Elas são conhecidas e respeitadas na comunidade em que vivem. Uma mora na quadra 9 a outra, na quadra 23, setores diferentes dentro do conjunto habitacional social Cidade do Povo em Rio Branco.
Leia da Silva morava numa área de alagação na Baixada da Habitasa. Aos 39 anos é mãe solteira e há algum tempo cria os dois filhos sozinha, motivo de orgulho para a agente social da prefeitura. “Criei meus dois filhos vendendo produtos na feira do Mercado Elias Mansour, mas já trabalhei de empregada doméstica e diarista, lavei roupa para fora, fiz tudo que pude para garantir nosso sustento. Hoje as coisas estão melhores, mas já passei por tempos difíceis”, contou.
Além do emprego formal conseguido depois que passou a morar no empreendimento social, Leia é também a presidente do Setor 3, que contempla as quadras de 19 a 24. Uma liderança local, escolhida pelos vizinhos para representá-los.
“Qualquer problema ou reclamação os moradores me procuram, e eu vou atrás de solução junto às autoridades locais. Temos um grupo no whatsapp e estamos sempre discutindo as melhorias aqui para a área”.
Por falar em liderança, na quadra 9 uma jovem empreendedora, mãe, dona de casa, é conhecida por toda a vizinhança.
Gleicivânia Lopes, de 30 anos, ex-moradora do bairro Adalberto Aragão, viu no novo endereço, a Cidade do Povo, a oportunidade de montar o próprio negócio. Junto com o marido, abriu uma padaria, que atualmente emprega quatro pessoas.
“Sou eu quem gerencia o negócio. Procuro manter o estabelecimento com produtos variados para ter sempre um diferencial. Graças a Deus, nossa vida financeira melhorou muito desde que mudamos para cá. Se eu exercesse a mesma função como empregada, não teria a mesma renda que tenho hoje. Consigo manter meus empregados, pago as contas e tiro um bom lucro”, disse a comerciante.
O que as duas mulheres têm em comum? Ambas saíram de bairros localizados em área de risco, foram contempladas com uma unidade habitacional a custo zero pelo governo do Estado e viram na mudança uma oportunidade de serem protagonistas do próprio futuro.
Leia e Gleicivânia são economicamente independentes e fazem a diferença na comunidade em que vivem. São chefes de família, provedoras e líderes.
Elas também são prioridade na seleção do governo federal, para ser beneficiário de programas habitacionais.
“O segundo tópico dos critérios de priorização para receber uma casa do Programa Minha Casa, Minha Vida é ser mulher responsável pela unidade familiar e aqui no Acre nós procuramos atender rigorosamente essa exigência e por isso temos tantas mulheres protagonistas na Cidade do Povo”, disse a secretária de Estado de Habitação, Janaína Guedes.