A distância e a localização geográfica de alguns municípios acreanos dificultam a comunicações com a capital. Setores essenciais como segurança pública, educação e saúde são os mais prejudicados. Uma ação do governo, marcada pelo empenho pessoal do governador Tião Viana, permitiu o fim do isolamento de municípios no Estado do Acre ainda não contemplados com internet através do programa Floresta Digital.
Um planejamento estratégico da Segurança Pública do Estado, com olhar voltado para o setor de informação e inteligência, marca o fim de um ‘apagão digital’ e inicia a inclusão de municípios como Porto Walter, Jordão, Marechal Thaumaturgo, Santa Rosa do Purus, Brasileia, Assis Brasil, Sena Madureira, Manuel Urbano e Cruzeiro do Sul, no mesmo nível de tecnologia existente em Rio Branco.
A Divisão de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública (Sesp) conseguiu trazer para o Acre 33 antenas parabólicas modelo VSAT, de um total 1.033 adquiridas pelo Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam). A primeira antena foi instalada na última segunda-feira, 20, no Centro Integrado de Estudos e Pesquisas em Segurança Pública (Cieps). Entre os dias 23 e 25 foram instaladas as antenas em Brasileia e Assis Brasil. Nesta terça-feira, 28, equipes do Sipam e da Sesp se deslocam da capital para instalar as antenas de Sena Madureira e Manuel Urbano.
Entre os principais benefícios, está o acesso e a utilização do Sistema Integrado de Gestões Operacional (Sigo). Com o sistema, as informações da segurança pública são compartilhadas com o Ministério Público Estadual e o Judiciário.
O que é o projeto
O Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), vinculado à Casa Civil da Presidência da República, confirmou em janeiro deste ano a compra de um novo sistema de comunicação por satélite, composto por 1.033 terminais VSAT (Very Small Aperture Terminal) e duas HUBs (equipamentos centralizadores da rede/estação máster).
O investimento de R$ 9 milhões ajudará a revitalizar todo o parque de comunicação do órgão, que atende centenas de localidades remotas e isoladas da Amazônia Legal brasileira. Cada HUB custou R$ 2,5 milhões e os terminais VSAT foram comprados por valores que variam entre R$ 4 mil e R$ 12 mil reais.
A VSAT permite que localidades remotas e isoladas tenham acesso à internet, telefone e fax por satélite. O terminal é composto por equipamentos internos (IDU – Indoor Unit) e externos (antena parabólica; ODU – Outdoor Unit; e LNB – Low Noise Block). Os equipamentos recém-adquiridos oferecerão aos usuários (órgãos parceiros do Sipam) um serviço de comunicação baseado numa das tecnologias mais modernas disponível no mercado, pelo menos duas vezes mais rápido do que o oferecido atualmente. A principal mudança que será sentida será na velocidade de envio de arquivos de dados (upload), que poderá chegar a 1 megabit por segundo (Mb/s).
Segundo o diretor Técnico do Sipam, Cristiano da Cunha Duarte, os novos equipamentos oferecerão maior velocidade e confiabilidade aos usuários. “Será como mudar de um sistema de acesso por linha discada para um de banda larga, com alteração significativa na qualidade”, explica Cunha. O Sipam utilizará aceleradores de velocidade para que o tráfego de dados ocorra com o melhor desempenho possível, similar o que é oferecido hoje pelas operadoras comerciais de banda larga. O diretor também explica que alguns dos equipamentos que estão sendo comprados poderão suportar teleconferências e até mesmo estabelecer contato direto com outros terminais, sem a mediação da estação máster.
Boletins climáticos
Os novos equipamentos devem ser entregues ao Sipam ainda no primeiro semestre de 2010. Assim que as equipes estiverem treinadas, a partir de julho, devem iniciar as missões de campo para substituir os atuais terminais. A conclusão do processo de instalação pode levar até dois anos, pois a maior parte das antenas está em regiões de difícil acesso.
Entre as instituições que serão beneficiadas pela modernização do parque de telecomunicações do Sipam estão as Forças Armadas, Polícia Federal (PF), Funai, Funasa, Embrapa, Poder Judiciário, prefeituras municipais e vários órgãos vinculados aos governos estaduais e aos ministérios do Meio Ambiente, da Justiça e do Desenvolvimento e Reforma Agrária.
Cunha explica que a modernização do sistema de comunicação melhorará telemetria (mensuração e envio de informações) dos sensores (radares meteorológicos, detectores de raios e estações de superfície) aumentando ainda mais a qualidade dos boletins climáticos e das previsões do tempo repassadas à imprensa, Defesa Civil, instituições de ensino e pesquisa e à sociedade em geral. Além disso, oferecerá maior segurança às comunidades que vivem isoladas, às tribos indígenas, aos postos de fronteira (Receita Federal, Exército, Polícia Rodoviária Federal, PF, entre outros) e demais representações do Estado brasileiro.
Os 560 terminais que estão em uso foram adquiridos na década de 1990 e instalados a partir de 2002. O tempo de vida útil de boa parte do equipamento está próximo ao limite de utilização. Além do mais, com a evolução da tecnologia e o surgimento de novas necessidades a material esta se tornando obsoleto.