca na mão e concentrada em seu trabalho, explica que o preço passa de R$10 o quilo do tambaqui com espinha para R$20 o quilo do peixe já tratado sem espinha.
Com a Feira do Peixe em Rio Branco se aproximando, a família segue firme no trabalho. Os tanques com peixe fresco já estão sendo cheios e seguem na manhã desta quarta-feira para a Ceasa.
Arildo e seus pares se juntaram aos 50 produtores familiares, 28 piscicultores e 11 empreendimentos da economia solidária e empresas privadas, com a expectativa de comercializar 90 toneladas de peixe e 215 toneladas de produtos hortifrutigranjeiros entre os dias 12 a 15 de abril. “A Semana Santa é um ponto extra da piscicultura. Todo mundo conta com esses dias, é quando se vende mais peixe no mercado”, afirma.
Piscicultura é realidade
Com o produtor e os consumidores acreditando ainda mais no valor que o peixe tem, tanto para a economia do estado como para a saúde, a tendência é aumentar ainda mais essa cultura produtiva, que hoje já é realidade.
Arildo persistiu e agora colhe o resultado de seu esforço e do apoio que teve. Começou com pouco e agora vê uma bonita fazenda crescer, fazendo questão de estar dentro d’água, colhendo cada um dos seus bonitos animais.
“E o ‘pior’ é que eu gosto de estar aqui, na água mesmo”, afirma. Já com os peixes no tanque com gelo, ele olha com orgulho e declara: “Hoje, o peixe é a atividade principal da colônia. Começamos pequenos, como todo mundo, e agora temos 20 hectares de água. Temos seis variedades de peixe: pintado, pirapitinga, curimatã, tilápia, piau, tambaqui”.
Serviço
Datas Feira do Peixe:
Mâncio Lima: de 10 a 13 de abril, em frente ao Mercado Municipal
Brasileia: de 12 a 14 de abril, ao lado da rodoviária
Tarauacá: de 11 a 13 de abril, em frente ao Mercado Municipal
Bujari: de 12 a 14 de abril, ao lado da Seaprof
Rio Branco: de 12 a 15 de abril, na Ceasa