Oficina sobre monitoramento da biodiversidade ministrada por docentes da Ufac e Ifac é realizada no Complexo de Florestas do Rio Gregório em Tarauacá

Moradores de comunidades do Complexo de Florestas Estaduais do Rio Gregório (CFERG), em Tarauacá, participaram de uma oficina sobre o Sistema Rápido e Colaborativo para Estudo da Biodiversidade (Rapeld), realizada entre os dias 15 e 24 de setembro, com foco no inventário e monitoramento da biodiversidade e dos processos ecossistêmicos locais.

O treinamento, promovido pelo Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio), com o apoio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), faz parte do projeto Inventário e Monitoramento da Biodiversidade, Análise Integrada de Ecossistemas e Diálogos Científicos Multiculturais no Acre, que visa reforçar o conhecimento científico sobre a biodiversidade local e incentivar a conservação dos recursos naturais em regiões estratégicas da Amazônia.

“A oficina foi muito boa, pois pude aprender várias formas de preservar a natureza, as plantas e os animais, tanto na teoria quanto na prática. Acho que o sistema é uma solução, uma esperança para nós que moramos na floresta e dependemos dela para sobreviver. Se não cuidarmos do nosso meio ambiente, o futuro será como já estamos presenciando, com vários problemas”, relata Keila da Cruz Oliveira, moradora da Vila Liberdade, sobre sua participação na capacitação.

Participantes coletam amostras durante oficina sobre monitoramento da biodiversidade no CFERG. Foto: cedida

Durante a oficina, foram instaladas duas unidades amostrais permanentes e dois piezômetros – instrumentos que medem a pressão estática de água em solo, rochas, fundações e estruturas de concreto – nas florestas estaduais do Rio Liberdade e do Rio Gregório, para monitorar a variação da profundidade do lençol freático. Os participantes também coletaram dados sobre a cobertura florestal, respiração do solo e amostras de solo para análise da presença de metais pesados.

Claudia Lima, gestora do CFERG, destacou a relevância do projeto e a integração com as comunidades locais. “A realização desse trabalho no Complexo de Florestas Estaduais do Rio Gregório representa uma iniciativa de grande importância para a preservação ambiental e o fortalecimento da ciência colaborativa. Além de aprofundar o conhecimento sobre a biodiversidade local, o projeto promove uma análise integrada dos ecossistemas da região, envolvendo especialistas, pesquisadores e as comunidades locais, fomentando uma abordagem inclusiva e sustentável para a conservação”, explicou.

Pesquisadores e moradores locais trabalham juntos em inventários de plantas e animais durante a oficina. Foto: cedida

A oficina incluiu o inventário de diversas espécies da flora e fauna, com especial atenção para plantas lenhosas (árvores, palmeiras e lianas), samambaias, macrofungos, peixes e macroinvertebrados bentônicos aquáticos. O projeto está sendo implementado nas três florestas estaduais que compõem o complexo (Liberdade, Mogno e Gregório) e, em cada uma delas, serão instaladas cinco parcelas permanentes com piezômetros, ampliando as áreas monitoradas no estado.

De acordo com coordenador do Núcleo Regional do PPBio no Acre, Marcos Silveira, a iniciativa reforça o monitoramento da biodiversidade na região. “A instalação dessas unidades permanentes e a capacitação de estudantes e pesquisadores locais representam um grande avanço para o monitoramento da biodiversidade nas florestas estaduais do Acre. Essa integração com as comunidades locais e a utilização de protocolos padronizados fortalecem a conservação e o estudo dos ecossistemas da Amazônia”, afirmou.

O coordenador ressalta que o projeto também proporciona a capacitação dos participantes no uso de protocolos padronizados de amostragem, permitindo que o estado faça parte de uma rede nacional de pesquisa. “Essa rede integra pesquisadores e jovens cientistas de diversas regiões da Amazônia e do Brasil, promovendo o compartilhamento de conhecimentos e a colaboração em estudos ambientais de grande escala”, complementou.

O evento contou com a participação de docentes e estudantes da Universidade Federal do Acre (Ufac) e do Instituto Federal do Acre (Ifac) de Cruzeiro do Sul, além dos comunitários.

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