O golpe

“O golpe tá aí, cai quem quer”. Mas, será? A frase é apenas um dos diversos exemplos de como a sociedade está longe de chegar a um nível de consciência mais evoluído, pois, utilizada de maneira banal, escancara o quão somos indivíduos inseguros e covardes diante dos próprios sentimentos.

Além disso, demonstra a falta de empatia e responsabilidade sobre o que causamos ao outro. Bauman – meu crush filósofo, tsc – diz que vivemos tempos líquidos e que nada é feito para durar. De fato! Dos eletrodomésticos às relações, hoje, nada mais é duradouro.

A modernidade trouxe facilidade e com ela o frenesi, emoções afloradas e caos. Isso é tão verdade que temos diversos sofrimentos psicológicos. Pois, a maioria das vezes, os sentimentos são disfarçados, escondidos a sete chaves pelo medo de julgamentos, de dedos apontados.

Nossa sociedade virou um ditador, e estamos sob o jugo da indiferença. Equilibrar-se nisso tudo é como tentar andar sobre uma corda bamba, e caindo nos golpes.

De uso desenfreado nas paqueras, affairs, crushs e seja lá como você conheça o termo, o interesse por alguém virou “golpe”. De acordo com a máxima do significado, só cai nele quem quer. Os psicólogos que lutem para cuidar de tanta gente adoecida por pessoas doentes. Um loop.

Falamos de amor fraternal, de amar o próximo como a nós mesmos. Estamos em uma pandemia, cujo um dos ensinamentos principais é o zelo pela vida, pela harmonia, pelas relações, pelo ser humano.

A Covid-19 nos mostra o quão frágeis somos, expõe todas as nossas fraquezas, nos isola, nos obriga a nos voltarmos para dentro e assumirmos quem somos. Nos ensina a solidão, o abismo. E no final, se passarmos por ela, veremos luz. Se não, morreremos sozinhos. E a sociedade? Arma o golpe!

Já acabou, Jéssica?

Compartilhe:

WhatsApp
Facebook
Twitter