O uso da literatura infantil como fomento à leitura na Escola da Floresta – relato de uma experiência

“Ler é encantar-se com as diferenças.”

Bartolomeu Campos de Queirós

“A prática da leitura em sala de aula sempre encontrou resistência. Para justificar a ausência da atividade, é comum que se alegue o reduzido tempo na grade horária, bem como a falta de interesse e de bom comportamento por parte dos alunos. Some-se a isso o acervo literário nada atrativo oferecido pelo currículo escolar.

Entretanto, nem tudo está perdido. Aqui, na Escola da Floresta Roberval Cardoso (Centro de Educação Profissional), unidade descentralizada do Instituto Dom Moacyr, tem-se se desenvolvido um trabalho revelador: a leitura de contos infantis para jovens e adultos. Isso mesmo: histórias escritas para crianças, com livros de crianças, são contadas para o público adulto por um mediador.

No decorrer das mediações, são mostradas, também, as ilustrações. A técnica é muito utilizada nas melhores escolas de séries iniciais e, em nosso espaço, são dirigidas a um público mais velho.

Mediador de leitura interage com a classe na Escola da Floresta (Foto: arquivo pessoal)

Mediador de leitura interage com a classe na Escola da Floresta (Foto: arquivo pessoal)

Não há problema nisso. São conhecidas as deficiências escolares pelas quais passam os educandos na sua formação, entre as quais o seu histórico de pouco acesso à leitura. Dessa forma, a literatura infantil, que é por excelência atrativa – e por que não dizer sedutora –, é a grande ferramenta de mobilização para fomentar nos espíritos, sejam eles jovens, adultos ou crianças, a paixão pela leitura.

A boa receptividade por parte dos educandos é a prova cabal de que tal iniciativa é verdadeiramente transformadora. Muitos passam a solicitar que as leituras tornem-se diárias. Há também que se ressaltar que, em muitas atividades de narrações de histórias, há interação com a turma por meio de canções (que todos cantam juntos), ou por meio da repetição de alguns trechos (que todos repetem juntos), espantando, assim, o cansaço e o marasmo que podem surgir no decorrer de qualquer palestra, ainda que o tema seja de suma importância e o palestrante um exímio orador.

Dessa maneira, os mediadores comprovam que a escola pode e deve ser responsavelmente divertida: muitos compartilham seus talentos com os educandos, cantando e tocando. Há até um coral, o Coral da Escola da Floresta, que, em momentos propícios, se apresenta.

Todas essas iniciativas estimulam os educandos a também participar das atividades lúdicas. Eles são de várias regiões do estado, e sempre há aqueles que possuem habilidades artísticas, ou que, no mínimo, estão dispostos a interagir com o grupo.

O estímulo feito por meio das mediações incentiva os alunos da Escola da Floresta a descobrirem a aventura de ler (Foto: arquivo pessoal)

O estímulo feito por meio das mediações incentiva os alunos da Escola da Floresta a descobrirem a aventura de ler (Foto: arquivo pessoal)

Na história da educação, ocorreu o afastamento da técnica e da arte, tornado o ensino em geral sisudo.

Ocorre que a abordagem incompleta do ser humano, ou seja, a técnica apenas como conhecimento pragmático e desconexo do social e do humano, levou os profissionais egressos desse modelo de pedagogia a se tornarem indivíduos incompletos, alienados e carentes de espírito.

Mas a educação técnica não exclui a arte. Há até quem sustente, inclusive, que essas palavras descendem da mesma raiz etimológica.

Logo, é necessária a superação dessas limitações.

E é por isso que a Escola da Floresta vem desempenhando a educação profissional abrangente, que envolve toda a dimensão do ser humano, sem se esquecer de fomentar as capacidades próprias para o desempenho de cada profissão.

Assim, ler e contar histórias que se supõem apenas infantis é um método lúdico e, por conseguinte, atrativo para a prática da leitura. Afinal, quem seria tão desonesto a ponto de dizer que não gosta de uma boa história?”

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