Pesquisadores consideram pioneirismo do Acre no uso de mosquiteiros impregnados

Estado é o primeiro a distribuir de forma planejada e controlada o equipamento para o combate à malária

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A entomologista Norma Padilha e o infectologista Alexandre Oliveira do CDC vieram conhecer as políticas do Acre no combate à malária (Foto: Ângela Peres/Secom)

Avaliação preliminar realizada nos municípios de Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves e Mâncio Lima por pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) de Atlanta, Estados Unidos, confirma o pioneirismo do Governo do Estado do Acre em aprimorar a utilização da rede-mosquiteiro ou mosquiteiro impregnado usado em regiões consideradas de alto risco de incidência de malária com a distribuição planejada e controlada.

A entomologista Norma Padilha, da Guatemala, e o epidemiologista Alexandre Macedo de Oliveira representantes do projeto constataram que o Acre é o primeiro Estado a introduzir medidas eficazes contra a malária associando ações de combate e controle simultaneamente. 

A visita de reconhecimento dos pesquisadores, que tinham como referência anterior países africanos, considerou além da distribuição planejada dos equipamentos, o acompanhamento periódico de sua utilização feito por agentes de endemias e o nível de satisfação dos usuários. "As pessoas relatam que antes tinham mais malária e depois do uso do mosquiteiro, têm menos. A população em geral entendeu bem como deve usar e segue até um calendário, sabe a última vez em que foi lavado", diz Alexandre de Oliveira que a metodologia adotada pelo Governo do Estado serve como base para novas estratégicas de medida de controle da malária

Para a gerente do Departamento de Vigilância em Saúde do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas (Dape) da Sesacre, Marise Lucena, a visita da equipe do CDC para dar retorno do trabalho que é desenvolvido na região com avaliação e monitoramento contínuos. "É um projeto que tem toda uma estratégia definida. Com esses dados do CDC o Governo do Estado poderá ampliar o atendimento com mais sustentação", avalia.

Os mosquiteiros impregnados têm ação repelente e inseticida, o que proporciona além de proteção individual uma cobertura geral às residências ou áreas onde há um grande número de equipamentos instalados. "Ainda não existem muitos estudos sobre a eficácia e impacto do uso dos mosquiteiros, mas em geral nota-se uma redução da população de mosquitos nas regiões com cobertura de mosquiteiros", explica a entomologista Norma Padilha.

Os municípios de Mâncio Lima, Rodrigues Alves e Cruzeiro do Sul foram selecionados para o projeto-piloto de implantação dos mosquiteiros por concentrarem 36% dos casos de malária da região do Vale do Juruá, por apresentarem alto índice de malária do tipo falciparum e ocorrência da doença em número considerável em mulheres grávidas e crianças. Segundo Marise Lucena, outras regiões do Estado serão selecionadas pelos mesmos critérios para receber o equipamento em breve. Agentes de endemias têm rotina de visitar 25 casas para acompanhar o uso do mosquiteiro. As orientações sobre a forma de uso e manutenção do equipamento garantem sua durabilidade. O produto pode ter vida útil de 3 a 4 anos.

A compra de 50 mil mosquiteiros está sendo licitada pelo Governo do Estado, com recursos provenientes de emenda individual na ordem de R$ 1,4 milhão do senador Tião Viana. A segunda região com maior número de casos da doença no Estado é a do Baixo Acre que agrega os municípios de Plácido de Castro, Acrelândia, Capixaba e Senador Guiomard. Os primeiros mosquiteiros impregnados com inseticida foram distribuídos à população do Juruá em dezembro de 2007. 

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