Segundo levantamento do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) durante a última campanha contra a febre aftosa, o rebanho bovino do Acre está estimado em quase três milhões de animais.
O desafio colocado para os criadores é continuar desenvolvendo a pecuária sem desmatar novas áreas e sem usar fogo nos pastos. Como uma das alternativas, os pecuaristas acreanos têm lançado mão do uso da tecnologia e do auxílio de profissionais que são referências no país para aumentar a produtividade em menos espaço.
Um exemplo é o trabalho pioneiro que vem sendo realizado na fazenda Nova Esperança, às margens da BR-317.
Com a aplicação de novas tecnologias como a divisão da área em piquetes, rotatividade dos animais e adubação da pastagem foi possível aumentar em cinco vezes o número de bovinos em uma mesma área.
Quando o trabalho teve início, há três anos, na propriedade que tem 600 hectares eram criados 1,2 mil cabeças de gado. Com a aplicação dos recursos tecnológicos atualmente existem 6,5 mil animais no mesmo espaço.
O método consiste em promover uma rotatividade dos pastos divididos em espaços menores, chamados de piquetes. Na Fazenda, existem 24 desses espaços. O gado é levado para essas áreas menores e se alimenta daquele pasto no período de três a quatro dias, até ser levado para outro piquete. Esse pasto é preservado durante 10 a 12 dias para que possa se recuperar e receber novamente os animais.
Além do aumento do número de animais criados em um mesmo espaço, outro fator impressiona: o ganho de peso. No método tradicional, a média brasileira é de 450 gramas por dia. Com o método implantado na fazenda, cada bovino ganha por dia 700 gramas de peso.
“O investimento vale muito a pena. Começamos com 200 hectares e estamos satisfeitos com os resultados. O que ganhamos com o aumento da quantidade de animais na mesma propriedade e o ganho de peso compensa o gasto para implantar o sistema”, afirma Júnior Leite, um dos proprietários da fazenda.
Especialista referência na área
Para a implantação do sistema, a fazenda trouxe um dos maiores especialistas do país e criador do sistema implantado no local.
Moacyr Corsi é professor da ESALQ/USP desde 1989, com dois pós doutorados na área de agronomia. Um deles pela Universidade de West Virginia nos Estados Unidos. “A pecuária para ser sustentável precisa ter um retorno econômico tão rápido quanto outras alternativas que o uso do solo oferece. Com essa tecnologia é possível passar de 7 para 40 arrobas por hectare, como é o caso aqui da propriedade”, afirma.
Agrônomos e veterinários da Secretaria Estadual de Agropecuária (Seap) aproveitaram a visita de Moacyr Corsi à propriedade para conhecer e aprender das técnicas que estão sendo implantadas na fazenda.
“Ter a presença de um profissional dessa qualidade é um orgulho para nós. O que precisamos fazer agora é multiplicar esse exemplo. Por isso é que estamos apostando na difusão e transferência de tecnologia”, afirma Fernando Melo, secretário adjunto da Seap.