Oficina treina voluntários para criação de trilha na Reserva Chico Mendes

O que antes eram estradas de seringa agora se transformam em trilhas voltadas para o turismo ecológico na Reserva Extrativista Chico Mendes (Resex). Cerca de 110 quilômetros estão em processo de revitalização, sendo 30 de off road e o restante de caminhada a pé.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão responsável pela administração da reserva, abriu inscrição para a convocação de voluntários com o objetivo de implementar e sinalizar a trilha na unidade.

Nesta quinta-feira, 10, os voluntários passaram por uma oficina sobre sinalização e limpeza do percurso, realizada no Parque Zoobotânico (PZ) da Universidade Federal do Acre (Ufac). A proposta é capacitar e nivelar os voluntários antes de realizar o trabalho de campo na Resex, entre os dias 11 e 13 deste mês.

“Já fizemos uma mobilização na comunidade para a limpeza da trilha e os voluntários presentes na oficina irão complementar com a sinalização do percurso. Cerca de 20 pessoas atuam na atividade em campo”, explica Fernando Maia, analista ambiental do ICMBio lotado na reserva.

O bombeiro civil Sidney Camurça é um dos voluntários e já possui experiência em trilha de aventura. Passou nove meses em Roraima, onde percorreu diversos trajetos, e agora se sente entusiasmado com o novo desafio. “A gente pensa que sabe de tudo, mas na verdade ninguém sabe. Todo dia quero aprender uma nova experiência ou aventura, e este desafio será muito bem-vindo”, diz.

Cerca de 20 voluntários foram convocados para implementar e sinalizar a trilha na unidade (Foto: Diego Gurgel/Secom)

Turismo e conservação

Fernando Maia relembra que a Reserva Extrativista Chico Mendes é pioneira na consolidação desse modelo de unidade de conservação, servindo de exemplo para todo o país, inclusive para criação de reservas marinhas. As trilhas abertas na unidade seguem o padrão das trilhas de seringa, o que reduz o impacto sobre a floresta.

O analista considera que o investimento no turismo demanda pequena aplicação de recursos financeiros e pode substituir a pecuária, fomentando o reflorestamento e recuperando as áreas que servem de pastagem. “O objetivo dessa mobilização é transformar a trilha em um dos principais atrativos turísticos da região. Já existem operadores de turismo do Peru interessados no trajeto. Inclusive, foi um consultor peruano que fez a proposta inicial para a trilha”, explica o analista.

Além de ter contato com a natureza e a exuberância da floresta amazônica, o visitante terá a oportunidade de conhecer diversos aspectos ligados à história e à cultura do Acre. Os moradores da região são famílias que, na década de 1970, lideraram o movimento dos empates, contra o desmatamento e o avanço da pecuária. “São filhos e netos de soldados da borracha, ex-seringueiros que viviam embrenhados na mata e tiveram que aprender a conviver com a natureza”, conta Maia.

A secretária de Turismo e Lazer do Acre, Rachel Moreira, considera que a trilha e a elaboração do Plano Estadual de Turismo podem aliar desenvolvimento econômico e conservação ambiental. “O turista vai para a reserva conhecer a floresta. Se o ambiente estiver degradado, vai deixar de atrair o turista. Com a consolidação dessa trilha, as famílias passam a cuidar melhor do lugar, porque é dali que vem a renda delas”, explica.

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