A coordenadora de Saúde da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SEPMulheres), Suzy Chalub, realizou as oficinas de Saúde e Direitos Humanos durante o domingo, 8, e a segunda-feira, 9, na comunidade Santa Luzia-Ramal 3 da BR-364, e nos municípios de Rodrigues Alves, Mâncio Lima e Cruzeiro do Sul. As oficinas fazem parte do projeto de Direitos Humanos da SEPMulheres.
Segundo Suzy, em cada lugar que chegava a participação das mulheres era total. Durante os dois dias, cerca de 200 mulheres receberam orientações sobre Direitos Sexuais e Reprodutivos com foco no Planejamento Familiar e sobre o Enfrentamento a Violência contra a Mulher. Alguns homens também participaram, mas não eram muitos. “As mulheres dessas comunidades um pouco mais isoladas são extremamente carentes de informação. Elas não têm conhecimento nenhum e é isso que estamos combatendo: a falta de informação”, disse a coordenadora.
Em Cruzeiro do Sul a coordenadora recebeu o apoio do Centros de Referência Vitória Régia e em Rodrigues Alves e Mâncio Lima, dos Centros de Referência de Assistência Socila (Cras).
Saúde da Mulher
De acordo com a coordenadora, muitas mulheres não se preocupam com a incidência de câncer de colo de útero. “É incrível como acham que não pode ocorrer com elas. E não é por falta de local para fazer o exame preventivo, é por falta de vontade, de informação, de cuidado. Outras não fazem por conta do marido que não deixa ou não dá dinheiro”, explicou Suzy.
Durante as oficinas as participantes tiveram noção de como é o aparelho reprodutor feminino e suas funções. De acordo com a coordenadora, os homens que estiveram presentes entenderam um pouco sobre suas esposas. “Expliquei que, biologicamente, a mulher é diferente do homem e por isso as necessidades são também diferentes. É aquela coisa de o homem chegar em casa e querer carinho e pronto. Para receber carinho tem que dar carinho”, enfatizou.
As mulheres conheceram ainda os métodos contraceptivos e como funcionam. “Para algumas tudo era novidade. Foi muito importante falar sobre isso com elas e mostrar como cada método funciona, mostrar como se faz um planejamento familiar e explicar, acima de tudo, a importância de ir ao médico”, falou Suzy.
Enfrentamento a Violência Contra a Mulher
Falar para as mulheres que moram distante sobre violência não é uma tarefa das mais fáceis. Esse tema chamou muito a atenção inclusive dos homens que participaram. “Expliquei que não existe apenas a violência física. Existe ainda a patrimonial, a psicológica que é a pior delas. Algumas se viram em situações que eu narrei. Chegaram a me falar que parecia que eu estava falando sobre a vida delas. Os homens que ouviram também ficaram atentos. Mostrei a todas e a todos que qualquer tipo de violência em casa ou fora dela acaba sendo exemplo para os filhos”, disse a coordenadora de Saúde da SEPMulheres.
Parteiras
Segundo a coordenadora, cerca de 20 parteiras participaram das oficinas. Todas com experiências maravilhosas, com histórias lindas a serem contadas. Mas uma chamou a atenção: dona Deusdite de Oliveira, de 60 anos, moradora do bairro São José, em Cruzeiro do Sul. “Quando ela chegou até a oficina trouxe algumas mulheres e todo mundo a cumprimentava ‘oi mãe Deusdite, oi mãe deusdite’. Perguntei quantos filhos ela tinha. Me respondeu que dela, quatro, mas os que ela pegou somam 354. Fiquei maravilhada. Imagina, 354 partos. É muita história para contar”, falou Suzy.
“As parteiras são mães, enfermeiras, médica, juízas de paz, conselheiras das comunidades onde moram. Elas têm uma autoridade, uma conhecimento, uma sabedoria imensa. E cuidam das mulheres antes, durante e depois do parto. É lindo de ver o envolvimento delas”, explicou a coordenadora.
Para Suzy as oficinas orientam de forma eficaz as mulheres. “Estaremos sempre com esse projeto. É muito bom ver que ao final de cada oficina elas saem um pouco mais empoderadas, com mais informação. Esse é o nosso papel: mostrar que existem opções, que existem direitos e que elas podem requerê-los em qualquer lugar, seja na cidade ou na floresta”, finalizou Suzy Chalub.