As mulheres encarceradas têm seus sonhos interrompidos por terem infringido a lei. Mas não se pode esquecer que, apesar das condições adversas, também elas anseiam por um novo recomeço. Para amenizar esses sofrimentos, o governo do Estado, por meio da secretarias de Estado de Saúde e de Segurança Pública, está oferecendo, no mês da mulher, atendimentos em saúde na ala feminina da unidade prisional Francisco de Oliveira Conde, em Rio Branco.
Os atendimentos foram realizados ao longo desta sexta, 22. A equipe do Programa Saúde Itinerante está realizando consultas de várias especialidades, como ginecologia, dermatologia, psiquiatria, clínica médica e atendimento em serviço social, além de exame preventivo de câncer do colo uterino, eletrocardiograma, ultrassonografia e exames laboratoriais. Foi montada uma estrutura com locais destinados a consultas, exames e uma pequena farmácia, para atender 163 mulheres.
De acordo com a gerente do Programa Saúde Itinerante, Celene Maia, essa ação ocorre todos os anos, a pedido da direção do Instituto de Administração Penitenciária (Iapen). “Estamos aqui com uma equipe de 10 profissionais, entre médicos, assistente social e enfermeiras, para atender as reeducandas que necessitarem de algum procedimento médico”, declarou.
Celene disse ainda que, caso seja detectado um problema de maior complexidade, a paciente será encaminhada para dar continuidade ao tratamento no Hospital das Clínicas ou na própria unidade.
Segundo a gerente de Reintegração Social em Saúde do Iapen, Madalena Ferreira, com essa atividade, Estado e cidadãos ganham. “Além de economizarmos em transportes e mobilização de agentes penitenciários para fazer a escolta, não causa interferência na vaga de quem está aguardando por atendimento lá fora”, explica.
Para muitas mulheres os sonhos não acabaram
Fábia Pereira, de 32 anos, está presa há mais de dois meses e comenta como foi parar na Unidade Prisional Francisco de Oliveira Conde: “Sou paulista e vim ao Acre a passeio, iludida com ofertas de dinheiro fácil. Comecei a traficar drogas, mas fui pega com 32 quilos de maconha”. Tenho cinco filhos que moram em São Paulo, estou há três meses sem vê-los e mantenho contato apenas por telefone. Apesar de todo o sofrimento, essas atividades nos distraíram bastante e fez com que tenhamos um pouco mais de esperança e vontade de mudar”, disse.
Jaqueline de Lima, de 22 anos, está presa há dois por tráfico de drogas e foi condenada a dez anos de prisão. Lembra que quando ficou doente teve que se deslocar a uma unidade de saúde para realizar uma consulta. “É muito constrangedor ir ao posto de saúde porque entramos lá algemadas e as pessoas olham pra gente com ar de rejeição. Esses atendimentos que estão ocorrendo aqui são muito bons, pois ficamos mais à-vontade com o médico e não temos vergonha de falar o que estamos sentindo”, relatou.