Italiano de nascença, acreano de coração, senamadureirense por escolha. Padre Paolino Baldassari, da Ordem dos Servos de Maria, é praticamente uma instituição. Líder da igreja Católica em Sena Madureira, estende sua liderança para além das fronteiras espirituais e defende com garra a floresta amazônica. Aos 87 anos de vida ele comemora 60 anos de vida cristã na igreja Católica, todos dedicados aos mais humildes e desamparados.
Conhecido como o missionário da floresta, Paolino Baldassari nasceu em 1926, em Bologna, na Itália. Foi convocado para a Segunda Guerra Mundial, mas decidiu que sua guerra seria outra e veio para o Brasil em 1950. Passou um tempo em São Paulo, depois chegou à Brasileia, Boca do Acre e foi em Sena Madureira que achou o seu lugar.
Encontrar em Sena Madureira alguém que não conheça o padre Paolino não é tarefa fácil.
Sua humildade e simplicidade, a defesa de ações éticas e dos valores de família e integridade fizeram dele uma pessoa amada e respeitada por todos. E seu rebanho não se limita à zona urbana da cidade. Vez por outra ele pega o batelão (espécie de barco utilizado na Amazônia) e sobe os rios da região, parando em cada comunidade, cada casa para fazer as famosas “desobrigas”.
As desobrigas são viagens missionárias em que o padre Paolino leva o evangelho a populações isoladas na floresta. No início, quando boa parte do povo de Sena Madureira morava na zona rural, as desobrigas chegavam a durar seis meses. As últimas tiveram duração aproximada de 60 dias. E mesmo com a saúde frágil e os 87 anos de vida, ele não pensa em suspender a atividade.
Primeiro jipe, primeira escola, primeira praça
O primeiro jipe de Sena Madureira pertenceu à igreja e o primeiro motorista da cidade foi o Padre Paolino, que aprendeu numa rápida lição a trocar as marchas do carro. “Queríamos fazer a praça da igreja. Ganhei uns tijolos e com a meninada fizemos a praça. O pagamento era pegar eles no Jipe e levar para tomar banho”, lembra o pároco.
A primeira escola na zona rural também foi obra da articulação do padre, toda a população era analfabeta. “Se construíssemos escolas poderíamos dar aulas de catecismo, preparar um líder que pudesse assumir as comunidades”, conta o líder religioso. Também é do padre Paolino o mérito de aproximar índios e brancos, diminuindo as resistências de ambos os lados.
E inegável o legado de Padre Paolino no Acre, principalmente com o povo de Sena Madureira, lugar que ele escolheu para morar e dedicar sua vida. São 60 anos de um ministério marcado pela humildade e pelo ato de servir ao próximo.