Na escola-abrigo, lições de vida

A merendeira Valdeilde Fernandes da Silva é voluntária, mas também vítima da enchente (Marinez Pontes/SEE)
A merendeira Valdeilde Fernandes da Silva é voluntária e também vítima da enchente (Marinez Pontes/SEE)

No último domingo o Rio Acre ultrapassou a cota histórica em Rio Branco, que era de 17,66 metros em 1997. Desde então não para de subir. O número de abrigos na cidade aumentou quase na mesma proporção. A Secretaria de Estado de Educação (SEE) já disponibilizou onze escolas para receber as famílias vítimas da maior enchente do estado.

Nesse momento, é possível extrair muitas lições de vida. Como na Escola Frei Thiago Maria Matiolli, no bairro Bahia Velha, onde, ao longo desta terça-feira, continuavam chegando pessoas em busca de acolhimento. “Eu moro no Bahia Nova e nunca tinha passado por uma situação desta. Lá em casa está tudo alagado”, lamentou Maria Odete da Cruz. A aposentada, que chegou ao abrigo com a neta, o genro e duas bisnetas aprende a lição: adaptação.

Muitos não acreditavam que o nível do rio subiria tanto e não conseguiram tirar objetos e móveis de casa. “Perdi tudo que eu tinha. Fiquei só com a roupa do corpo e as duas meninas”, falou Fernanda Maria da Silva. Com suas meninas de 1 e 2 anos de idade, tenta aprender a lição: resistência.

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Fernanda e duas filhas pequenas estão abrigadas na escola (Foto: Marinez Pontes/SEE )

As pessoas que chegam estão sendo alojadas em salas de aulas e pátios cobertos. Equipes voluntárias fazem a recepção e identificação dos itens pessoais, além de auxiliar na preparação do alimento. “Tivemos que organizar tudo, conversar com as merendeiras para poder atender às famílias”, explicou Ana Lúcia Sampaio. A diretora compartilha a lição: mobilização.

Outra lição vem da merendeira Valdeilde Fernandes da Silva, que preparava o almoço das 33 famílias que agora se adaptam a uma realidade temporária. Além de voluntária, dona Valdeilde conta que também é vítima da enchente. Na rua onde mora, no mesmo bairro da escola, a água também já invadiu sua casa. “A gente fica preocupada com as coisas em casa, mas não deixa de ajudar, de fazer a nossa parte,” disse, enquanto ensina a lição: solidariedade.

E assim, com aulas de adaptação, resistência, superação, mobilização e solidariedade, os acreanos seguem uma rotina alterada. Porque, afinal, uma boa escola deve ser assim: de compartilhamento, desafios e cooperação.

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