Mulheres imigrantes também vêm buscar oportunidades no Brasil

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Mulheres relatam suas histórias (Foto: Diego Gurgel/Secom)

A haitiana Julie Pierre Louis, 31, cabelereira, têm dois filhos que ficaram com o marido no Haiti. Ela foi para a República Dominicana, onde passou alguns meses trabalhando, até juntar dinheiro suficiente para vir ao Brasil, em viagem que durou 12 dias. Ao contrário da maioria, Julie foi quem veio primeiro e o marido ficou cuidando da família. “Decidi vir porque sou mais inteligente, sei como me virar. Depois de um ano trabalhando, quero poder trazer meus filhos e meu esposo também”, explicou Julie.

Já Maria Guzmón, 32, solteira, com formação em psicologia industrial, deixou pai, mãe e seis irmãos na República Dominicana para buscar uma vida melhor no Brasil. Ela viajou durante sete dias até chegar a Assis Brasil, muncípio acreano que faz fronteira com o Peru. “Quero trabalhar para poder ajudar minha família, sou psicóloga, mas vou trabalhar onde tiver emprego”, ressaltou.

A haitiana e a dominicana têm como destino Santa Catarina, onde pretendem trabalhar para mandar dinheiro para a família. O clima frio não é motivo de preocupação para as caribenhas. “Estou preparada, já tenho um casaco de frio, o importante é trabalhar”, garantiu Maria. Também Julie disse que não se preocupa com o clima, porque garante que vai se acostumar.

Uma das haitianas que acabaram de chegar ao novo abrigo, na Chácara Aliança, Geurlne Paul Joseph, 34, conta que deixou a filha de 14 anos com parentes no Haiti e veio para encontrar o marido que está trabalhando em Santa Catarina. Joseph pretende trabalhar como cozinheira ou na limpeza geral em empresas.

Extorsão e corrupção

Julie, Maria e Geurlne denunciam extorsão e corrupção da polícia peruana desde à chegada ao país. Todas relataram que foram obrigadas a deixar o pouco dinheiro que tinham para poder chegar ao Brasil. Além disso, o aliciamento dos coiotes se inicia em seus países de origem, Haiti e República Dominicana. Os criminosos financiam a viagem para o Brasil e, quando os imigrantes conseguem emprego, devem começar a pagar, enviando todos os meses dinheiro aos coiotes.

As imigrantes haitianas também contam que tentaram conseguir visto na Embaixada do Haiti, mas encontraram muitas dificuldades, pois, além de ser limitado, o prazo informado para obter o visto foi de 3 a 5 meses. Os haitianos que já estavam em outros países também não poderiam voltar ao Haiti para tirar o visto autorizado pelo Brasil.

Os dominicanos e demais nacionalidades não têm o visto humanitário, garantido aos haitianos, mas, segundo o secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos, Nilson Mourão, todos que procuram refúgio são atendidos e recebem o mesmo benefício de visto de trabalho, a diferença é que os refugiados levam mais tempo para serem aprovados.

As mulheres imigrantes são mães, filhas e esposas que fogem da pobreza e absoluta falta de estrutura de seus países. O Brasil é visto como a grande esperança de um futuro melhor. Os vistos de trabalho têm validade de cinco anos, podendo ser prorrogados por mais tempo, conforme carta de trabalho.

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