Índios fazem festa na inauguração de Escola Katukina, em Cruzeiro do Sul

Solenidade foi realizada no último domingo. Nova unidade escolar irá atender os alunos com ensino de 5ª à 8ª série e Ensino Médio

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Escola foi construída dentro dos padrões de ensino para receber os alunos indígenas (Foto: Onofre Brito/Secom)

O dia 19 de abril, quando se comemora o Dia do Índio, foi vivido em clima de festa pelo povo Katuquina da BR-364 com a inauguração da escola de Ensino Fundamental e Médio Yositi Shovo Tamãkãyã. Líderes Katuquina como Fernando, Orlando e o diretor da escola, Benjamim Sheré, foram unânimes em declarar que a escola era há muitos anos o grande sonho do povo. Os líderes também enalteceram o fato de que a Escola veio acompanhada da implantação do Ensino Médio na terra indígena, evitando assim que os índios tenham que se deslocar para alguma cidade próxima para continuar seus estudos.

Mais de uma centena de índios se deslocaram de suas aldeias para participar do momento solene. Vestidos da forma tradicional com vestes de palha de buriti e coqueiro, pintados com urucum e jenipapo, carregando lanças eles foram aparecendo. Defronte à escola, em plena BR-364, fizeram uma apresentação de dança tradicional, significando o congraçamento entre aldeias e depois receberam, alinhados dos dois lados do trapiche que dá acesso à escola, o vice-governador, César Messias, o assessor do Governo para Assuntos Indígenas, Francisco Pianko, Manuel Stebio, representando a Secretaria de Educação, Evilasio Santos do Ceflora, Isaac Pinhanta presidente da Organização dos Professores Indígenas do Acre, Luis Poyanawa, presidente da Organização dos Povos Indígenas do Vale do Juruá e líderes indígenas Katuquina.

Yositi Shovo, na língua Katukina, significa "casa de ensinar e aprender". Tamãkãyã é o nome indígena do saudoso professor Alberto, pessoa muito conceituada nas aldeias Katuquina. Ele foi assassinado em 2004. Fernando Katuquina, emocionado, disse que sua família agradecia o povo Katuquina o fato de seu irmão Tamãkãyã ter sido lembrado para nomear a escola. A escola tem cinco salas para atender 66 alunos das aldeias da região, tanto no ensino de 5ª à 8ª série do Ensino Fundamental, como também Ensino Médio.

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Inauguração da escola, no Dia do Índio, foi em clima de festa pelas lideranças da região (Foto: Onofre Brito/Secom)

Modelo discutido

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O nome da escola – Yositi Shovo Tamãkãyã, significa "Casa de ensinar e aprender" (Foto: Onofre Brito/Secom)

O vice-governador chamou a atenção que na implantação da Educação em terras indígenas o governo não pretende fazer um modelo e implantar. "O governo discute com os próprios índios, com os líderes, com os mais velhos a melhor maneira de implantar o ensino, de forma a valorizar a cultura e a língua tradicionais". Ele lembrou que o governo já entregou outras cinco escolas como esta em terras indígenas e tem mais cinco em construção.

O professor Manoel Stebio, que representou a secretária Maria Correia na solenidade, deu detalhes. A escola Katuquina é a primeira a ser entregue nesta nova fase que engloba um conjunto de seis escolas, isto pela maior facilidade de chegar até a aldeia com o material necessário. Em escolas, como a da terra indígena Mamoadate, o barco leva seis dias subindo o rio Iaco para chegar lá.

Stebio lembrou que a implantação do Ensino não se resume à construção da escola, mas também sua manutenção, o que remete à preparação dos recursos humanos. Ele lembrou que no caso do Ensino Médio, que é diferenciado, houve a necessidade de esforço extra com a contratação do professor Aldir Santos de Paula, da Universidade Federal de Alagoas, especialista em língua Pano, e ministrou as primeiras aulas do recém implantado Ensino Médio. Segundo ele, já na próxima semana virá um professor de Português para continuar o período letivo.

Francisco Pianko lembrou que a educação indígena hoje está ligada ao plano de desenvolvimento das comunidades, e do desenvolvimento sustentável. Disse que já em 2003 era discutido um projeto de escola para a Terra Katuquina, incluído no plano de mitigação dos impactos com o asfaltamento da BR-364. Pianko elogiou o povo Katuquina em sua postura, em como mantiveram suas tradições – mesmo com a estrada – e considerou a inauguração da escola como mais um passo para reforçar sua identidade.

Pianko ainda citou que nos últimos dez anos, houve grandes mudanças na relação entre o governo do Acre e o movimento indígena. Segundo ele, o movimento indígena hoje é feito no sentido do desenvolvimento das comunidades. "Vamos às aldeias, e trabalhamos sempre em parceria", disse.

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