O jornalismo me ensinou a prestar mais atenção às conversas soltas com autoridades públicas, principalmente governadores, quando estes descansam de sua agenda oficial. Nesses momentos, um repórter atento consegue ter acesso a informações privilegiadas, seja para o bem ou para o mal.
Na tarde de segunda-feira, 2, vivi um desses momentos. Convidado pelo governador Tião Viana para acompanhá-lo numa rápida viagem a Sena Madureira, a 140 quilômetros de Rio Branco, testemunhei um ato singular de sua agenda: a entrega de um presente ao Padre Paolino Baldassari, “um santo” que completou 86 anos de vida. De origem italiana, o religioso chegou ao Brasil em 1950, veio para o Acre em 1956 e há 44 anos vive na região do Rio Purus levando assistência de religião, saúde, educação, organização social e política a milhares de seringueiros e ribeirinhos.
Ainda pela manhã, o governador participara de duas solenidades: a primeira na Central de Abastecimento (Ceasa), onde abriu a Feira do Peixe anunciando que serão disponibilizadas 160 toneladas para consumo durante a Semana Santa; e outra na Faculdade da Amazônia Ocidental (FAAO), durante a qual fez um discurso a favor da Transparência e Controle Social na gestão pública. Após o almoço, saiu de carro para Sena Madureira.
No percurso de ida e volta, numa Hylux confortável, ouvi informações sobre o governo, sobre investimentos na produção e sobre projetos interessantes que caminham bem. Também ouvi sobre acontecimentos políticos desagradáveis, embora tenham prevalecido as notícias do bem.
De fato – e apesar das presepadas de um senador da oposição que procurou enlamear a bem sucedida ajuda governamental às vítimas da enchente do Rio Acre – Tião Viana tem bons frutos a anunciar, uns prontos para consumo, outros em execução avançada. Seu governo, por exemplo, dispõe de 1,2 bilhão de reais só para investimento na produção em todo o Estado.
Seus comentários, interrompidos apenas por 20 minutos de “piaba” (cochilo) estrada a fora, animam qualquer ouvinte com sentimento de acreanidade: “Este ano vamos zerar a fila para cirurgias em nosso sistema de saúde”; “Próximo a Xapuri, nas duas margens da BR-317, vamos fazer um assentamento de pequenos agricultores em sítios diversificados e sustentáveis”; “Vamos investir 4,5 milhões de reais na produção de mel de abelha no Juruá”; “Até o final deste mês (Abril), vamos inaugurar uma fábrica que vai processar o pescado e fornecer peixe sem espinho na merenda escolar”; “Você já viu o projeto de arvorismo no seringal Cachoeira? É uma coisa fantástica. Vai atrair muito turismo praquela comunidade!”.
Ainda esta semana o governador vai a Milão, na Itália, fechar o contrato de dois cursos de design em madeira que aplicará no Acre. O primeiro curso já inicia em maio. A Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac) estará envolvida num projeto ousado de beneficiamento de produtos da floresta, para produção de sabonetes, shampoos, essências perfumadas e outras tradicionalmente conhecidas por suas propriedades medicinais.
Ah! – O governador também filosofou sobre questões que interferem na governabilidade, ou na responsabilidade do poder eleito. Sem citar nomes, alertou contra os moralistas e os que tentam exercer o poder atribuído, por lei, a quem o conquistou nas urnas eleitorais.
Pra bom entendedor…
Elson Martins, jornalista
