“Onde não tem estrada, não existe nada. Onde tem estrada, tem riqueza, tem fartura, tem progresso”, assim sintetiza o produtor rural Nilton Barrozo de Oliveira ao falar sobre as obras de pavimentação do ramal dos Paulistas, em Porto Acre. A obra está sendo executada pela empresa Bessa Construções e faz parte do programa Ramais do Povo, do Departamento de Estradas de Rodagem (Deracre).
Nilton Barrozo, 51, mora há 26 anos no ramal que dá acesso ao Projeto de Assentamento Tocantins e revela que viu muitos colegas e colonizadores do ramal morrerem à espera da chegada do progresso àquela região.
{xtypo_quote_right}Se cada um dos governantes que passaram tivesse feito um pouquinho, a gente não estava há 26 anos esperando por isso
Nilton Barrozo de Oliveira {/xtypo_quote_right}
“Quatorze pessoas que começaram a povoar aqui há mais ou menos 30 anos morreram sonhando em ver essa obra acontecer. Uma delas foi meu pai. Nós esperamos esse asfaltamento por anos. Ver isso acontecer hoje, para nós, é motivo de orgulho. Minha mãe, com 78 anos, vai alcançar a graça de ver isso. Meu pai, infelizmente, não alcançou”, diz o agricultor.
O produtor rural lamenta que o abandono de gestores públicos do passado tenha impedido o avanço daquela localidade.
“Se cada um dos governantes que passaram tivesse feito um pouquinho a gente não estava há 26 anos esperando por isso”, observou Barrozo.
O fim das cargas no lombo do boi
Israel José da Silva é produtor rural e mora há 12 anos no Ramal dos Paulistas. Ele descreveu como era a vida de quem morava no ramal.
“A gente tinha como trafegar no tempo do verão. No tempo do inverno a gente não tinha como passar. Para escoar a produção tinha que ser no lombo do cavalo, do boi. A gente cansou de ver carro passar dois dias atolados aqui para poder sair. O pessoal do Tocantins passava por um sofrimento enorme porque esse ramal dá acesso ao projeto de assentamento deles”, disse Silva.
O produtor disse ainda que viu muitas famílias precisarem colocar os parentes em lombos de bois e cavalos para chegar à Vila do V em busca de atendimento de saúde.
A libertação dos produtores
“Ver chegar esse asfaltamento é uma alegria. Vamos poder vender e escoar a nossa produção e aumentar também. Antes a gente tinha medo de aumentar a produção porque não tinha como tirar na época do inverno”, declara Israel da Silva.
{xtypo_quote_left}Já levamos muitos doentes na rede, nas costas, andando 12 quilômetros, até chegar lá na estrada de Porto Acre. Estou vendo uma vantagem muito grande com essa obra
Bené de Oliveira{/xtypo_quote_left}
Antes das obras de pavimentação do ramal, o produtor rural lembra que diariamente precisava transportar o leite que retirava das vacas até o polo leiteiro localizado na Vila do V. “Agora, com esse asfalto, o caminhão vai poder buscar na porta da nossa propriedade. Isso é bom não só para mim, mas para os outros produtores também”, comenta Israel da Silva.
Bené de Oliveira criou os cinco filhos encarando os desafios do isolamento deixado pela lama após as chuvas constantes do inverno amazônico (período de novembro a abril). Ele saiu muitas vezes na “pernada” enfrentando a lama ou em “bois de carroça”.
“Acho que vai melhorar. A esperança que nós temos é essa. Já levamos muitos doentes na rede, nas costas, andando 12 quilômetros, até chegar lá na estrada de Porto Acre. Estou vendo uma vantagem muito grande com essa obra”, enfatiza Bené, um dos moradores mais antigos da região.
A acolhida pelo agradecimento
A dona de casa Antônia Marta subia uma das ladeiras acompanhada pelos dois filhos, de 10 e de três anos de idade, Alisson Correia e Isaac Correia, respectivamente. Marta empurrava um carrinho de mão, enquanto Alisson puxava o irmão caçula num triciclo. Ela disse que viveu muita dificuldades até ver as máquinas iniciarem as obras na via onde mora.
“Agora vai ser uma maravilha. A gente já sofreu muito aqui. Já dá até para os meninos puxarem os carrinhos e subirem a ladeira. Estou muito feliz. Faço questão de receber o governador Tião quando ele vier entregar essa pavimentação”, acrescenta a dona de casa.
Ramais do Povo – trabalhando pelo povo rural do Acre
De acordo com o diretor-presidente do Deracre, Ocírodo do Júnior, o Ramal dos Paulistas tem uma área rural forte na produção e pecuária. “Este ano serão pavimentados 10,5 quilômetros do ramal com Tratamento Superficial Duplo (TSD). Também serão recuperadas três pontes feitas 630 linhas de bueiros”, detalha o diretor.
Júnior revela que os investimentos para essa obra chegam a R$ 5,9 milhões. “Mas esses recursos representam muito mais para as famílias que vivem no Tocantins. Além isso, há emendas de deputados para a construção da ponte do Andirá, que deve acontecer nos próximos anos”, conclui o diretor-geral.
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