Pacientes em tratamento de câncer recebem toucas e perucas de personagens infanto-juvenis

A Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), anexa à Fundação Hospital Estadual do Acre (Fundacre), recebeu nesta terça-feira, 16, a ação da Associação Beneficente Fios Encantados, de Jundiaí (SP), uma instituição filantrópica e sem fins lucrativos, que visa confeccionar e doar toucas e perucas de personagens infanto-juvenis para crianças e adolescentes em tratamento de câncer.

Toucas e perucas de personagens infanto-juvenis para crianças e adolescentes em tratamento de câncer. Foto: Marcos Vicentti

Mara Gisele Pereira, idealizadora e presidente da Fios Encantados, conta que o projeto começou em abril de 2018 e já alcançou a maioria dos estados. Agora, com a chegada ao Acre, restam somente três estados para conquistar todo o país.

“Já temos convite de outros países, mas só iremos depois de chegarmos nos três estados que faltam. Estou aqui no Acre, muito feliz e emocionada, porque é um projeto social que comecei achando que só ia entregar na minha cidade e, de repente, nós acabamos passando por todo o país”, comemorou.

Rafael de Carvalho Teixeira, médico oncologista clínico e, atualmente, gerente de assistência da Unacon, fala sobre a importância da ação. “Esses projetos ajudam principalmente os pacientes que sofrem de baixa autoestima, e a questão da autoimagem, que pode ficar comprometida. E trabalhar esse aspecto emocional para os nossos pacientes, principalmente as crianças, é sempre muito positivo, é muito válido e gratificante”, destacou.

A enfermeira da pediatria oncológica da Unacon, Norma Cristina Calixto, comemorou a chegada do projeto na instituição, que atualmente atende 22 crianças. “É muito animador. Fico muito feliz quando as nossas crianças são lembradas para receber seja qualquer tipo de doação. E já imaginamos elas usando essas toucas, essas perucas feitas manualmente. Então, já estamos super ansiosos para começar a distribuir para as crianças”, destacou.

Jaqueline da Silva Costa e a filha, Jamília da Silva Chaves, recebem a doação das toucas. Foto: Marcos Vicentti/Secom

Jaqueline da Silva Costa, mãe da Jamília da Silva Chaves, de 12 anos, acompanha a filha durante o tratamento de leucemia, descoberto há dois anos. Ela contou um pouco da sua história e falou sobre o que achou do projeto, com a touca com cabelos de lã que recebeu.

“Já tem dois anos que ela está no tratamento. Agora está na manutenção. E no começo, assim, é um choque para a família, não é fácil, não está sendo fácil. Eu acho muito legal esse projeto. A gente fica muito feliz. As crianças ficam mais animadas, porque não é fácil para elas. Mas a gente tem fé que vai dar tudo certo e que logo, logo ela vai terminar e vai ter a vitória. Meu sonho é ver ela tocar aquele sino ali [com a conclusão do tratamento, o paciente toca o sino da superação]”.

De acordo com Mara, a associação já realizou a entrega de mais de 30 mil peças, que são produzidas por um grupo de voluntárias jovens e idosas. Além das crianças e adolescentes o projeto também foi ampliado para todas as idades, entre homens e mulheres que lutam contra o câncer.

“Estamos trazendo aqui para o estado amor, carinho e muito respeito. Um grupo de voluntárias que trabalham muito produziram umas mil peças para o Acre, porque não é somente as toucas das crianças. Também temos os corações, que são almofadas ergonômicas para proporcionar mais conforto às mulheres que perderam a mama, turbantes, lenços e toucas”, contou.

Maria José Lima, 58 anos, faz tratamento contra o câncer. Foto: Marcos Vicentti/Secom

Maria José Lima, 58 anos, faz tratamento contra o câncer, com sessões de quimioterapia desde fevereiro deste ano. “Essa já é minha segunda quimio. Estou feliz. Recebi um kit maravilhoso. Essa ação é muito gratificante”, comemorou.

Marcio Felipe de Lima, enfermeiro do hospital de câncer, destacou que passam pela instituição cerca de 300 pacientes por semana. E a unidade recebe pacientes de quimioterapia e hormonioterapia, de segunda a sexta.

“Existem várias ONGs [Organizações Não Governamentais] que atuam aqui, como as Madrinhas do Câncer, que também promovem atividade. Então, tudo o que eles recebem de ação social, de musicoterapia, café da manhã, lenço, peruca, touca, tudo é bem-vindo. E também tem a questão do estigma da doença que ainda existe. Então, a pessoa que não conhece, que não faz parte desse universo, tem certo preconceito por falta de informação. Então, é importante a ação social, que faz com que a pessoa que participa tenha uma outra visão do paciente oncológico”, salientou.

Mara Gisele Pereira, idealizadora e presidente da Fios Encantados. Foto: Marcos Vicentti/Secom

Sobre a Fios Encantados

Sem nenhum patrocínio ou parceria, as toucas passaram a ser confeccionadas somente com as lãs doadas pelas voluntárias. Aos poucos, a ideia foi ganhando novos apoiadores, a maior parte pessoas físicas. As entregas são realizadas pessoalmente pelas próprias voluntárias.

Mara iniciou o trabalho social sendo palhaça de hospital em sua cidade natal, Jundiaí. A partir dali, decidiu que queria fazer mais pelas crianças e seus pais. “Não era só entregar uma touca. Por onde eu viajo, as pessoas ficam me conhecendo. Quando alguém tem que ir para São Paulo, pede ajuda. Nós já montamos até casa para as pessoas de outro estado. Então, o propósito é querer estar próximo e querer fazer sempre mais, o melhor”, destacou.

Para conhecer mais sobre o projeto e ajudar a causa, acesse o site da associação fiosencantados.com.br.

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