Em 17 de novembro comemora-se o Dia Mundial do Não Fumante. A data foi criada para alertar a população sobre os riscos associados ao consumo de tabaco e também para incentivar os fumantes a deixarem o hábito, já que um terço da população mundial adulta – aproximadamente 1,3 bilhões de pessoas – é fumante, segundo informações da Organização Mundial de Saúde (OMS).
No Brasil, 12% da população, na faixa etária acima de 18 anos, é fumante. Os dados são da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2012. A boa notícia é que esse é o menor percentual já registrado desde que a pesquisa começou a ser feita, há seis anos, quando 15,6% dos brasileiros maiores de 18 anos se declaravam fumantes.
Para a gerente da Divisão de Doenças Crônicas da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), Adriana Lobão, essa diminuição pode ser atribuída à proibição de publicidade, promoção e patrocínio do tabaco.
“As estatísticas mostram que a proibição é uma das mais significantes estratégias para se reduzir a experimentação e o consumo dos produtos derivados do tabaco. O Brasil já avançou bastante nas restrições à propaganda e publicidade, ao contrário da maioria dos países que não possui proibições abrangentes”, afirma Adriana.
A Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT), primeiro tratado internacional de saúde pública da Organização Mundial de Saúde (OMS), tem como compromisso extinguir toda a publicidade, promoção e patrocínio do tabaco.
Conforme dados da OMS, a promoção de produtos de tabaco está intimamente ligada à iniciação de crianças ao tabagismo. A Pesquisa Especial sobre Tabagismo (PETab), realizada em 2008 pelo Ministério da Saúde e IBGE, demonstra que 80% dos fumantes brasileiros começaram a fumar antes dos 19 anos e 20% com menos de 15.
Combate ao vício
O governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), trabalha na ampliação e estruturação do Programa Nacional de Controle de Tabagismo (PNCT), oferecendo capacitação para os profissionais das unidades de saúde que aderiram ao programa.
“O tratamento das pessoas tabagistas deve ser feito nas unidades básicas de saúde (UBS), de acordo com a portaria 571/2013 do Ministério da Saúde”, diz Adriana Lobão.
Durante o mês de outubro, a equipe da divisão esteve em Cruzeiro do Sul e outros municípios do Juruá e Envira para ministrar as capacitações. Em Novembro é a vez da regional do Alto Acre. Segundo a gerente, o objetivo é expandir a oferta do tratamento para o fumante, possibilitando a quem deseja parar de fumar, maiores oportunidades e facilidades para iniciar o tratamento.
Pesquisas apontam que 80% dos fumantes desejam parar de fumar, mas apenas 3% conseguem sozinhos. “O tratamento pode ser feito individualmente ou em conjunto e tem como objetivo que o fumante desenvolva habilidades que o ajudarão a permanecer sem fumar. Se necessário, pode ser utilizado medicação”, finalizou Adriana.
Fumantes passivos e ambientes 100% livres de fumaça
A estudante de jornalismo Cristiane Marques nunca fumou, mas convive diretamente com familiares e amigos que fumam. “Não gosto, porque sei que mesmo que eu não fume, me faz mal, pois mesmo que não queira, acabo ingerindo a fumaça”, diz.
Cristiane faz parte dos dois terços da população mundial que não fuma, mas sofre com os efeitos do cigarro. Ela é uma fumante passiva. O tabagismo passivo é a 3ª maior causa de morte evitável no mundo, subseqüente ao tabagismo ativo e ao consumo excessivo de álcool.
Fumantes passivos também sofrem os efeitos imediatos da poluição tabagística ambiental, tais como, irritação nos olhos, manifestações nasais, tosse, cefaléia, aumento de problemas alérgicos, principalmente das vias respiratórias e aumento dos problemas cardíacos, principalmente elevação da pressão arterial e angina (dor no peito).
{xtypo_quote_right}O problema é que nem sempre essa lei é respeitada. Ainda tem muita gente que fuma e solta fumaça na cara da gente e não ta nem aí.
Cristiane Marques{/xtypo_quote_right}
Outros efeitos a médio e longo prazo são a redução da capacidade funcional respiratória (o quanto o pulmão é capaz de exercer a sua função), aumento do risco de ter aterosclerose e aumento do número de infecções respiratórias em crianças.
Sete estados e 23 municípios brasileiros já entenderam a importância da adoção de ambientes 100% livres da fumaça do tabaco e aprovaram legislações próprias, aperfeiçoando a Lei Federal 9.294/96 e implementando ambientes públicos e privados 100% livres da poluição tabagística ambiental. Para isso, contaram com o apoio das secretarias estaduais e municipais de saúde além da população, promovendo assim, políticas públicas saudáveis.
No Acre, a Lei Municipal 1.764 de cinco de novembro de 2009 proíbe o consumo de cigarros e outros produtos fumígenos, derivados ou não de tabaco, em ambientes de uso coletivo, públicos ou privados.