O casal de funcionários públicos Cássia Roberta da Silva Moura e Adomir Guanabara viveu momentos de apreensão nesta semana. Grávida de sete meses, Cássia sentiu os sinais de parto iminente e procurou o Hospital da Mulher e da Criança do Juruá (HMCJ), onde foi muito bem atendida. “Graças a Deus foi tudo bem, nada a reclamar. Foi rápido, já cheguei com sete centímetros de dilatação e como meu nenê estava sentado, eles tiveram que fazer a cesariana”, relatou.
Adomir, feliz com a chegada do segundo filho, Luiz Miguel (o casal já tem uma filha de sete anos), conta que o recém-nascido está na UTI neonatal e vai sair ainda hoje e fazer companhia à mãe, que por ter a pressão elevada deverá ter alta somente amanhã. Adomir conta que quando chegou com a mulher esperou um pouco e o atendimento que se seguiu superou suas expectativas.
“Eu não conhecia como estava a estrutura, e o atendimento foi uma surpresa boa. Na neonatal a gente pode ir no momento em que precisa e lá os funcionários têm todo um carinho. Já estamos aguardando nosso bebê, preparamos o enxoval, vou levar para a enfermeira na neonatal e trazê-lo para ficar com a mãe. Ele nasceu prematuro de sete meses, com um quilo e novecentos gramas, mas já está pegando o peito”, afirmou.
Assim é a vida no Hospital da Mulher e da Criança do Juruá. Por dia, segundo a gerente geral do HMCJ, Fabiana Gomes Ricardo, são feitos cerca de 350 atendimentos, a uma população que abrange, além dos cinco municípios do Vale do Juruá e de Tarauacá e Feijó, cidades amazonenses como Guajará, Ipixuna e Eirunepé. De janeiro a julho deste ano foram realizados 931 partos normais e 680 partos cesáreos.
Atende a todos
A gerente-geral do hospital, Fabiana Gomes Ricardo, afirma que ninguém sai dali sem atendimento por falta de equipamento, ao contrário do que foi divulgado recentemente na mídia. No centro cirúrgico estão sendo utilizadas duas salas e há dois leitos de assistência ao recém-nascido. Tanto as salas como os leitos são suficientes para atender a demanda, garante Fabiana.
Os leitos são equipados com monitores multiparâmetros, dois berços aquecidos, saídas de oxigênio, ar comprimido, vácuo, medicações de emergência, laringoscópio e outros equipamentos e insumos, além de haver um profissional técnico de enfermagem exclusivo para essa sala, sob a supervisão do enfermeiro assistencial. Ainda há um terceiro berço aquecido em manutenção, mas que não causa prejuízo da assistência ao recém-nascido. Já o centro obstétrico tem quatro salas de parto.
Ainda, quanto ao relato de que estaria havendo muitos casos de infecção hospitalar, Fabiana contesta. “Aqui temos um índice de 4,57% de infecções hospitalares, sendo que na Região Norte o índice de infecção para procedimentos obstétrico-ginecológicos é de 14%, lembrando que o Ministério da Saúde considera o índice de 15% aceitável. Assim mesmo estamos batalhando para reduzir ainda mais os casos de infecção”.
Outra denúncia foi a de que estaria ocorrendo um número excessivo de óbitos de fetos. Fabiana explica que em 2012 ocorreram 39 óbitos fetais e, desses, 29 chegaram à unidade sem batimentos cardiofetais. Neste ano ocorreram, até agora, 25 óbitos fetais, dos quais 17 já chegaram à unidade sem os batimentos.
Em todos os casos de óbitos foram adotados procedimentos administrativos para apurar os fatos e apontar possíveis responsabilidades. Inclusive, o Ministério Público do Estado (MPE) e o CRM também investigam os casos. Para a gerente, não é possível afirmar que os óbitos são resultados de dificuldades técnicas ou de responsabilidade humana. Ela lembra que são atendidos muitos municípios, inclusive amazonenses, o que contribui para aumentar estes dados estatísticos, tendo em vista que muitos casos resultam do fato de muitas futuras mães não terem feito o atendimento pré-natal, o que é obrigação da atenção básica, que é de responsabilidade dos municípios.
Grupo de Aleitamento Materno (Geama)
Um serviço que vem tendo aprovação pelos usuários é o Banco de Leite que conta com a assessoria do Grupo de Estímulo ao Aleitamento Materno (Geama). Recentemente foi implantada uma programação especial de atendimento às mães e bebês com parceria entre o Banco de Leite e os setores de pediatria e clínica-geral. O Banco de Leite dá orientações em relação ao aleitamento, à boa posição do bebê, se o ele está pegando corretamente no seio e o que é benéfico, entre outras.
Também é feita a coleta externa de leite para os bebês internados na maternidade, inclusive das mães internadas no Hospital do Juruá. Além disso, é realizado o atendimento às mães que têm dúvidas em relação ao aleitamento. Os bebês são acompanhados pelo Geama desde que recebem alta e faz apenas uma exigência às mães: o bebê tem que ser alimentado exclusivamente com o leite materno até os seis meses de idade.
A mamãe Sarah da Costa Souza levou seu bebê de dois meses, Lourenzo Gabriel, para o atendimento normal do Geama. Com o bebê saudável, Sarah elogia: “Estou muito feliz. Gosto muito do tratamento que dão aqui. Acho que é muito difícil encontrar acompanhamento desse nível e agradeço a todos”.