O Setembro Amarelo está acabando… E o que você fez?

A associação de cores aos meses do ano foi uma bem sucedida estratégia de marketing para disseminar informações importantes acerca de determinado assunto. Ganhando popularidade em campanhas como o Outubro Rosa, que tem como objetivo a prevenção do câncer de mama, não demorou para que o calendário fosse colorido com diversos assuntos de grande importância para o debate social.

Em setembro a campanha mais difundida é a “Setembro Amarelo”, que traz a prevenção ao suicídio como tema. De acordo com o último relatório acerca do tema, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que, só em 2019, mais de 700 mil óbitos ocorreram por suicídio. E utilizar ferramentas da comunicação para debater de maneira responsável sobre o assunto é crucial para a diminuição desse número alarmante.

É também da OMS a publicação “Prevenção do Suicídio: Um manual para profissionais da mídia”, apresentada na Conferência de Genebra, em 2000. É nele que são apresentados dados que demonstram o poder de influência que a mídia possui tratando-se do comportamento suicida e orienta como lidar com o assunto, demonstrando que o ideal é, ao abordar a temática, expor um caráter preventivo, sempre informar onde o paciente pode encontrar ajuda e, em hipótese alguma, divulgar detalhes do ocorrido, fotos e cartas, pois a forma de lidar tende a ter um efeito imitativo ou encorajador.

E o que mudou nesses últimos 20 anos? No cenário mundial, segundo a OMS, a taxa de óbitos causadas pelo motivo diminuiu em 29%. Entretanto, trazendo esse recorte para o continente americano, houve uma alta de 17%, com números alavancados por países como os Estados Unidos e o Brasil.

Foi também nesse período que os processos de comunicação passaram a alcançar cada vez mais pessoas, devido ao avanço tecnológico e a busca por uma democratização da informação. Em tempos de redes sociais e comunicação digital, a mídia não se resume apenas aos canais de comunicação profissional, o que torna muito difícil a exposição devida da informação.

É papel do comunicador realizar um trabalho de forma consciente, honrando a responsabilidade social que possui. Mas e você, enquanto parte da sociedade, qual o seu papel nesse assunto? Além de evitar a viralização de abordagens indevidas (isso mesmo, nada de encaminhar aquela foto por WhatsApp), pode cobrar formas responsáveis de divulgação dos meios de comunicação. É o momento em que a sociedade pode (e deve) colocar-se contra abordagens sensacionalistas, posicionando-se dessa forma não somente durante um mês, mas durante todo o ano.

É necessário, também, um esforço conjunto para que sejam criados ambientes (familiares, laborais, escolares, etc) seguros, saudáveis e confortáveis para pessoas que estejam enfrentando ideações suicidas, e garantir o acesso à informação suficiente sobre onde encontrar ajuda profissional.

No Brasil, qualquer cidadão pode encontrar ajuda especializada por meio do Centro de Valorização da Vida (CVV), com atendimento 24 horas por dia no telefone 188.  No Acre, o Pronto Socorro da capital possui plantão psicológico, que visa receber pacientes que chegam na unidade após tentativa de suicídio, fornecendo apoio e acompanhamento. Os municípios são responsáveis pela gestão dos Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e, caso o seu município não possua CAPS, o atendimento inicial pode ser realizado nas Unidades Básicas de Saúde, o famoso posto de saúde. Há, também, projetos de atendimento gratuito nas universidades, como na clínica da Universidade Federal do Acre (Ufac).

 

Vinícius Charife, jornalista 

 

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