Comitiva acreana faz balanço positivo do encontro com autoridades peruanas
Na bagagem que a comitiva acreana em visita ao Peru trouxe para o Acre, muitas alianças, laços comerciais fortalecidos, turismo equipado, 16 acordos assinados entre os presidentes Lula e Alan García.
A comitiva acreana partiu de Rio Branco para Cruzeiro do Sul no dia 7, onde encontrou o resto dos integrantes. De lá, partiram num voo fretado para Pucallpa, e seguiram pela Cordilheira dos Andes até Lima, capital peruana, onde o presidente Lula e Alan García, presidente do Peru, se encontrariam para assinar acordos de integração. "Foi a primeira vez que um grupo de brasileiros percorreu este caminho Cruzeiro do Sul – Lima, através da estrada a partir de Pucallpa. Nós fizemos história", disse o presidente da Aleac, Edvaldo Magalhães.
Acordo comercial vai facilitar as importações
A Federação das Associações Comerciais do Estado do Acre (Federacre) e a Câmara de Comércio, Indústria e Turismo Huarez, assinaram um acordo de cooperação para fortalecer as relações comerciais. O documento é um termo que define quais produtos podem ser exportados e importados e qual a melhor forma de proceder esta movimentação.
O acordo foi assinado pelos governadores dos estados do Acre, Ancash, Huánuco e Ucayali e será válido por dois anos. Entre os compromissos assumidos no acordo estão o fornecimento de todo tipo de informação sobre a oferta e a procura de todos os produtos de interesse dos mercados envolvidos, melhores opções de crédito, taxas de juros, financiamento, transporte de mercadorias.
"Os comerciantes associados à Federacre terão mais acesso às informações necessárias para a importação e exportação de produtos, desembaraço alfandegário, tarifas de transportes, juros mais baixos, créditos, esta é a grande vantagem. Estas regiões do Peru são grandes produtoras agrícolas e podem levar seus produtos ao Acre com preços bem mais competitivos para a população, principalmente da região do Juruá", explicou George Pinheiro, da Federacre.
Facilidades para viajar ao Peru
Voo internacional, com tarifa doméstica. Os preços não foram definidos, mas as taxas serão bem mais baixas que para outros voos entre dois países, o que vai diminuir o valor final do bilhete e permitir maior acesso ao transporte aéreo. As duas novas rotas anunciadas são Rio Branco – Porto Maldonado – Cusco e Pucallpa – Cruzeiro do Sul.
"Será preciso um treinamento para os funcionários para que saibam orientar os procedimentos, sobre que tipo de produtos podem ser transportados. Um dos cuidados é fazer a declaração de bagagem de câmeras, notebooks, para evitar perder os pertences numa eventual blitz", disse o representante da Receita Federal, Telmo Figueiredo.
De acordo com o vice-presidente da Star Perú, empresa que vai operar os voos, Romam Kasianov, todas as providências estão sendo tomadas para que os voos possam ser oferecidos o mais rápido possível. "Temos todo interesse em trabalhar esta rota e promover o crescimento do fluxo turístico. Todos os estudos necessários estão sendo feitos", disse.
Segundo o secretário de Estado de Turismo, Cassiano Marques, que esteve reunido com a Star Perú e representantes da Infraero dos aeroportos de Rio Branco e Cruzeiro do Sul, em Lima, algumas providências precisam ser tomadas. "O alfandegamento dos aeroportos é uma medida necessária, mas a solução já foi apontada. E a questão da falta de licença para vôos internacionais será resolvida, a princípio, com os voos operando em sistema de charter, o que não causaria problemas. A questão da licença é de ordem burocrática. O aeroporto já recebeu aeronaves inclusive maiores que as que vão operar estes voos", explicou.
As possibilidades de crescimento para o turismo com os voos entre o Acre e o Peru são imensas. "Podemos viabilizar o turismo de forma muito mais confortável e trazer turistas de outros estados. Essa rota já é bastante procurada, mas era feita através de ligação rodoviária. As agências já estão preparadas, pois mesmo com as dificuldades iniciais já vínhamos trabalhando esta rota e a procura é muito grande", disse o empresário do setor turístico George Pinheiro, que também representa a Federacre.
 |
{xtypo_quote}A América do Sul está vivendo um momento muito singular em sua história. Olhando hoje os empresários fico pensando se há dez anos seria possível fazer com que os empresários do Brasil acreditassem nos empresários peruanos e os peruanos acreditassem nos brasileiros. Havia uma desconfiança histórica. Deus nos fez unidos, um ao lado do outro. Precisamos fortalecer esta integração Lula, Presidente do Brasil{/xtypo_quote} |
 |
{xtypo_quote}Fico feliz de ver uma delegação acreana com este tamanho (130 pessoas). É um sinal de integração, que é um fenômeno que só ocorre quando o povo quer, quando existe o espírito de união. E os espíritos já estão integrados, as relações de amizade estão fortalecidas. Jorge Taunay, embaixador do Brasil no Peru{/xtypo_quote} |
 |
{xtypo_quote}Essa integração é um sonho, a nossa missão foi um sucesso. Agora vamos trabalhar para fortalecer os nossos compromissos. Os acordos assinados pelo presidente Lula beneficiam principalmente o Acre e resolvem questões importantes relacionadas à fronteira, ao comércio, transportes, turismo. Edvaldo Magalhães, presidente da Aleac{/xtypo_quote} |
 |
{xtypo_quote}A integração, o comércio entre os dois países, é um sonho que não é meu, mas dos meus pais, dos meus avós. É um sonho de todo o povo do Acre, principalmente do Vale do Juruá. Viemos ao Peru buscando fortalecer essa união e trouxemos um grande padrinho, que é o presidente Lula. César Messias, vice-governador do Acre{/xtypo_quote} |
 |
{xtypo_quote}Estamos aqui para mostrar que o nosso pensamento é uníssono e que todos querem a integração. Integração não só do comércio, do turismo, do desenvolvimento, mas das amizades, das pessoas. Nós somos um povo vizinho, temos que caminhar junto, unindo forças para nos desenvolvermos. Antônia Sales, deputada estadual{/xtypo_quote} |
 |
{xtypo_quote}Espero que a ligação libere definitivamente os negócios entre os comerciantes de Marechal e os Tipisca, do lado peruano. Os vizinhos do Peru precisam comprar combustível em Taumaturgo, bem como material de construção. Em contrapartida, os acreanos compram lá calçados e motores para barcos, mas os negócios são feitos ilegalmente, já que não há posto de alfândega. Radson Oliveira, prefeito de Marechal Thaumaturgo{/xtypo_quote} |
{xtypo_rounded2}
Confira os principais acordos assinados entre Brasil e Peru:
1. Ajuste Complementar ao Acordo Básico de Cooperação Científica e
Técnica entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República do Peru para Implementação do "Projeto Piloto de Escola Pública Brasileiro-Peruana; –
2. Acordo-Quadro entre a República Federativa do Brasil e a República
do Peru para o Estabelecimento de Sistemas de Controle Integrado em Postos de Fronteira do Brasil e do Peru;
3. Acordo-Quadro entre a República Federativa do Brasil e a República do Peru sobre Localidades Fronteiriças Vinculadas (Beneficia pequenas comunidades isoladas que precisam manter o mínimo de trocas comerciais, como Marechal Thaumaturgo e Tipisca, ou Santa Rosa do Purus e Porto Esperança, do Departamento de Ucayali);
4. Memorando de Entendimento em Cooperação Sanitária na Área de Pescado e Derivados entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) da República Federativa do Brasil e o Instituto Tecnológico Pesqueiro (ITP) da República do Peru (Vai facilitar a importação de pescados via Estrada do Pacífico);
5. Acordo de Cooperação em Matéria de Desenvolvimento do Transporte Fluvial nos Rios Amazônicos entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República do Peru
6. Acordo entre a República Federativa do Brasil e a República do Peru
para Facilitação do Trânsito de Veículos de Uso Particular (Beneficia principalmente o setor turístico. Um grupo de turistas acreanos pode ser conduzido até o aeroporto de Cobija em veículo brasileiro, por exemplo. Antes isso não era possível)
7. Acordo-Quadro entre a República Federativa do Brasil e a República
do Peru para o Estabelecimento de uma Zona de Integração Fronteiriça Brasil-Peru (áreas de conexão do Brasil com o Peru) {/xtypo_rounded2}
