Boa relação

No Ministério das Relações Exteriores do Peru, Gladson Cameli pede retorno dos voos internacionais

Governador acreano disse que Estado abre mão de impostos para consolidar rota aérea entre os dois países

O retorno dos voos internacionais foi o principal tema abordado pelo governador do Estado do Acre, Gladson Cameli, durante reunião com o ministro das Relações Exteriores do Peru, Néstor Popolizio, nesta segunda-feira, 10, em Lima. O encontro faz parte de uma intensa agenda positiva para selar acordos de cooperação e relações comerciais entre os dois países.

“A ideia é que possamos fazer este voo três vezes por semana saindo de Manaus, passando por Porto Velho e Rio Branco com destino às cidades peruanas de Porto Maldonado e Cusco. Esta rota não tem como dar errado porque o brasileiro que mora no Norte do país não precisará ir até o Sul para embarcar em algum voo com destino ao Peru. Além disso, facilitará muito a vida de quem vai viajar para a Europa, Estados Unidos e países asiáticos a partir dos aeroportos peruanos”, explicou.

Ainda sobre a questão aérea, Cameli surpreendeu a todos ao anunciar que o Governo do Acre está disposto a abrir mão da cobrança de tributos para as empresas que operarem voos internacionais no Estado.

“Como governador, estou fazendo isso porque acredito no sucesso desta rota e engana-se quem pensa que estamos perdendo com essa medida, pelo contrário, com mais voos, nós vamos gerar empregos e movimentar o turismo da nossa região porque gente do mundo inteiro tem vontade de conhecer a nossa Amazônia”, enfatizou.

Além de Cameli e Popolizio participaram do encontro os senadores acreanos Marcio Bittar e Sérgio Petecão, o deputado federal Manuel Marcos, o governador de Rondônia, Marcos Rocha, o deputado federal amazonense Alberto Neto, o embaixador do Brasil no Peru, Rodrigo Baena, e demais autoridades peruanas.

Governador de Rondônia, Coronel Marcos Rocha, Néstor Popolizio, Ministro das Relações Exteriores do Peru, e o governador Gladson Cameli. (Fotos: Iraci Messias/Secom)

Facilidade nos processos de importação e exportação, e o Acre como nova porta de entrada para os produtos da Ásia

Cameli não admite que entraves burocráticos prejudiquem um promissor mercado que pode se estabelecer entre os dois países. A possibilidade de ampliar a exportação e importação com os países asiáticos, sobretudo a China, por meio dos portos peruanos foi outro tema abordado pelo governador durante o encontro com lideranças brasileiras e peruanas.

“Temos que acabar com todos os entraves que estão impedindo o nosso desenvolvimento e eu posso garantir que não medirei esforços para viabilizar essa relação comercial entre os dois países. Com a China, para se ter uma ideia, a carga vindo pelo Pacífico até o Peru e depois pela rodovia Interoceânica vai diminuir o tempo de viagem em 15 dias em relação aos portos do Sul e Sudeste do país. Queremos fortalecer esta rota porque além do Brasil, o Peru também ganha e é isso que desejamos”, completou.

O porto da cidade peruana de Matarani é visto como fundamental neste processo comercial. A megaestrutura localizada às margens do oceano Pacífico fica somente a 1,3 mil quilômetros da fronteira com Acre.

Além de ser o segundo maior porto do país vizinho, apenas 25% de sua capacidade estão sendo utilizadas e há um grande interesse do Peru em aumentar o fluxo de navios e mercadorias no local.

Para o ministro Popolizio, a união política de peruanos e brasileiros demonstra o quanto as duas nações estão empenhadas em selar acordos que beneficiem as transações comerciais e o próprio processo de integração transfronteiriço.

“Para nós, a relação com o Brasil é estratégica e com o Acre, Amazonas e Rondônia, essa relação torna-se privilegiada. Creio que podemos fazer muitos negócios, aumentar o turismo e firmar a cooperação entre os estados brasileiros e peruanos que nos permitam ter uma relação sustentável e equilibrada para que todos saiam ganhando neste importante processo que é um desejo mútuo entre os dois países. Temos um grande desafio e a intenção é que possamos enfrentá-lo, conjuntamente, por meio desta luta política”, observou.

“Queremos fortalecer esta rota porque além do Brasil, o Peru também ganha e é isso que desejamos”, disse Cameli durante a reunião. (Fotos: Iraci Messias/Secom)

O senador Marcio Bittar acredita que Brasil e Peru têm um grandioso futuro pela frente. O parlamentar defende uma série de acordos para que a relação entre os países seja efetivada, na prática.

“O meu sonho é que Brasil e Peru construam um acordo bilateral que estabeleça a relação de livre comércio, portanto, baixa carga tributária, eliminação de burocracia para que possamos intercambiar mercadorias produzidas nos dois países para que sejam vendidas para a China ou parte da costa norte-americana”, pontuou.