Marinha quer renovar convênio com o governo do Acre
O Navio de Assistência Hospitalar (NASH) Dr. Montenegro saiu de Manaus no dia 7 de janeiro para mais uma missão de atendimento médico e odontológico na região do rio Juruá. Depois de fazer atendimentos nos municípios amazonenses de Carauari, Itamaraty, Eirunepé, Ipixuna e Guajará chegou a Cruzeiro do Sul no dia 30 de janeiro, por onde começou sua missão em território acreano.
De Cruzeiro do Sul o navio subiu a Porto Walter e Marechal Thaumaturgo atendendo comunidades ribeirinhas. Segundo informa o capitão de corveta, Vidal, comandante do navio, as dificuldades na subida neste ano foram menores: "O rio permitiu que a gente pudesse alcançar as localidades mais distantes. Desde 2006, o navio não se fazia presente em Marechal Thaumaturgo. Este ano nós conseguimos abarrancar em Thaumaturgo, fizemos atendimento por lancha até a foz do Breu, quase no limite do Brasil e pudemos atender localidades que no ano passado, devido ao rio estar mais baixo, não foi possível" – disse.
Segundo informações do comandante Vidal, no ano passado o navio atendeu cerca de 17 mil pessoas com 45 mil procedimentos. Neste ano os números já estão se aproximando da marca do ano passado. Até o dia 06 deste mês já foram atendidas 14.805 pessoas com 34.801 procedimentos médicos, odontológicos, pequenas cirurgias e vacinação. Foram atendidas 13 comunidades em Cruzeiro do Sul, 07 em Rodrigues Alves, 04 em MâncioLima, 14 em Porto Walter e 11 em Marechal Thaumaturgo e uma no município de Tarauacá. Já de volta a Cruzeiro do Sul, o navio está atendendo hoje na comunidade do Canela Fina e amanhã atenderá no Pentecostes.
Equipe reforçada
Segundo informação do comandante, a tripulação do navio é composta por 60 militares, incluindo aí a equipe médica formada por 05 médicos, 04 dentistas e um farmacêutico. O navio hospital conta também com o apoio da Secretaria Estadual de Saúde que forneceu três profissionais: uma técnica em malária, uma técnica em leishmaniose e uma técnica em vacinação.
Vidal conta que o navio Dr. Montenegro era do governo do Acre e no momento está cedido à Marinha do Brasil: "Há um convênio com a duração de dez anos. Já estamos no nono ano desse convênio e estão sendo realizadas reuniões para que a gente possa prorrogar esse contrato, aumentar a vigência desse contrato para que a gente possa continuar a realizar esse atendimento a cada ano" – disse.
Longe do lar
A Marinha tem no momento três navios hospitalares viajando pelos rios amazônicos. Além do NASH Dr. Montenegro existem o NASH Osvaldo Cruza e o NASH Carlos Chagas. As missões dos navios duram meses e a longa separação dos familiares causa preocupação para os comandantes. Vidal explica: "Nós vamos encerrar esta missão com 111 dias de afastamento de nossos lares. É uma preocupação muito grande do comandante do navio, dos oficiais, em verificar no dia a dia se as pessoas estão sendo afetadas por esta ausência. A gente normalmente conversa com as pessoas, procura realizar alguma confraternização a bordo, lembrar dos aniversariantes. Quando a gente nota que uma pessoa está mais triste, mais reservada, nós chamamos para uma conversa em particular, para tentar minimizar esta ausência. É notório isto. O navio se ausenta de Manaus uma média de 220 a 250 dias por ano. Mas também posso dizer que como já faz parte desta nossa missão as pessoas já estão mais acostumadas. As famílias, sim, sentem a ausência, as esposas, os filhos e isto a gente procura, no regresso, permitir que os militares fiquem um tempo maior dentro de suas casas, de maneira que possam compensar de alguma forma essa ausência".
Por outro lado, ele destaca a satisfação de levar atendimento médico a quem não tem acesso facilitado: "São pessoas que realmente precisam desse atendimento. As pessoas não têm, em alguns lugares, acesso garantido à saúde. Então, estar presente nessas localidades, poder levar um atendimento sério, de qualidade, pode fazer a diferença na vida dessas pessoas".
E por fim, Vidal lembra o papel fundamental da Marinha na integração da região amazônica, que quer aumentá-la, atuando também na região do Pantanal: "A Marinha já realiza este tipo de atendimento há cerca de 20 anos. Há uma preocupação em aumentar a presença na área da região amazônica. O fato de nós termos três navios hospitalares na Amazônia resulta no atendimento aos pólos habitacionais e comunidades isoladas. Agora temos a possibilidade de estender esse atendimento até a região do Pantanal, na área do 6º Distrito Naval, com um novo navio de assistência hospitalar" encerrou.